Sinopse

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Nia Jafari

No fundo, somos apenas meros protótipos da sociedade e da família. Ao redor de toda nossa educação existe sempre uma grande expectativa e investimento a espera de rápidos retornos. Comigo não é diferente.

Niara Zulai Carvalho Jafari angolana, filha de mãe Caboverdiana e pai angolano. Todo mundo na verdade chama-me Nia. Meu pai  José Jafari e minha mãe Jamelia Carvalho Jafari conheceram-se e são casados há 27 anos, conheceram-se aqui em Angola, minha mãe e sua família, meus avós e tios no caso, Vieram para cá quando ela tinha apenas 5 anos, por motivos económicos. E conheceram-se e casaram-se e tiveram 3 filhos. Minha irmã mais velha Mayra, eu e meu irmão Jariffe o cassule.

Minha irmã sempre foi muito dedicada aos estudos e com toda a sua inteligência conseguiu um lugar de destaque na escola onde fez o ensino médio e assim ganhou uma bolsa externa para Portugal, actualmente vive lá, fazendo o mestrado e trabalhando já como médica dentária. É um verdadeiro orgulho para os meus pais e toda família. Meus pais planejaram tudo por ela, o que deveria cursar no ensino médio, como chegaria ao ensino superior. Tintin por Tintin. Pais que não tiveram muito, geralmente buscam dar aos seus filhos o melhor, e para filhos de famílias pobres nada melhor que a formação! Sapiência e Rigor são o lema aqui em casa.
E eu não fiquei de Fora! Ganhei uma bolsa interna, num dos melhores colégios da cidade, em parte graças as minha nota no exame e outra parte graças amigo de infância do meu pai que é diretor do mesmo colégio, obviamente deu-se melhor que o meu pai. Mas a bolsa é sustentada pelas minhas notas, voltando assim, todo mérito à mim.

Assim, eu precisava estudar muito mais do que a maioria dos meus colegas ricos e saber separar as águas, estar num colégio de gente rica e estar consciencializada de que eu não era como eles. Tudo isso me levaria futuramente a concorrer para uma bolsa para o exterior, logo deve ser visível quão sério eu levava os estudos. Meu pai tinha tudo isso bem estruturado, era o guião da minha vida escrito por ele, eu não podia reclamar, eu queria de certa forma aquilo, tanto quanto meu pai. O problema estava apenas na rigorosidade que o meu pai levava esse plano e em suma, a vida. Meu pai é o homem mais rigoroso que conhecia,  em casa só dançávamos a sua música, azarado era quem tentava trocar o disco, tinha que lhe dar com as terríveis consequências, por isso quase nunca nos atreviamos.
Minha mãe era o oposto do meu pai, era doce e calma, era a nossa paz e refúgio diante da dureza do papa.
Era a voz que amaciava o coração bravo do Sr. José.  Porém, nem sempre conseguia ela se opor aos ideais do meu pai e nos defender, as vezes calava e deixava tudo acontecer segundo a vontade de José.

Então a vida ia neste ritmo e a nossa casa no centro da cidade de Luanda seguia debaixo de uma pequena ditatoria suportável.

27/10/2021

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