Meu amor temos de parar ou eu marcar-te-ei no meio de toda esta neve

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    A única coisa que me interessava de momento era a salvação do meu pai, enquanto caminhávamos lado a lado até ao salão de reuniões eu questionava-me se ele realmente acreditava em mim ou se só havia dito que sim para me calar. Afinal de contas ele era o alfa supremo, o lobo comandante de todas as alcateias, o cruel como muitas vezes o chamavam.

- Em que tanto pensas Aryanna?

- Nada senhor.

- Voltamos ao senhor? Já não te tinha dito que para ti era Mateus? _ diz virando-me para ele.

   Tinha medo de que alguém nos visse, porém, todos os lobos se encontravam reunidos no salão, apenas as crias estavam em casa e essas não se atreveriam a sair para o frio sem companhia.

- Sabes que vai ser difícil para mim, sem falar que ainda és casado, apesar de me dizeres que o laço de parceria elimina qualquer acordo anterior tu passas-te uma vida com ela, em anos humanos até várias.

     Ele estava tão perdido quanto eu, mas se as lendas fossem verdade, nunca conseguiríamos fugir deste laço, agora a nossa vida estava interligada, as tecedeiras de destino assim o ditaram.

- Aryanna eu sei que vai ser difícil e que não poderá ser feito da noite para o dia, mas tens de perceber que eu não amo Elianne, é verdade que estou casado com ela à seculos, mas não passa de um casamento arranjado pelo antigo supremo e o pai dela. _ diz e pegando-me nas mãos continua_ Eu sei que este laço está considerado por muitos uma maldição, mas para mim trata-se de alguma verdade e sentimento na minha vida vazia e desprovida de qualquer emoção.

    Eu já chorava com sua declaração, eu agora sabia o porquê de nunca ter querido casar, do porquê de me tornar das melhores guerreiras do exército, ao ponto do meu irmão possuir medo do meu poder conquistado. Era para isto, a minha loba quis esperar pelo seu companheiro e saber enfrentar as piores situações para o poder amparar e proteger. É neste momento de realização que eu o puxo para mim e de olhos nos olhos o beijo. Sinto a loba no meu interior em êxtase, paramos por falta de ar, mas rapidamente ele me puxa de novo para ele envolvendo-me com os seus braços, bem como os seus lábios.

- Meu amor temos de parar ou eu marcar-te-ei no meio de toda esta neve, e quero resolver primeiro toda a situação antes de te envolver no meio. _ diz afagando-me o cabelo.

Após toda esta confissão retomamos a nossa caminhada para o salão, enquanto eu lhe explicava todas as mudanças na alcateia desde a última vez que cá esteve. Há chegada do salão e com a grande porta dupla vermelha à minha frente as dúvidas retornavam e com elas o pânico.

- Aryanna não te preocupes, eu prometo que o irei ouvir atentamente. Nunca faria nada que te pudesse magoar.

    São as palavras dele que me dão algum alento, e é neste calor que ele me transmite que eu me concentro e abandonando qualquer medo, entro no salão ocupando o meu lugar de capitã. Mateus espera um pouco para entrar, permitindo-me a possibilidade de correr os olhos pelo salão observando atentamente cada conversa e feições.

- Tu devias estar presa! Tu criaste uma tremenda confusão que se podia ter virado contra mim e o pai, não tens vergonha? Espero que o supremo te tenha colocado no lugar.

     No momento em que era para responder ao meu irmão a porta reabre-se, mas por ela não passa Mateus, em vez disso entra o grande supremo, o cruel. Rapidamente o salão se silencia e retomam os seus lugares ordenadamente esperando uma ordem de que se poderão sentar.

- Sentem-se lobinhos, fico alegre por ver todos bem e reunidos. Como vocês já devem saber os meu guardas pessoais pereceram e eu vim investigar se foi falta de preparação ou pouca sorte, e no final designar novos guardas para a guarda pessoal. _ diz calmamente.

    Vejo todos engolir em seco, este homem não era quem eu havia falado, mas um ser que havia deixado a sua humanidade esquecida dando-se por inteiro ao lobo.

- Supremo se me permite, antes de começarmos este assunto claramente de extrema importância, pode informar-nos do que decidiu? _ pergunta Laurent ao meu lado.

- Decidi acerca de que assunto? Acredito que não estou a acompanhar... _ diz tentando controlar a raiva.

- Bem... em relação à falta de respeito que a fêmea Aryanna demonstrou a sua chegada. _ diz atropelando-se e para mim suicidando-se.

- Primeiramente, e isto é para todos, eu não vos dei a permissão para me questionarem ou interromperem, e segundo _ aproxima-se dele e pergunta _, por aquilo que percebi essa fêmea apesar de mais nova encontra-se no mesmo nível hierárquico que tu, portanto, perante tal falta de respeito que apresentaste, quem és tu para falar do dela?

- Supremo... _ começa.

- Shhhhh... se não percebes o que é uma pergunta retórica então é porque a tua capacidade cerebral não é muito grande, e, portanto, entende-se a tua falta de noção. _ vira-se de novo para todos _ mais alguma estupida questão ou posso retomar o meu monólogo? 

A capitã arqueira e o Alfa supremoOnde histórias criam vida. Descubra agora