Eu não sei bem o que dizer agora, eu sinceramente estou confusa com tudo. Quando eu falo tudo parece ser tanta coisa. Mas são só meus pensamentos em caos tentando de maneira falha se organizarem, mas parece que quanto mais tentam, mais caos aparece. Então o que se passa na minha cabeça reflete no resto da minha vida. Sabe, eu tinha uma rotina, eu arrumava tudo. Mas parece que simplesmente não consigo mais, parece que a bagunça já é parte da rotina, não era pra ser assim. Em que momento tudo se perdeu e eu não vi, como isso aconteceu? Eu tento manter o controle de tudo mas parece que quanto mais eu tento, tudo desanda mais ainda.
Eu tento seguir os conselhos que me dão. Eu juro que tento. Ouço a música calma e me cerco de pessoas boas que me deixam feliz. Tento não levar tudo tão a sério. Mas é difícil e se torna mais difícil ainda quando existem pessoas me cobrando isso pra ontem como se eu conseguisse me controlar.
Eu sei que parece que eu estou me vitimando, e eu me cobro também pra demonstrar que está tudo bem e que eu não estou no buraco fundo que eu continuo cavando, me desculpa se eu tô triste e não sei o que fazer, se eu não consigo fazer.
A depressão me afunda no buraco, a ansiedade cava e o pânico me desespera com a profundidade. A depressão não me deixa sair da cama, a ansiedade me cobra pra fazer alguma coisa que eu não consigo fazer e me culpa por isso e o pânico me deixa em crise. Eu sigo nesse ciclo doloroso sem conseguir sair de jeito nenhum. Eu quero, eu preciso de ajuda. Mas eu não quero incomodar, eu não quero acordar quem trabalha amanhã cedo, eu não quero chamar quem está longe e eu não quero que aquela pessoa pense que eu sou louca.
Eu não sei o que fazer e eu tô tentando pedir ajuda, mas acho que eu não consigo ir sozinha e o pior é que eu não consigo falar pra ninguém tudo o que se passa porque nem eu mesma sei. Eu me encho de remédios quase todos os dias e continuo surtando quase todos os dias. Há anos.
Eu já aprendi a lidar com as crises sem tentar nada errado. Mas eu quero fazer o nó na corda, eu quero tomar a cartela toda de remédios, eu quero me atirar daquela altura ou me enfiar embaixo daquela carreta. Mas eu ainda tenho medo. Eu não sei o que fazer e continuo me afundando. E ainda dói, tenho medo de doer tanto, de me acostumar com a dor, de amortecer e não sentir mais nada. Eu tenho medo.