Capítulo 2 - Frutas estranhas

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- Boruto, o que é isso? Você já comeu antes? - disse, analisando a fruta entre os olhos.

- Eu já vi essa fruta em casa, acho que o nome é amarula. É doce, pode comer.

- Então tá bom, vou confiar em você. - E depositou uma mordida no pequeno fruto.

- PARECE CARAMELO! - A garota exclamou, surpresa. O gesto surpreendeu Boruto, que não a via demonstrar qualquer sinal de alegria há vários dias.

- Não é? É uma delícia! Acho que vou levar algumas para o Mitsuki.

- Não leve, ele está de vigia e disse que já comeu. Você sabe, ele não se alimenta dessas coisas…

O loiro assentiu, sentando-se novamente e mordendo outro fruto. Mitsuki sempre foi um mistério para ele, que não entendia porque ele não se alimentava, não dormia e era tão poderoso. Mas ele era seu amigo, e só isso importava.

O clima estava ficando estranho novamente, um silêncio ensurdecedor pairando sobre o ambiente. Boruto queria puxar assunto, talvez assim ela se soltasse mais e falasse porque estava chateada.

- Você está bem? Essa missão foi cansativa demais. Não vejo a hora de chegar em casa.

- Já estaríamos lá se você não tivesse tido a brilhante ideia de voltarmos pelo mesmo caminho de ida. - Disse seca, com ar de desdém, e desviando o olhar. A Sarada alegre durou apenas 2 segundos.

- Tava demorando para você jogar isso na minha cara. Foi mal, tá? Como eu iria saber? Esse era o caminho mais rápido, e eu tava cansado.

- Sim, e esse caminho era tão óbvio que é CLARO que os ladrões estariam lá. Mas você não me escuta, então está ai o que queria, uma noite na floresta, com fome e sem nada pra fazer!

A sarada calma e estranha de repente deu lugar à habitual, com raiva por alguma besteira que Boruto aprontou. Com certeza ela já estava guardando aquelas palavras há horas, mas não era do feitio dela sofrer em silêncio. Algo parecia estar errado, e Boruto com certeza descobriria o que era.

Assentiu, dando o silêncio como um pedido de desculpas, e deu mais uma mordida na fruta deliciosa. Não havia mais muito o que pudesse fazer, e ele não estava afim de discutir.

Vários minutos do mais puro silêncio se passaram, apenas com o som das mordidas e mastigações. Boruto já havia posto os pés na água, sentindo, eventualmente, pequenos peixes darem "beijinhos" em seus tornozelos. Era como se de repente tudo houvesse se tornado mais leve, desvanecendo-se até o cansaço da noite. Ele se sentia leve e feliz.

Sarada sentia o mesmo e não conseguia parar de pensar no que teria causado aquela sensação. Não houve nenhum momento da conversa dela com o amigo que lhe tirou o peso que carregava em seu peito, então, o que será que aconteceu? Sua memória também parecia falhar. Se lembrava de onde já tinha sentido essa sensação - sua festa de aniversário de 18 anos, em que havia tomado saquê pela primeira vez.

Olhou para a fruta em suas mãos, já parcialmente consumida, e se perguntou se aquela seria a fonte da sua sensação de embriaguez.

"Não, não pode ser. Deve ser impressão." Pensou, tentando deixar a investigação de lado. Seus devaneios foram interrompidos pela voz ao seu lado:

- Sarada, me conta uma coisa. Você está saindo com o Kawaki? Não precisa contar detalhes se não quiser, mas porque fazer tanto mistério?

Sarada olhou surpresa para o loiro, que não costuma ser direto assim em seus assuntos. Mas todos já estavam comentando sobre isso na vila, depois dos dois irem juntos ao festival de ano novo. Era normal que despertasse alguma curiosidade.

- Quem te falou isso? E que diferença faz se eu estiver saindo com ele? Algum problema? - retrucou com sarcasmo, um sorriso malicioso brotando no canto da sua boca. Mas o rubor em suas bochechas a denunciava.

Ela não queria tocar nesse assunto. Falar de seus sentimentos para o cara que era o responsável por todos eles acabaria com seu orgulho.

