So this is Christmas

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O Natal costumava ser uma data comemorativa muito animada para os Marotos, mas aquele ano fugiu à regra. Sirius recebeu a notícia de que naquela manhã seus pais haviam sido vítimas de um assassinato brutal dentro da própria casa e Regulus estava desaparecido desde a noite anterior, aparentemente sumira poucas horas antes do amanhecer e os aurores só conseguiam considerar duas hipóteses: Regulus foi uma vítima ou o assassino.

Independente das divergências que tinham, Padfoot amava seu irmão e não conseguia acreditar que ele seria capaz de cometer uma atrocidade daquelas, mas com isso restava a grande possibilidade de estar morto.

Como era de se esperar, Sirius não estava lidando com isso da melhor forma possível.

─── Quantas vezes essa música já tocou?

Remus perguntou para James, que estava ao seu lado. Ambos observavam da passagem entre a sala e a cozinha a figura de um adulto de vinte anos – que parecia ter saído do álbum do Bowie – deitado em posição fetal no sofá chorando abraçado a uma garrafa de firewhisky cantando "Happy Xmas" de John Lennon mais alto do que o próprio toca-discos.

─── O bastante para eu cogitar quebrar esse disco na cabeça dele.

─── Se eu tiver que ouvir a voz do Lennon mais uma vez eu juro que vou até o hotel dele e darei um tiro no desgraçado. ── Remus resmungou e imediatamente levou um tapa de Lily no braço pelo teor maldoso. James riu do amigo por gemer de dor e acabou recebendo também um tapa doloroso no braço.

─── Ele perdeu a família, o que esperavam?

─── Não é como se ele fosse tão próximo da família. ── Prongs tentou justificar e Moony até concordou com a cabeça já recuando um dos ombros para desviar de qualquer outra agressão que viesse da amiga.

Como se aquele Natal não pudesse ficar mais melancólico, trovões anunciaram que uma tempestade estava começando. Sirius ergueu para ficar sentado no sofá, as pernas infantilmente cruzadas enquanto ainda mantinha o abraço carente na garrafa. Ele deu uma fungada demorada e virou o rosto inchado na direção dos amigos e do namorado.

─── Está chovendo! Sabem o que isso significa?

Por alguns segundos os três pensaram muito se deveriam responder, mas foi Lily quem tomou a iniciativa no fim das contas.

─── Que a umidade do ar ficará excelente?

─── Não. Sempre chove quando ocorre uma morte trágica, veja nos livros e nos filmes! É sempre assim! Meu irmãozinho está morto! Oh céus... ── e novamente caiu deitado no sofá, de bruços, da forma mais dramática possível.

Aquilo soava extremamente ridículo apesar das circunstâncias, afinal Sirius não falava com seu irmão desde que foi embora de Grimmauld Place – salvo os momentos em que discutiam e acabavam trocando socos nos cantos da escola pela divergência cada vez mais hostil que tinham – e constantemente reclamava sobre como Regulus tinha ficado ridiculamente obcecado em Voldemort, que não iria se surpreender quando recebesse a notícia de que havia morrido por consequência da vida que escolheu. Agora ali estava, chorando como um bebê por um irmão do qual sequer manteve contato depois da fuga e foi responsável por quebrar alguns dentes.

Lily decidiu tomar novamente a iniciativa, ela sabia melhor do que aqueles dois sobre amar um irmão que se esforçava muito para não ser amado. Assim, ela se encarregou de fazer companhia para Sirius enquanto os rapazes terminavam de preparar a mesa para jantarem.

O cheiro de cigarro causava náuseas à ruiva e ela naturalmente já detestava o cheiro da nicotina impregnando na mobília, agora tinha a desculpa perfeita para impedir que Padfoot acendesse aquela porcaria na sua casa, mesmo que ele ainda não soubesse disso. Assim que Sirius colocou o pequeno bastão na boca e acendeu o isqueiro, Lily tomou dos lábios dele o cigarro e fechou a tampa do isqueiro.

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