Capítulo 7

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A ala de criações de uma fábrica de chocolates é tão importante quanto o cérebro de um corpo. Ali, não só são planejados os primeiros pontos das fórmulas que serão utilizadas, como, também, é a ala onde nasce planejamento do que deseja criar, do que as pessoas querem comprar e de qual será a aparência da nova criação.

 Charlie utilizou de tais palavras para explicar o quão importante era aquela sala, mas a forma como ele gesticulou deu um agrado a mais aos visitantes.

 Willy observou o pupilo explicar, mas a mente vagou por todas as formas que teria para começar a enfiar medo nas crianças e livrar-se logo daquela visita. Inicialmente, o chocolateiro pensou em apresentar o sachê de comida instantânea, mas a ideia era tão absurdamente horripilante, que ele desistiu sem pensar muito. A fórmula dos pacotes estavam tão erradas, que na melhor das hipóteses a comida ficaria gigante extremamente rápido e jogaria o visitante, que colocasse a água, em alguma parede da fábrica.

 Eh, ele não podia arriscar um processo. Mesmo que o termo de auto responsabilidade ficasse fixo na parede de entrada da fábrica, aquela fórmula era aterrorizante até mesmo para Willy, que provavelmente ficaria se culpando pelo resto da vida.

 Wonka não sabia porque ainda insistia em criar alguma fórmula mágica para que os adultos carregassem uma refeição inteira e saudável em suas bolsas e carteiras. As criações sempre davam errado e o chiclete que Violet experimentou era apenas o começo dos problemas. Quando o chocolateiro abdicou do chiclete, pensou em criar algo mais simples e direto.

 Em sua cabeça, um simples sachê com um pozinho leve e que bastasse um pouco de água para virar uma bela sopa, era a ideia perfeita. Mas algo não foi bem triturado e o Oompa Loompa que colocou a água fora nocauteado por um pedaço de tomate gigante. Depois, quando a sopa ficou bem triturada – a mistura foi triturada durante um mês para chegar no ponto confiável – e colocar água não se tornou uma catapulta mortífera, Willy pediu para que um Oompa Loompa experimentasse.

 O chocolateiro odiava tomates e acreditava que aquela sopa estaria perfeita para o consumo, mas, obviamente, as coisas saíram erradas e o Oompa Loompa estava há três meses internado por culpa de uma intoxicação alimentar que lhe roubou vinte e um quilos de gordura nos dois primeiros dias.

 Teve um último teste, mas houve uma falha de trituração e por algum motivo, que nunca descobririam, um pedaço de tomate resolveu inchar dentro do Oompa Loompa que o experimentou. A pequena criatura ficou um bom tempo digerindo o legume.

 Tudo bem, a sopa estava fora de cogitação.

 – Alguém gosta de refrigerante? - Willy perguntou logo que Charlie parou sua tese sobre a importância daquela sala. Era o caminho mais fácil, não?

 Charlie não sentiu calafrios quando escutou Willy revelar-lhe o que estava para aprontar. Pelo contrário, saber que o chocolateiro faria algo tão simples quanto optar pelo mais óbvio, lhe deu um pouco de calma.

 Todas as crianças ergueram os bracinhos pequenos, gritando que gostavam de refrigerante e já embutindo a questão de quando iriam tomá-lo. Wonka bateu as mãos e sorriu:

 – Ótimo! Venham comigo.

 Os pelos de Charlie se arrepiaram no momento em que passou pela porta trancada da sala onde ficava os refrigerantes capazes de fazer alguém voar. Era um dos pontos mais frios da fábrica e, normalmente, quando Willy não começava a agir como sadismo; Willy deixava um casaco pendurado na porta do lugar. Entretanto o tutor parecia ter solicitado a retirada de todos os casacos que poderiam proteger os visitantes do frio. Os visitantes e os donos.

 – É uma sala bem fria, senhor Wonka. - Comentou algum adulto.

 – É sim. - Willy respondeu. - Sabem por que? Porque o gás fica calminho, caminho. Se eu aquecer esta sala, tudo voará por aqui e por ali. - O chocolateiro sorria enquanto explicava e gesticulava como se fosse o maestro de uma orquestra. - Agora, apenas um de vocês poderá experimentar a Delícia Voadora Wonka.

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