Capítulo 08 - Aquele sorriso...

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POV Rosamaria

Gabi gargalhava e eu olhava pra ela com cara de brava.

-- Você, Rebeka e Bruninho num almoço foi a melhor história que ouvi essa semana! Só você mesmo Rosa! Esse tipo de coisa sempre acontece com você kkkkkk Você é muito azarada mulher!

-- Para Gabi! Foi horrível! - Pensando bem sobre o assunto, foi horrível apenas para mim, porque pra eles dois pareceu ter sido um almoço bem agradável... eles até se seguiram no Instagram depois!

-- E a Rebeka hen? Me surpreendeu! Ela sempre te pressionava pra vocês terem algo mais sério. E agora te liberou pra ficar com outra?

-- Ela não me liberou pra ficar com outra. Ela disse que ia me dar um tempo pra superar meu passado.

-- Seu passado tem nome e sobrenome: Carol Gattaz. E se ela conhecesse a véia não ia dar esse mole todo não kkkkkkkkk - Mais uma vez Gabi gargalhava no avião chamando a atenção dos outros passagueiros. Eu fiz cara de brava pra ela, mas no fundo pensei a mesma coisa, se a Rebeka conhecesse a Gattaz, ela não ia ter me dito aquilo tão confiante. 

-- Vai te lascar Gabi! Gattaz é apenas isso: passado. Meu foco agora é no futuro! - Falei de forma confiante pra ver se a Gabi parava, mas pelo sorriso que apareceu no rosto dela, percebi que não tinha adiantado nada.

-- Tem certeza? Se ela te pegar de jeito você vai resistir? kkkk - Gabi disse me encarando como quem me desafiava a responder.

-- Ela passou a semana me passando cantadas e eu não dei mole.

-- Por telefone né amiga? kkkkkkk

-- Se eu não resistisse, por que teria pedido pra dividir o quarto com ela? - Pra falar a verdade, nem eu sabia o por quê de ter pedido isso, na hora me pareceu uma boa ideia, já que eu não queria ficar de vela no quarto na Sheilla e da Gabi, e nem atrapalhar seja lá o que estivesse acontecendo entre a Betinha e a Nati... Depois pensei em todos os momentos turbulentos que vivi e a Carol sempre me apoiou, aquele sorriso lindo dela me fazia sentir uma paz... e era disso que eu tava precisando.

-- Porque já não basta ser azarada, você ainda gosta de se meter em confusão kkkkk O que eu sei é que a Gattaz tá na pista...

-- Na pista? Você conhece ela... solteira sim, sozinha nunca! Quando eu terminei com ela, não deu um mês ela já tava com a Ari...

-- Terminou? Mas Rosa, vocês nem começaram kkkk Tá esquecida que bateu o gay panic?

-- Não foi gay panic! -- Assim que terminei a frase a voz do piloto ressoou no avião.

"Atenção, senhores passageiros, apertem os cintos, e atentem para os procedimentos de aterrissagem"

Gabi começou a se ajeitar na poltrona. Eu não gostava quando reduziam o meu "não" pra Carol como um gay panic. Eu apenas não quis ser mais um trófeu na estante dela, que vamos combinar, já era bem grande naquela época. Ela nunca tinha algo sério com ninguém, e quando começava a ter alguma coisa, não permanecia fiel por muito tempo, ela gostava demais de curtir a vida pra ficar presa a apenas uma pessoa. Quando percebi que ela queria algo sério comigo, eu entrei em pânico. Eu gostava tanto dela, eu queria ficar com ela, mas se ela me machucasse... aí seria o fim, nem amiga dela eu ia conseguir ser, e nossa amizade valia muito pra mim. Achei melhor não arriscar.

Após o pouso do avião, eu e Gabi pegamos as nossas malas e saímos da área de desembarque. Percebi a Gabi distraída no celular e me aproximei pra ver que ela conversava com a Isabelle Haak. Agora era a minha vez de brincar com ela...

-- Gabi... Gabi... do jeito que a Sheilla é ciumenta. Se ela pega essas mensagens, ela joga teu celular na parede.

-- Ela tem que começar a confiar em mim. A Isabelle é minha amiga e foi me levar no aeroporto, qual o problema? Pra mim já deu, quando chegar em Saquarema vou ter uma conversa séria com ela.

