Cicatrizes

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James e Lily, como já era de se esperar, não encontraram rastro algum sobre a relíquia da Grifinória. Regulus não se mostrou decepcionado ou frustrado ao ver o casal de mãos vazias vir de encontro consigo no exato momento em que a passagem para o escritório de Dumbledore fechou atrás de si, no fim das contas sua falsa tarefa serviu para ocupá-los pelo tempo necessário.

─── Não encontramos nada e os alunos também não viram...

James foi reduzindo sua voz conforme a confusão tomava sua face por ver Regulus carregando o Chapéu Seletor em uma das mãos.

─── O que...? Por que você...? ── foi incapaz de formular uma pergunta, pois nada vinha à sua mente que fizesse sentido carregar aquela coisa velha por aí. James fez uma pausa e cobriu a boca com o punho fechado, ainda mantendo o olhar confuso para o acessório. ── Isso por acaso não seria...

─── Não. ── Regulus interrompeu a pergunta lançando um revirar de olhos impaciente ── Pedi a relíquia da Grifinória e aquele velho senil entregou a porra do Chapéu Seletor.

─── Dumbledore deve ter tido um bom motivo. ── Lily tentou soar o mais otimista possível.

─── Desculpe não confiar na suposta genialidade de um velho idealista, o último em quem confiei acabou me levando a pular na merda de um lago e morrer afogado.

O casal tentou argumentar sobre haver uma enorme diferença entre Voldemort e Dumbledore, mas Regulus ficou completamente alheio ao debate quando seus olhos desviaram por um instante para o corredor atrás deles. Aquela sensação de nostalgia e familiaridade surgiu, mas não com aquele corredor em si e sim com o local onde ele iria dar. Era um instinto, algo gritava em sua mente para seguir por essa direção para encontrar um pouco de paz, que toda aquela merda que estava sendo sua vida nos últimos três dias faria algum sentido se seguisse por ali.

Black ignorou completamente os dois e seguiu pelo corredor, não se importou em ser seguido, mas também não se deu ao trabalho de explicar onde estava indo, até porque ele mesmo não fazia ideia. A memória afetiva o levou ao banheiro feminino no segundo andar e lá o trio parou de frente para o aglomerado de pias.

─── Tem algo aqui. ── Ele murmurou com as íris movimentando freneticamente de pia em pia.

─── Regulus somos adultos em um banheiro feminino da escola, eu sei que não tem tantos alunos essa semana, mas...

─── James, cale a boca. ── a resposta do garoto saiu indiferente, ainda analisava as pias até encontrar uma diferente de toda, a qual tinha a serpente gravada.

Ele não era ofidioglota, sequer tinha interesse em aprender essa língua, não teria perdido tempo estudando algo que nunca teria compreensão total. Contudo, mesmo tendo a certeza de que nunca estudou a língua das cobras, ele sussurrou um som sibilado encarando a torneira e a pia se moveu. Todas se moveram até a passagem abrir e Regulus simplesmente saltar para dentro sem nem pensar duas vezes. A partir daquele momento tudo se resumia a uma sensação forte de déjà vu que alimentava sua esperança em obter respostas. James e Lily também desceram, preocupados e ao mesmo tempo crentes de que Regulus sabia o que estava fazendo, assim foram seguindo calados – pois tinham cansado de perguntarem e serem ignorados – o bruxo pelo corredor até pararem em outra passagem fechada.

Arcturus deslizou os dedos pelas cobras esculpidas, recuou alguns passos e novamente fez um som sibilado que causou espanto nos Potter.

─── Não sabia que era ofidioglota. ── Lily comentou estupefata observando a passagem abrir.

─── Não sou, eu não faço ideia do que estou falando... ou fazendo. ── murmurou a última parte atravessando a passagem primeiro.

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