Forma lupina controlada

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     Após tomar banho e sentir as preocupações a descerem pelo ralo, voltei a lembrar-me de que precisava de sair e dirigir-me até a minha perdição, e desde então ando às voltas na minha sala. Quando me apercebo o quão infantil e imatura estava a ser, pego no casaco e antes que me arrependa abro a porta, estava à espera do vento frio e da neve, mas sou surpreendida por um murro no estomago que me faz contorcer ao ponto de sentir a neve nas minhas mãos.

- Isso rafeira mantém-te nessa posição! Entende uma coisa lá por seres uma capitãzinha e filha do alfa podes falar daquela maneira comigo?

     Sabia perfeitamente quem falava, sabia que não podia retaliar, sinceramente pela primeira vez na vida estava com medo. Mas se algo que o meu treino me ensinou é que nunca devemos demonstrar o nosso medo ao inimigo.

- Tu vais arrepender-te do que fizeste! _ digo de dentes cerrados e com as garras a furar-me a pele das mãos, só a dor me impediria de me transformar e atacá-lo.

- HAHAHAHAHAHA, isso com certeza é uma piada porque rafeira... é fraca ameaça. _ grita enquanto me dá um pontapé na cabeça.

     Sinto-me extremamente tonta, mas não posso defender-me pelo simples facto do nível hierárquico dele ser muito superior ao meu e ele poder alegar insurreição, o que em tempos como estes ou me fariam ser exilada ou perder a cabeça.

- Rafeira espero que tenhas entendido o recado, não te metas no meu caminho.

     Agarro-me há maçaneta da porta e faço força para me levantar, apenas quando consigo colocar-me de pé, e olho para a frente é que me apercebo que o beta supremo já tinha desaparecido. 

     Volto a entrar em casa e olho-me no espelho e percebendo-me que o corte na cabeça me renderia uns bons pontos, pondero onde ir, se for à enfermaria todos descobririam situação que o beta supremo pretende, pois causaria medo e reprimiria lobos de se defenderem com medo das represálias, a minha família consideraria uma ofensa a toda a família decido então ir para o meu destino inicial, sei que seria mau, mas nunca pior do que inflamar um ego magoado ou apoquentar a minha família.

     Demoro mais do que normalmente, sentia-me extremamente tonta e ainda tentava evitar que o sangue caísse na neve permitindo que os outros lobos sentissem o cheiro e adivinhassem o meu destino, quando chego bato na porta e ouço um "entre" do seu interior, abro a porta e rapidamente sou abraçada pelo calor emanado da lareira o que me traz um sono imenso.

- Já estava a achar que me ias deixar pendurado, entra estou na cozinha a retirar a lasanha do forno. _ grita Mateus da cozinha.

     Eu queria ir ter com ele, mas sentia que mesmo que desse apenas um passo desmaiaria.

- Aryanna?

-Estou na porta, preciso da tua ajuda...

     Ouço o exato momento em que ele pousa a lasanha na mesa e vejo o segundo em que os seus olhos pousam na minha ferida e se tornam vermelhos, um leve rosnado sai dos seus lábios, mas mesmo assim se controla e consegue falar:

-Aryanna quem fez isto contigo? _ dizia tentando manter a sua forma lupina controlada.

     Agora vendo o estado dele não sei se não teria sido melhor ter-me aventurado sozinha com uma agulha e o meu espelho em casa.

- Amor, por favor diz-me quem fez isto contigo! _ diz enquanto emoldura a minha face com as mãos e se aproxima mais para ver a minha ferida.

- Não te preocupes com isso Mateus, eu só preciso que me ajudes a dar uns pontos na ferida.

- Como não me preocupo? A minha companheira acaba de entrar a cambalear e a sangrar em casa.

- Fazemos assim, ajudas-me e depois durante o jantar conto-te tudo.

     Ele não diz nada, apenas acena com a cabeça e pega-me ao colo levando-me para a casa de banho, senta-me na pia e vai buscar o material para suturar. Durante uma hora não disse nada apenas se manteve concentrado para não me magoar, quando feito ele pega-me na anca para me ajudar a descer, sinto uma dor fulminante e não consigo conter o arquejo de dor.

- E ainda dizes para não me preocupar! Posso ver? _ pergunta antes de levantar um bocado a minha camisola de forma a se ver o hematoma.

- Mateus, eu estou bem! Vamos comer para recuperarmos força e falarmos?

     Ele não me responde mas encaminha-se para a cozinha e volta a aquecer a lasanha, percebo que ele está mesmo perturbado e sei que o que tenho para lhe dizer o vai deixar pior, mas também sei que nunca lhe poderia mentir, pois além de ser meu alfa supremo, ele é meu companheiro de alma.

A capitã arqueira e o Alfa supremoOnde histórias criam vida. Descubra agora