Promoção de Telquines

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Peter POV -

Descemos a rampa, que dava acesso aos aquários maiores. Quando abri a porta de metal da sala que dava acesso ao píer, litros de água invadiram o local, nos cobrindo até as coxas.

- Mas, o que...? - Lucas perguntou.

- Que merda... - Sussurrei, quando percebi que as paredes de vidro tinha se quebrado. - Andrew, é melhor colocar a máscara de mergulho de novo.

Andrew suspirou.

- Não tem como dar um jeitinho aí não? - Ele me perguntou.

Respirei fundo.

Imaginei toda a água que estava dentro do local se esvaindo dali. Indo para qualquer lugar, menos ali. Isso já facilitava muito nosso acesso à sala do meu pai e prejudicava muito os telquines, os quais eram monstros basicamente marinhos.

- Obrigado. - Ele disse, sempre bem educado.

- Não fez mais que a obrigação dele. - Lucas falou. - Cara, você consegue controlar quanta quantidade de água?

Lancei um olhar pra ele de "aquele não era o momento". O Lucas basicamente enxergava graça em tudo.

Ao conseguir, finalmente, acesso para o corredor da sala do meu pai, ouvimos barulhos de móveis e estrondos pelo local. Corremos.

Na sala do meu pai, ele lutava com 15 telquines. Eu imagino que ele já teria dado fim nos outros dois, porque aqui era o lugar mais óbvio pra todos os monstros estarem e, além disso, eu conhecia o pai que eu tinha: grande semideus do Olimpo, muito poderoso, embora não goste muito de correr perigo, mas um guerreiro bom e leal. O cara que recusou a imortalidade.

Para confirmar minhas palavras, ele exterminou o terceiro telquine e nos olhou.

- Já não era sem tempo você chegar! Dar conta de 17 telquines, tirar a água de todo local onde não deveria ter e me concentrar para uma pessoa conseguir respirar embaixo d'água, é muito difícil.

- Ah, qual é? Acho que segurar o céu ou sair do Tártaro, é bem mais difícil. - Respondi.

Ergui a espada.

- Lucas, fique pra trás. - Andrew disse, armando sua lança.

Observei a secretária do meu pai, caída no chão, sem reação. Sem saber o que fazer ou sem saber no que acreditar.

- Vocês dois, venham até aqui. - Andrew pediu com a maior delicadeza, me fazendo ter a vontade intensa de me aproximar dele. Chacoalhei a cabeça, tentando me lembrar que ele estava usando seus poderes de sedução de Afrodite.

Os dois foram imediatamente e outros dois começaram a se aproximar também, hipnotizados. Peguei os dois de trás e travei batalha. O primeiro foi pego de surpresa, com a lâmina cravada no peito. O mesmo virou em pó.

O segundo me atacou brutalmente, me levando até o chão e usando as garras pra me ferir.

Minha camisa rasgou, junto com um pouco do meu peito. Meu pai chutou o telquine com toda a força, fazendo com que ele saísse de cima de mim.

Andrew acertou o primeiro monstro que lutava com ele, sem muita dificuldade. Para um filho de Afrodite ele era bem habilidoso com a lança e batalhas. Para somar, sempre usava o charme em seu favor.

O segundo telquine, furioso, lançou a cadeira do meu pai nos ares, com o intuito de acertar Andrew. O mesmo se esquivou e meu senso de semideus alertou para socorrer a secretária. Porém, me surpreendi ao ver Lucas a empurrando para o lado.

Corri até eles, enquanto meu pai e Andrew continuavam travando batalhas.

- P-P-Peter, o que seu pai e você são? - A mulher, Penélope, gaguejou.

- Me desculpe. Não posso falar agora. Lucas, é melhor vocês dois saírem daqui. As coisas vão ficar cada vez mais perigosas. Proteja a sra. Penélope.

Lucas suspirou, como se quisesse continuar ali, mas obedeceu e saiu.

Assim que Lucas saiu pela porta, senti o chão tremer. Meu pai estava conjurando poderes de terremoto na sala, fazendo o chão todo quebrar e os telquines caírem.

Cortei a cabeça do segundo que atacava Andrew, o transformando em pó dourado.

- Mais um pra coleção de Hades. - Falei.

Os monstros começaram a levantar furiosos e, dessa vez, todos atacaram de uma só vez.

Meu pai abriu seu escudo-relógio e começou a gastar suas energias deferindo golpes. Um dos telquines acertou um arranhão em seu rosto, o que o deixou mais irritado.

Seis de uma vez atacavam meu pai. Andrew e eu tínhamos que dar nossos pulos com os outros seis.

Golpeei, defendi, ataquei, desviei. Às vezes puxava água lá de cima com meus poderes e atacava os monstros.

Porém, eu sempre acabava cercado e não estava nada fácil lutar contra eles.

O charme do Andrew já não estava mais funcionando com tanta facilidade e eles já estavam mais raivosos por ter perdido seus amigos.

Meu pai fez picadinho de um braço telquine e foi golpeado fortemente pelo de trás.

Ele caiu no chão, mas logo girou e levantou, para voltar à luta.

Se eu parasse de narrar a luta do meu pai e prestasse mais atenção na minha, eu não teria levado uma bofetada e caído no chão.

Segurei o braço do telquine pra não ver minha cabeça lançada fora e o cortei com a espada. Ele urrou e se afastou. Girei e deferi o golpe mortal em seu peito.

Andrew passou por mim, sendo arremessado por mais um inimigo.

Meu pai levou outro arranhão agora na coxa, caindo ajoelhado. Outro telquine avançou em cima dele com a garra destinada a fincar em seu peito mortalmente e ele usou seus poderes para congelar aquele monstro.

Por mais que meu pai soubesse mudar o estado da água, isso não era nada fácil de se fazer. Logo percebi seu semblante mudando para alguém esgotado.

Então, olhei para Andrew e vi que ele havia batido a testa no chão. Seus cabelos ruivos se misturavam com a cor do seu sangue.

Naquele momento, eu percebi que estávamos em uma desvantagem sem igual. Muitos golpes de uma vez, um local com o piso todo destruído, dificultando nosso andar, pouco espaço, onze telquines, um semideus lendário cansado, um neto de deus com rasgões no peito e um filho de Afrodite sem mais persuasão de charme.

E foi aí que minha cabeça começou a doer e tudo escureceu.






Percabeth: Peter Jackson e o LegadoOnde histórias criam vida. Descubra agora