Ryan
Um longo suspiro de alívio me escapa ao perceber que ela saiu pela porta da cozinha, eu sei exatamente os motivos pelos quais não quero que ela se aproxime de mim, não quero que ela saiba nada sobre a minha vida; a minha vida não é muito bonita, não é um conto de fadas, eu não sou um príncipe encantado.
Ela é sombria e não quero que ninguém entre nessa escuridão junto a mim, porque dói, tudo o que eu passei do dia em que nasci até hoje me destrói e eu só desejo que um dia todo esse desespero e dor chegue ao fim.
Volto ao quarto depois de ter certeza de que não encontrarei ela no meio do caminho e me jogo na minha cama querendo dormir o máximo possível.
♫
O som irritante do meu celular tocando me acorda em uma manhã de quinta-feira, dia que posso dormir até o horário que eu quiser, na verdade, durante as férias, eu estou acordando tarde todos os dias.
— Alô? — digo ao atender demonstrando o meu mau humor.
— Filho?
De repente sinto um frio na barriga ao ouvir a voz dele, me sento na cama passando as mãos desesperadamente pelos cabelos me perguntando se devo desligar ou saber o que ele quer de mim.
— Não desligue, preciso falar com você.
— Não quero te ouvir. — Apesar de realmente não querer, algo me impede de desligar, talvez a saudade que sinto dele toda vez que vejo seu número piscar na tela do meu celular.
— Vai ser rápido. — Ouço ele dar um suspiro do outro lado da linha. — Só quero te visitar.
— Não — respondo automaticamente —, não, eu não quero te ver, não quero que me ligue mais e só quero que esqueça que eu existo.
— Ryan, por fav...
Encerro a ligação jogando o celular com força na cama, ouço o barulho dele caindo no chão e de alguma maneira não me importo se terei que gastar dinheiro consertando a tela ou até mesmo com um aparelho novo.
Me jogo na cama desejando voltar ao sono tranquilo que eu estava tendo, um que não tinha a muitas semanas, mas claro que agora será impossível.
Só não entendo os motivos dele para fazer isso, foi ele quem me abandonou, foi ele quem me culpou pela morte da minha mãe e me largou na porta de um orfanato, por que tenho que ficar aguentando ele pedindo para me ver e tentar ter alguma participação na minha vida quando, na realidade, meu pai nem se importou comigo em nenhum momento?
Jogo as cobertas para o lado me levantando e seguindo para o banheiro do apartamento, que espero estar vazio, porque Luke demora muito tempo arrumando o cabelo, até quando nem vai sair de casa.
Abro a porta me perguntando por que pensei somente na demora de arrumar o cabelo, a fecho rapidamente me desfazendo da visão dele tomando banho com o box aberto.
— Luke! Já falei pra trancar a porta quando estiver tomando banho.
— Qual seria a graça disso?
Rumo de volta para o meu quarto com o mau humor a oitavas escutando a risada alta dele atravessar a porta de madeira.
Por isso é difícil seguir em frente, quando penso que as coisas vão ficar melhores, que posso ter esperanças de seguir a minha vida sem interrupções desnecessárias e estressantes, ela me prova totalmente o contrário.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Livros, Música e Nova York - (Resilience Livro I) [DEGUSTAÇÃO]
Roman d'amourCharlotte de Luca, nasceu no Brasil, na grande cidade chamada Curitiba, mora em uma pequena casa com sua mãe, mas sonha em viver uma aventura em Nova York, estudar Jornalismo em uma das maiores universidades: a NYU. Mas não imagina que vai encontrar...