Epílogo

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Essa história foi feita dedicada a uma amiga muito querida, Persefata, que me inspirou a criar essa breve história. A todos que acompanharam até aqui, agradeço o carinho e a fidelidade de acompanhar cada capítulo mesmo eu maltratando um pouco no angst ❤️

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GRÉCIA, 1998

Em uma pequena ilha, havia apenas uma única – e majestosa – estrutura: um palácio mesclando traços de arquitetura clássica grega e romana. Tamanha era a construção, que se resumia a um complexo de prédios pequenos rodeando um palacete, como uma vila particular do casal visto naquele país como imperadores. Acima deles apenas os deuses. Os jardins eram paradisíacos, a biblioteca particular era uma verdadeira Biblioteca de Alexandria das artes ocultas, tendo predominância em livros, grimórios e pergaminhos que fariam bruxos moralistas ficarem de cabelos em pé. Havia uma constante movimentação de trouxas, bruxos e elfos domésticos, especialmente no pátio e nos corredores, todos sendo empregados que trabalhavam sorrindo e satisfeitos por terem o privilégio de servirem diretamente aos seus mestres. A ausência de muros permitia que todos pudessem aproveitar a vista da cidade de Atenas, que ficava a mais ou menos uma hora de barco da ilha. As wards daquela ilha impossibilitavam que qualquer um além dos donos pudesse chegar por outro meio além deste, salvo em raras exceções quando permitiam a vinda de convidados específicos pela rede de flu.

Na enorme varanda do quarto ostensivo, escorado na espreguiçadeira e aproveitando as últimas horas de sol daquele dia, Regulus lia o jornal. Era seu prazer pessoal acompanhar notícias como aquela na primeira página:

MACUSA DÁ INÍCIO AO PROCESSO DE ABOLIÇÃO DAS LEIS DE SIGILO

PRESIDENTE DIZ SE ESPELHAR EM SUCESSO NA GRÉCIA

E abaixo havia um parágrafo citando o longo e próspero mandato de Severus Snape como Ministro da Magia, sendo ele um dos maiores responsáveis pela progressiva abolição das leis de sigilo em toda a Europa, que separavam o mundo trouxa do mundo bruxo. Claro, não fez sozinho. O fato de Regulus ter usado suas ligações com a aristocracia bruxa para encher parlamentos e senados com bruxos que simpatizavam com os ideais dele e de Tom foi crucial para cada avanço com projeto de integração de crianças bruxas em escolas trouxas no período de alfabetização e o lento enraizamento da ideia de que bruxos existem para a nova geração trouxa que ainda tinha a mente moldável.

Era satisfatório ver todo o cansativo trabalho feito desde 1980 finalmente começar a render frutos, os garotos enfim atingiram a fase onde poderiam verdadeiramente descansar e observar o mundo engatinhar sozinho para a maior revolução da história das civilizações. Cada líder trouxa e bruxo alegava em suas entrevistas a mesma motivação para aderirem ao ousado projeto de fusão: O sucesso disso na Grécia, um país antes falido que, após um golpe de Estado arquitetado e feito por dois bruxos de apenas vinte anos, já se tornava uma referência em prosperidade social e econômica, mostrando uma convivência cada vez mais harmônica entre bruxos e trouxas.

Regulus continuaria lendo a matéria principal na página indicada na capa, mas teve seu jornal puxado repentinamente. Não tinha como não saber quem foi, seu corpo sentia aquela presença mesmo se estivesse a alguns metros de distância, pois a partir da noite de halloween em 1981 entendeu perfeitamente o que Tom queria dizer sobre o magnetismo em ser uma horcrux.

─── Isso acabou de chegar. ── Riddle entregou a carta com o lacre violado, "é claro que ele bisbilhotou primeiro", Regulus pensou sarcasticamente e entregou o cigarro para ficar com as duas mãos livres.

