A noite de sono que Arthur tinha depois de transar era quando ele dormia melhor.Talvez fosse pelo fato de que pegava no sono exausto o suficiente para não acordar no meio da noite, talvez fosse pela química do seu cérebro, que ainda tinha resquícios dos seus orgasmos, talvez fosse por estar sendo abraçado tão calorosamente por alguém que ele amava.
Mas na hora que acordou, apesar de ainda ser preenchido de bom humor ao lembrar do que aconteceu na noite passada, sentiu a cama menos aconchegante do que quando pegou no sono. Estava sozinho.
Se sentiu um pouquinho deprimido por causa disso, uma vez que perdera o costume de acordar desacompanhado depois que começou a dividir o quarto com Cesar. Querendo ou não, eles quase sempre acordavam na mesma cama, seja porque Arthur acordou e foi até a cama do amigo ou vice versa. Eles tinham esse tipo de dinâmica.
Apesar de tudo, não ficou ressentido. Ele logo deduziu que o Jouki tinha ido falar com o moreno, e até agradeceu por não ter ido junto logo de cara. O ideal seria chegar quando tudo já estivesse esclarecido, assim ele não precisaria ficar com vergonha e ajudar a explicar as coisas.
Já eram cerca de nove e meia da manhã quando o Cervero deixou o hotel, passando pela recepcionista apenas para confirmar que o quarto havia sido desocupado, grato por ser uma senhorita agradável, e não a senhora exigente que burlou na madrugada. E então foi a caminho do apartamento.
Enquanto andava, apressado, ele já sonhava acordado em encontrar as duas pessoas amadas conversando, já reconciliadas, e quem sabe até ganhar alguns beijos e mimos junto deles. E por estar tão animado, nem se passou pela sua cabeça qualquer hipótese diferente daquela.
Afinal, Joui pareceu bem amoroso na noite anterior, falando coisas bonitas no seu ouvido enquanto pegavam no sono. Sim, Arthur tinha o pressentimento que as coisas finalmente dariam certo!
Depois de tantas tentativas falhas de envolver Joui nos flertes e chamegos, tudo o que ele queria era ver as cartas na mesa, confirmando que os três se gostavam mutuamente.
Quando atravessou a porta de entrada, dessa vez lembrando de trancar, ele pode ouvir uma conversa vindo do quarto no fim do corredor, e seu coração acelerou alegremente.
Andou sem fazer barulho até lá, com um sorriso animado no rosto, que se desmanchou assim que pode ouvir a primeira frase compreensível da conversa.
— E enquanto eu estava aqui, preocupado, o que você estava fazendo, Joui? — A voz do moreno soava forte e irritada, e só aquilo foi o suficiente para quebrar o coração frágil de Arthur.
Não podia ser que... eles estavam brigando?
— E-eu estava... transando com ele... — O tom de Joui era choroso, e parecia arrependido. E as coisas apenas pioraram para o já aflito Cervero.
Estavam brigando, e era sua culpa?!
Um silêncio se fez presente após a frase, e quando Arthur chegou perto da porta, já estava decidido a intervir na discussão, a voz de Cesar soou novamente. Dessa vez era evidente que estava feliz a respeito de algo, ainda que suas palavras fossem ríspidas. Não conseguiu entender a primeira frase, mas a segunda foi decisiva para contextualizar melhor as coisas para Arthur.
— Me conta, Joui, que tipo de safadeza vocês fizeram? Ele chupou você? — De repente o que pareceu um briga a princípio, começou a soar como dois bons amigos fofocando sobre seus namoricos. E então Arthur se apoiou atrás da porta para ouvir um pouco mais a conversa.
— Você chupou ele, não chupou? - A indagação risonha do moreno fez Arthur ficar em uma mistura de vergonha, pelo tom da conversa, e alívio, por perceber que não se tratava de uma briga no fim das contas.
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Entre Nós
ParanormalOnde Joui encontra Arthur e Kaiser se beijando e não consegue entender o motivo de gostar tanto daquilo. (Arte da capa é de minha autoria, me siga no twitter @affaireri para ver mais <3)