Capítulo 4

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“Hey Bucket, como vão as coisas?

Nem acreditei que vão deixar outras pessoas visitar a fábrica, principalmente depois de... bem, você sabe.

De qualquer forma, escrevo para enviar meus votos de boa sorte e que tudo dê certo.

Assinado: V.S.”

Willy enrugou a testa e encarou o pupilo.

- Aquela menininha te envia uma carta só para isto?

- Por que não? - Charlie questionou enquanto mordia uma torrada.

O relógio marcava duas da manhã e os dois, mesmo estando cansados, não conseguiam dormir. Passaram as duas semanas sobressalentes, debatendo sobre o caminho que fariam durante a visita e quais os perfis das crianças. Willy se mostrou um gênio da pesquisa e que poderia, facilmente, se tornar um psicólogo – ou psicopata. Ele explicou como fez para entender a cachola de cada criança da primeira visita, resumindo passo a passo de cada uma e como deveriam fazer com as novas.

Willy revirou o papel e tentou ler a carta de trás para frente. O envelope estava jogado sobre a mesa, ao lado de Charlie, que quase deitava sobre a madeira velha enquanto a torrada acabava.

- Charlie, ela no mínimo falaria que está com inveja da Beauregarde.

- Vai ver ela deixou algo no envelope. - Charlie zombou.

Wonka sorriu. Aquele sorriso prazeroso que só ele conseguia fazer e que tanto encantava quanto assustava.  

Charlie era um gênio. Pensou. Só ele para pensar em algo assim e, se uma pessoa pensou...

O herdeiro apertou os olhos. Willy não pensaria que alguém poderia usar o envelope como papel de carta.

Willy pegou o papel que jazia sobre a madeira e o abriu. O papel grosso não revelou nada, mas ele não desistiu tão facilmente. Separou as laterais, tomando cuidado para não rasgá-las, e foi presenteado com a descoberta de um papel colado ao outro.

- Voilà – Willy soltou com o francês perfeito.

Charlie não acreditou que alguém poderia brincar daquela forma.

- E o que diz?

- Tive tempo de ler? - Retrucou o chocolateiro.

Ele removeu o papel em branco, passando a ler o que estava no papel do envelope. Escrito a lápis, Veruca Salt passou uma informação que Charlie tremeu só de imaginar o que se passou na mente de Willy.

- Charlie, - Willy leu. - foi você ou sr. Wonka que descobriu esta parte da carta? Isto não importa muito. Andei conversando com a Violet, ela me disse que recebeu uma proposta quase irrecusável pelo bilhete, mas que resolveu dar para uma garotinha da rua dela. Só, tomem cuidado. Violet me disse que a pessoa parecia disposta a qualquer loucura pelo bilhete e, pelo jeito, para conhecer a fábrica. Se precisar, conte comigo.

Willy devolveu o evelope para a mesa e ficou em silêncio. Ele encarou o papel, relendo uma ou outra palavra e deixando Charlie ansioso. Mesmo que fosse apenas uma brincadeira, que Veruca não falou com Violet ou que a pessoa só tentou convencer a recordista a lhe vender ou dar o bilhete, era uma brincadeira muito perigosa.

Charlie não conseguia imaginar como Willy se sentia. Raramente o chocolateiro ficava tanto tempo parado, com os olhos e o rosto nulo de sentimentos, sem palavras para expressar sua raiva, tensão ou alegria.

Wonka se levantou. Tão subitamente que Charlie tremeu pelo susto que sentiu.

- Eu vou dormir.

Ϣ.Ϣ.

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