Tom tragava a fumaça mantendo os olhos fixos no marido enquanto este erguia cada vez mais as sobrancelhas conforme avançava a leitura. O conteúdo da carta era um pedido de Harry para fazer uma visita nas férias de verão, citando brevemente seu relacionamento com Ginny Weasley do qual tinha uma apaixonada e otimista sensação de que casariam após a formatura e o quanto desejava um dia apresentá-los a ela.

─── Weasley ── murmurou com um sutil tom de deboche acompanhado de um sorriso ladino enquanto jogava a carta sobre a espreguiçadeira ao lado ── Aparentemente é um traço hereditário essa fixação por ruivas pretensiosas.

─── Enquanto seu primo Draco tem mostrado que os Black possuem mesmo um traço oculto de causarem desgosto aos pais casando com mestiços e nascidos-trouxas. ── soltou a fumaça entre um sorriso sardônico ── Achei que iria vingar a relação dele com o Potter, mas coloco mais fé na relação atual com a Granger, gosto dela.

─── É claro que gosta, é uma sabe-tudo irritante como você. ── retrucou provocativamente.

respondeu ao seu comentário apagando o cigarro na espreguiçadeira, entre as pernas de Regulus, rente à costura central da calça de linho branca. Aproveitando a inclinação, repousou as duas mãos no quadril dele e o puxou contra seu corpo de uma vez. Soltando um suspiro encenado, lentamente curvou um dos cantos dos lábios.

─── Preciso fazer algo a respeito dessa língua afiada.

─── Pode tentar, mas sabe que nunca funciona.

Reggie rebateu ao mesmo tempo que aproximava para investir um beijo, este retribuído imediatamente por Tom ao levar uma das mãos ao rosto para mantê-lo tempo o suficiente para saborear sua boca o máximo possível, não havia pressa alguma em acabar, nenhum gesto mostrava qualquer urgência. Não precisavam se afobar, tinham todo o tempo do mundo agora.

Lentamente Tom foi conduzindo Regulus a repousar as costas no encosto reclinado do assento, mantendo uma das coxas pressionadas contra sua própria cintura, acariciando a região sobre o tecido da roupa, mas igualmente provocando arrepios em Black. Em nenhum momento os lábios separaram. Sentia os dedos longos e delicados mergulhando em seus fios ao subirem pela nuca, sustentando o hábito de bagunçá-los, já que Regulus insistia em dizer que sempre ficava melhor assim.

Riddle cessou o beijo devagar com curtos selares, mantendo as testas unidas. Seus olhos contemplavam os traços de Reggie e este também o olhava com esse mesmo fascínio, a mesma troca de olhares de uma década atrás quando perceberam estarem apaixonados, nunca mudou, nem mesmo os sorrisos apaixonados e abobalhados que jamais alguém acreditaria terem surgido naqueles rostos. As mãos foram repousadas no rosto do outro em posição idêntica, perfeitamente encaixadas sobre a mandíbula de forma que os polegares pudessem acariciar as bochechas suavemente.

─── Diga aquilo mais uma vez. ── fez o pedido sussurrado como um segredo que compartilhavam, do qual apenas Regulus podia saber da existência dessa necessidade de Tom em ouvir as palavras que somente Regulus poderia lhe falar sob a certeza de que eram sinceras.

Regulus deslizou a palma destra na bochecha de Riddle, um toque delicado e suave que mais ninguém experimentaria além dele.

─── Eu te amo ── sussurrou próximo aos lábios e Tom sorriu, expressando com um suspiro e um sorriso o quanto ouvir aquilo e sentir aquela carícia fazia seu mundo ter ordem, uma paz que nunca achou que sentiria em toda sua vida.

Regulus o amava tanto que viveria por ele, coisa que mais ninguém foi capaz de fazê-lo desde seu primeiro suspiro. Por isso, Tom Riddle não sentia hesitação ou dúvidas ao sussurrar de volta quantas vezes Regulus quisesse ouvir:

─── Eu te amo.

The ForgottenOnde histórias criam vida. Descubra agora