Prólogo

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Era um absurdo. Só poderia ser.
O universo estava brincando de tomar as piores decisões possíveis quando fez a lista com o quadro de professores. 

Eu já estava confiante de que conseguiria terminar a faculdade sem ter aula com ele. O mais odiado, egocêntrico, arrogante e impiedoso professor de Direito Penal, Rennan Menezes.

Sério, agora que só faltava um ano, dois períodos para eu finalmente poder ser a advogada que sempre sonhei, o professor Noah tinha que se aposentar?
 
Nos últimos quatro anos em que estive na UERJ, tinha dois objetivos principais: Me formar como a melhor da turma e nunca ter aula com Rennan Menezes.

O professor era um poço de arrogância, frio como uma geleira e não tinha uma gota sequer de empatia no sangue. 
Ainda assim era considerado o melhor professor da Universidade. 
Meu problema com ele, no fundo, não era tanto o professor.

Meu problema tinha nome e sobrenome: Gabriel Salles

O Assistente do professor. Eu o odiava. 

Simplesmente porque o cara se achava a última Coca-Cola no deserto. 
Desde a primeira palestra dele em que estive quando ainda era caloura, o odiei. 

O homem não parava de repetir que seria o professor mais novo da Universidade, esfregando todas as suas conquistas na cara de jovens calouros, como se nunca fôssemos chegar aos seus pés.

-Que sorte! Pegamos o Rennan em Direito Penal! - Ana, minha melhor amiga, dava gritinhos empolgados do meu lado.

-Sorte pra quem, Ana? Você sabe que ele é horrível. - Eu rebato. - E o assistente dele é ainda mais horrível. 

-Horrível como assistente, um colírio para os olhos. - a menina suspirou. - Sério Sarah, sua implicância com ele não tem o menor sentido. 

-Não tem? O cara se acha um ser superior só porque TALVEZ seja professor universitário antes dos trinta e eu é que não faço sentido? - eu bufei.

-Mas amiga, se você parar pra pensar, tirando todo o ranço que você já criou dele, ser professor com a idade que ele tem, é sim uma grande coisa. 

-Você está do lado de quem, Ana? - revirei os olhos.

-Estou do lado da justiça. É literalmente para isso que estudamos. - A baixinha gargalhou antes de sair andando na minha frente.

-Ri mesmo, Ana! Você é uma péssima amiga! Meu último ano acabou de virar um inferno, e é assim que você me apoia? 

-Para de drama, Sarah. Vamos logo pra aula, antes que não tenha mais nenhuma cadeira no centro da sala. 

Me arrastei atrás dela, ainda resmungando baixinho pelo caminho. Ana continuava a rir e Luís se juntou a ela, assim que chegamos na sala. 

-Sarah, supera esse ódio! É a melhor coisa a fazer por si mesma. Aceita que o professor é um arraso! - Luís dizia, no exato momento em que o professor entrou na sala. 

-Bom dia, turma! Espero que todos tenham tido ótimas férias. Agora vocês
precisam de mentes tranquilas e focadas, pois é o momento de decidir suas carreiras daqui pra frente - ele caminhava de um lado para o outro na sala - Usem todo o seu tempo na universidade para tirar dúvidas com seus professores e pedir auxílio. 

-Mesmo que alguns de vocês achem que já sabem mais do que todos aqui. - Gabriel tinha que completar. É claro, olhando diretamente para mim com aquele sorriso debochado, enquanto a turma se derretia em risada, com a sua piada idiota.

Aquele sem dúvidas seria um ano infernal.

I Hate You, But I Want You.Onde histórias criam vida. Descubra agora