O tom de voz sério dela me surpreendeu, era até engraçado vê-la assim.

-- Você Gabi? Conversa séria com a Sheilla? Tu só falta fazer au au quando vê ela. Eu não vou dizer é mais nada...

-- É melhor mesmo! Cuida da tua véia, que eu cuido da minha...

-- Aí Gabi! Vai tomar no cu! Eu vou comprar um café ali, você quer?

-- Essa hora da madrugada? Se eu beber café eu não durmo mais hoje, e nós fomos dispensadas do treino da manhã, mas a tarde já tem musculação pra fazer. - Gabi podia ser a mais brincalhona de todas, mas era muito comprometida com os treinos. Mas ela zuou da minha cara a viagem inteira, agora era minha vez de zuar com ela.

-- Tem certeza? Café é bom pra te dar energia quando a gente chegar em Saquarema... você vai precisar pra "conversa" que você vai ter com a Sheilla.

-- Ahhh, então é por isso que você vai beber café? Pra ter energia pra dá conta da Gattaz quando chegar lá? - É... não tinha jeito, eu tentava zuar com ela, mas ela sempre virava o jogo contra mim....

-- Isso é hora de velha tá na cama dormindo. - Melhor mudar de assunto, antes que a Gabi venha com outra dessas -  Eu vou pegar o café. Posso colocar minhas malas no seu carrinho? Vai ser ruim empurrar isso com o café na mão... - Fiz cara de pidona pra tentar sensibilizá-la.

-- Mas é folgada mesmo né? Tá bom! Bota suas malas aqui! Eu vou indo pra saída e te encontro lá. ok?

Gabi foi em direção a saída e eu fui numa cafeteria próxima. Pedi um café expresso e enquanto esperava resolvi abrir o Instagram pra passar o tempo. Péssima ideia... assim que abri o app vi uma foto da Rebeka. Ela estava sentada no batente da janela que eu reconhecia como sendo da cozinha da casa dela. Está chuvendo e ela observa a chuva com um olhar perdido. A legenda da foto me despedaçou: "Eu já sabia que ia acabar assim, mas você valia o risco".

A moça do café me chamou atenção. A partir daí meus movimentos foram todos meramente mecânicos. Peguei o café e me dirigi a saída do aeroporto onde a Gabi me esperava. Fui o tempo todo com o celular na mão, observando a foto e a legenda. Será que eu realmente valia o risco? As vezes eu sinto que as pessoas sempre esperam de mim aquilo que eu não posso dar. Não posso ou não quero? Ela achava que eu valie o risco, que eu valia a pena...

Quase me desestabilizei quando precisei pisar na escada rolante para descer até a saída do aeroporto. O celular quase escapou da minha mão, me desequilibrei um pouco e mesmo com o café na outra mão, eu consegui segurá-lo antes de derramá-lo todo. Olhei ao redor pra ter certeza se ninguém tinha me visto pagar esse mico e então eu a vi.

Lá embaixo no saguão principal. Uma loira alta sorria olhando pra mim. Acho que meu coração errou a batida. Apertei um pouco os olhos pra ter certeza que estava realmente vendo ela ali... aquele sorriso... era tudo o que eu precisava... aquele sorriso era capaz de acalmar meu coração.


Autora: desculpa a demora pessoal, esse capítulo era pra sair no dia em que infelizmente houve o acidente com a Marília Mendonça. Não tive ânimo pra nada depois. Quando vou escrever tenho uma playlist pra cada personagem, uma pra Rosamaria, uma pra Gattaz, pra Carolana, Brait e Betinha (que vão ser bem importantes na história). Eu sempre escuto antes e enquanto escrevo pra ter inspiração. Em todas as playlists tem músicas da Marília, inclusive tinha uma nova com 80% de músicas dela, porque em um momento da história as meninas irão pra um bar de música sertaneja, e queria escolher bem o que iria tocar. Enfim, não tinha clima pra escrever e somente agora consegui voltar.

Bem, agora o capítulo saiu, espero que tenham gostado. No próximo capítulo teremos finalmente o encontro das duas. Já deu pra perceber que a Rosa não espera por essa né?

Reencontros #rosattazOnde histórias criam vida. Descubra agora