Capítulo 6

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Willy Wonka observou o pupilo explicando a importância da cachoeira. Segundo os planos daquela visita, um Oompa Loompa apareceria...

– Veja, papa! O que é aquele homenzinho? - A voz de Juanito ergueu-se pelo jardim.

...Naquele momento.

Wonka apreciou seu amado pupilo explicando o que era um Oompa Loompa e onde ficava a Oompalândia - “lugarzinho horrível”, pensou enquanto sentia um calafrio percorrer o corpo alto e o gosto das lagartas votando para sua boca.

– É fantástico! - Exclamou uma garotinha de cabelos cacheados e pele sardenta.

Ela era ruivinha e pequena, magrela e aparentemente fácil de quebrar. Willy caçou pelo fraque a lista de crianças, mas o papel parecia ter sido abduzido de seu corpo. Ele aproximou-se de Charlie, caminhando leve e silenciosamente, caçando um ponto onde poderia ficar oculto – o que nunca aconteceria, pois Willy não só é mais alto que o herdeiro, como a cartola flutuava por detrás e sobre a cabeça de Charlie.

– Quem é ela? - Sussurrou o chocolateiro.

– Katrina Vonsquer. - Charlie retrucou em voz baixa. - Violet. - Finalizou.

– Ah!

“Ah!” pensou Willy sem se dar conta de que havia mais do que pensado.

A garota tivera a reação mais anormal que Wonka presenciara, pois nem mesmo ele mostrou-se tão entusiasmado, quanto ela, quando conheceu as criaturinhas.

– O que eles sabem fazer? - A criança ruiva questionou quando viu que a criaturinha estava coletando algo do solo.

– De tudo um pouco e de nada um tudo. - Anunciou Willy.

– Depende de cada Oompa Loompa. - Charlie explicou. - Cada um fica destinado a algo.

– Mas, acima de tudo – Willy ergueu o indicador, falando com seriedade – são ótimos cantores e dançarinos.

E se tudo estivesse como o planejado (novamente), e pelos cálculos do chocolateiro, os Oompa Loompas começariam uma música animada e ensaiada naquele mesmo momento.

Não foi espanto algum, a Charlie e Willy, quando os visitantes se mostraram impressionados com a cantoria e dança dos Oompa Loompas. As criaturinhas eram ensaiadas e bem criativas, logo, todo mundo gostaria de vê-los em seu esplendor. Willy Wonka mesmo era um viciado, declarado, nas obras-primas dos Oompa Loompas.

Charlie balançou a cabeça junto com a melodia e Wonka apreciou a cena. Apreciou o cheiro adocicado e nada enjoativo de seu jardim, a atenção que os visitantes ofertavam aos Oompa Loompas, o impecável musical das criaturinhas e a maciez do solo comestível que pisava. Ele podia fechar os olhos e morrer naquele momento, penetrado com altas doses de orgulho e admiração. Ele podia perpetuar aquele momento em um quadro, filme ou livro, que não se cansaria de rever e reler e reescutar diariamente.

Willy Wonka podia...

Podia...

O chocolateiro abriu os olhos e correu a visão até o fundo do jardim, no perímetro esquerdo onde seus ouvidos captaram o quebrar de uma grama. Algo que não deveria estar ali, pois os visitantes estavam sob seu olhar.

Wonka fechou os olhos e permitiu-se escutar a respiração da fábrica. A música Oompa Loompistica continuava afinada, os visitantes continuavam pregados nas criaturinhas e Charlie mantinha-se cantarolando a música que aprendeu durante o último ensaio.

E ao fundo, longe dali, mas ainda no jardim, uma folha mexeu-se fora do ritmo da fábrica.

O chocolateiro ergueu as pálpebras e girou o corpo. Os olhos caçaram a anomalia. As pupilas castanhas caçaram o que estava fora de sintonia e tentaram enxergar além das árvores de alcaçus.

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