- Calma, não foi ninguém. Eu só observei, sua doida! Vocês chegaram juntos ao festival do ano novo, então é claro que eu supus que estivessem juntos.

- Não estamos saindo, se é o que quer saber. Saímos uma vez, mas não deu muito certo…

Boruto tentou afastar da mente o enorme alívio que sentiu. Kawaki era seu meio irmão, mas isso não queria dizer que ele aprovaria a Sarada namorar com um idiota como ele. Ela merecia algo melhor, alguém que estivesse sempre ali por ela. Como ele...

- Ah ta. Entendo.

Não havia mais muito o que dizer. Não sabe exatamente de onde tirou coragem para puxar esse assunto. Começou a balançar os pés na água, fazendo sons ao bater os calcanhares na superfície. O som fez-lhe rir, mas não sabia exatamente o porquê. Estava tonto.

Já Sarada sentia-se como se o mundo ao seu redor girasse como um carrossel. Ela quis protestar, mas qualquer preocupação dissipava-se rapidamente, dando lugar a um sono gostoso e uma estranha vontade de expôr todas as suas inseguranças.

- Boruto, você ainda sai com a Sumire?

A pergunta veio sem escrúpulos, tão repentina que até Boruto foi pêgo de surpresa. Seu coração acelerou e frases começaram a ser montadas em sua mente. Como ele responderia a isso? Porque era tão difícil?

- Porque quer saber? Não precisa ter ciumes kkk

Ele só podia estar louco. O que estava acontecendo? Boruto podia sentir o olhar flamejante de Sarada perfurando sua cabeça.

- Só nos seus sonhos.

"Ok, essa doeu um pouquinho." Pensou o loiro.

- Taaa, eu saí com ela algumas vezes. Ela me chamou e eu fui. E ela é bem legal, sabia? Você deveria dar uma chance pra ela.

Sarada tinha muitos motivos para não gostar de Sumire. Jamais admitiria que o primeiro deles era ela ter falado tão descaradamente que gostava de Boruto. Desde então, Sarada sempre demonstrou aversão à presença da garota, principalmente quando a mesma começou a sair com seu melhor amigo. E vê-lo falar dela dessa forma a adoecia. Ela não demonstrava, mas começou a se afastar dele aos poucos por este motivo.

- Eu vou ver. Mas o que eu tenho a ver? Você que está saindo com ela, você que tem que dar chances. Eu não tenho nada a ver com a sua vida.

- Claro que tem! Você é minha melhor amiga, como não vai ter a ver com a minha vida?

- Sua vida amorosa, seu idiota. Enfim, você sai com quem você quiser, não sei nem porque está me falando essas coisas.

A voz de Sarada carregava melancolia. Boruto notou o tom mais pesado em sua fala e começou a pensar se talvez a amiga estivesse realmente com ciúmes.
Nem em seus sonhos mais loucos ele imaginou que Sarada sentisse algo por ele, pelo menos não como ele sente por ela…

- Sarada, eu não estou mais saindo com a Sumire. Nós nos encontramos algumas poucas vezes antes do festival, mas eu nem pretendia levá-la comigo. Terminei com ela antes do festival, mas, pelas circunstâncias… acabei chamando-a para esse último encontro. Não quis ir sozinho, quando todo mundo estava acompanhado, e ela também não estava fazendo nada. Depois disso terminamos de vez. Está feliz?

Ele deu ênfase em "todo mundo", mas a morena não percebeu a indireta.

E sim, ela estava feliz. E como estava. Virou para olhar o amigo nos olhos, topando com os cristais azuis que lhe encaravam em busca de alguma aprovação. Seu coração acelerou ainda mais, e sentiu que se não desviasse o olhar naquela hora com certeza seus instintos começariam a gritar para ela chegar mais perto. Mas um detalhe a despertou:

-Boruto, porque você ainda está sem camisa? Kkkkkk -  Sarada riu, um tanto confusa, pois esta situação com certeza lhe deixaria desconfortável.

Boruto com certeza não estava bem, mas aqua situação toda estava muito engraçada...


AMARULAS - BoruSaraOnde histórias criam vida. Descubra agora