Borboletas de antecipação e admiração

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POV_Ary

Mantenho-me sentada na pia a tentar organizar os meus pensamentos e emoções, porém, o pontapé na minha cabeça continua a enevoar a razão e sinceramente o calor que emanava da lareira não ajudava ao chamamento da minha racionalidade. Desço calmamente da pia e abro a torneira passando água no pescoço e na minha cara para ver se recobrava a razão e abandonava aquele ar de vulnerabilidade e de gato das botas.

- Ary, anda comer senão a comida fica de novo fria.

O cheirinho daquela lasanha que se entranhava no meu nariz criava-me água na boca, e saber que havia sido o Mateus a fazê-la dava-me uma certa tesão, afinal de contas macho que cozinha é para manter.

Conforme cheguei na cozinha e pus os meus olhos nele só conseguia pensar em atirar-me para cima dele e marcá-lo, este ímpeto foi tão forte que me senti assustada com os meus instintos. Sei pela mudança do seu olhar que ele se apercebeu do meu pensamento. Decido-me sentar sem grandes cerimónias na ponta da mesa oposta à que ele estava.

- Sabes tinha preparado toda uma refeição caprichada, no entanto, já tive de aquecer e vamos abandonar o vinho tinto. _ diz ele um pouco desapontado.

- Eu amo um bom vinho tinto, por mim podemos mantê-lo! (Querida, tens certeza, que queres isso? Confias assim tanto no teu autocontrole? hahhaha).

-Não podemos amor, a seguir tens de tomar medicação para as escoriações, e tenho certeza de que não nos faltarão oportunidades de bebermos um bom vinho na companhia um do outro. _ diz dando uma piscadela e servindo-me um sumo de laranja natural, que pelo cheiro ele havia acabado de fazer.

- Fica assim então combinado.

Começamos a comer e mantínhamos silêncio, acredito que nenhum dos dois estava propriamente disposto a quebrar, eu por temer abordar o tema do meu ataque e ele, acredito que queira esperar o meu tempo. Contudo, eu iria ter de abrir a boca e acredito que quanto mais cedo começar, mais cedo acabo.

- Bem... então... não sei bem como hei-de começar.

- Se for mais fácil para ti começa desde que eu deixei o salão.

Durante uma hora contei tudo o que havia acontecido, desde a discussão com meus irmãos ao meu encontro nada agradável com o beta supremo. Percebia a sua feição ir mudando ao longo da conversa, porém, só agora quando disse efetivamente quem foi, é que eu via ele a perder o controlo devido à raiva.

- Quem? _ pergunta só para confirmar.

Neste momento não sei se foi a melhor decisão contar-lhe, ao ver os seus olhos completamente transformados e a mesa a ceder com a força que ele exercia nela.

- Aryanna eu perguntei quem?

- Mateus por favor não faças nada impensado, por favor. _ disse correndo até ele.

Sei que de momento a escolha mais acertada seria correr para o mais longe dele, mas apesar de ele estar a perder a batalha entre o lobo e o humano, nada mais queria senão abraçá-lo, mas contento-me em apenas colocar a minha mão sobre a dele.

- Como não? Quem me garante que ele não faz esse tipo de teatrinho nas minhas costas há mais tempo sem eu descobrir? Eu vou matá-lo. _ diz a olhar nos meus olhos suficientemente perto para ouvir a sua respiração.

- Não sei, mas tens de ter calma, afinal ele é teu amigo e teu beta. E neste momento de nada valeria, só irias assustar o resto da alcateia se saísses neste estado.

- Amigo? Deixa-me rir. Aquele é uma cobra em pele de lobo. Amanhã ele vai ver, até já estou a imaginar.

- Amanhã? O que vais fazer?

- Então um beta supremo precisa de treinar, e querida tu vais arruiná-lo no campo de treino. _ diz com um sorriso de orelha a orelha que de momento parecia um pouco demoníaco devido aos seus caninos extremamente afiados da quase-transformação.

Quase que conseguia ver as engrenagens do seu cérebro a funcionar, como assim eu? Ele é o beta supremo, e disso significa poder e força! Como é que ele queria que eu o enfrentasse em pleno campo de treino?

- Estás doido! _ é a única coisa que consigo dizer perante tamanha idiotice e psicopatia.

Ele apenas emoldura a minha face com as suas mãos e me obriga a olhá-lo diretamente, e continua:

- Amor tu és a Luna Suprema, só contra mim é que ficas abaixo na balança do poder. Percebe que a partir do momento que te vi te tornaste na loba mais forte, capaz e poderosa de todas as alcateias, um beta supremo contra ti é mosquito. _ diz rindo da sua própria piada_ Sabes, poderia ser eu a dar-lhe uma lição, mas eu acredito na tua força, e sinceramente não há nada mais poético e sexy do que seres tu a encaminhá-lo para a enfermaria inconsciente... Agora minha lobinha senta-te e recupera as tuas forças porque amanhã será um novo dia.

Sinto que me devia assustar com o seu sorriso que de nada bom prometia, mas em vez disso apenas sentia as borboletas de antecipação e admiração em meu estomago.

A capitã arqueira e o Alfa supremoOnde histórias criam vida. Descubra agora