Algumas horas se passaram e finalmente o sol exibiu seus primeiros raios. Do topo de uma árvore próxima à clareira, Sarada observava a luz alaranjada expulsando os últimos resquícios daquela noite. Quanto mais se lembrava do que havia acontecido, mais ficava envergonhada e confusa. Como deveria encarar Boruto depois de tudo que aconteceu no riacho?
E, principalmente, será que Boruto estava tão atordoado quanto ela?Desceu da árvore e chamou os rapazes para partirem. Mituski levantou rápido, enquanto Boruto nem sequer se mexeu. Sarada queria evitá-lo, mas teve que ir até sua barraca lhe acordar, do contrário ficariam ali até a hora do almoço. A morena se abaixou em frente à barraca, na esperança de que ele a ouvisse:
- Boruto, acorde! Precisamos voltar agora.
Boruto abriu a barraca de uma vez, ficando frente a frente com Sarada e assustando a morena, que deu um passo para trás. Boruto parecia cansado e esbanjava um cara sonolenta que Sarada achava fofa - mas morreria antes de admitir.
- Não se preocupe, eu já estou quase pronto. Só me ajuda a desarmar a barraca.
Era isso. Ele agiu normal, como se nada tivesse acontecido, e Sarada entendeu que deveria agir assim também. Talvez ele nem sequer se lembrasse do que aconteceu.
Ambos focaram em desmontar a barraca, em silêncio, incapazes de dizer qualquer palavra.
- Hum, vocês estão estranhos. O que aconteceu ontem enquanto eu vigiava?
Mitsuki sabia como provocar o casal. Já vinha fazendo isso há um tempo, de forma muito sutil, desde que percebeu que eles tinham sentimentos um pelo outro. Geralmente eles reagiam na defensiva, sempre dando um jeito de negar até a morte, mas daquela vez ambos apenas viraram o rosto e não responderam. Eles eram péssimos atores.
- O clima aqui ficou estranho. Vamos para casa, talvez vocês estejam cansados.
Mitsuki completou, com um sorriso levemente malicioso. Ele estava curioso para saber o que havia acontecido, mas entendeu que aquela não era a melhor hora para perguntar. Será que eles tinham brigado?
Todos juntaram suas bagagens e seguiram para o leste, na direção do sol nascente. Seguiram em silêncio durante todo o percurso, até que Mitsuki se aproximou de Boruto e cochichou no seu ouvido:
- O que aconteceu? Perdi alguma coisa?
- Mitsuki, coisas estranhas aconteceram ontem, mas acho que não posso te contar com detalhes agora. Ontem eu e Sarada estávamos com fome, e achamos um pé de amarulas cheio de frutas maduras, então…
- Cuidado com amarulas maduras demais, elas fermentam e ficam alcoólicas. Vocês comeram?
- Sim, agora você entendeu qual foi o problema... nós comemos bastante e depois...bom...ficamos fora de controle...
- É, mas as amarulas não são tããão alcoólicas assim. Dão no máximo uma tontura.
Aquela informação apavorou o loiro. Ele pretendia colocar a culpa no álcool da fruta e fingir que não lembrava de nada, talvez assim não apanhasse de Sarada. Mas, se ele realmente não estava tão inconsciente assim, Sarada também não estava. E ela também deveria lembrar com detalhes de tudo.
- Então agora vocês são um casal? - Mitsuki sorria de orelha a orelha.
- CALMA AÍ, NEM CONTEI O RESTO DA HISTÓRIA! E não, não somos um casal. Quer saber, em casa eu te conto melhor. Já estamos chegando mesmo.
Boruto ficou pensando na pergunta do amigo. Eles eram um casal? Ele gostaria que fosse simples assim. Mas Sarada era complicada, e ele não sabia o que passava na mente dela.
Em pouco tempo chegaram na vila da Folha e logo na entrada Mitsuki se despediu, deixando os outros dois ninjas sozinhos.
Ninguém sabia muito bem como agir a partir dali. Um silêncio constrangedor se formou até que Boruto decidiu quebrar o silêncio:- Precisamos conversar, né? - disse, colocando os braços atrás da cabeça.
- Boruto, não quero falar disso agora…
- Se quiser esquecer o que aconteceu ontem, tudo bem. Talvez seja melhor assim né?
- Boruto…- A morena parou de repente, ficando frente a frente com ele. - O quanto você lembra...da noite anterior?
Boruto criou coragem de olhá-la nos olhos. Sua expressão era determinada, como se estivesse resolvendo algum problema de uma missão.
- Eu lembro de tudo, Sarada. Gostaria de dizer que estava morto de bêbado e que não lembro nada, mas seria mentira. Mas eu posso fingir que nada aconteceu, e seremos amigos como sempre. Eu não quero é que você me evite pra sempre, como vem fazendo…
- E quem disse que eu quero esquecer o que aconteceu? - sua voz e expressão suavizaram, mas, logo que percebeu que parecia uma declaração, desviou o olhar. - Conversamos melhor depois, mas, que fique claro… não quero que as coisas voltem a ser como antes.
Boruto se surpreendeu com a sinceridade da amiga, que não costumava demonstrar seus sentimentos com facilidade. Não pôde esconder um sorriso que surgiu no canto da sua boca, enquanto seu coração parecia querer saltar do peito.
- Beija bem, eim Uchiha! Fiquei mexido…
Sarada corou fortemente com a provocação e tentou disfarçar ao máximo, mas seu corpo sucumbia à voz rouca do loiro com facilidade.
- Não abusa, idiota. Mas você também não foi nada mal. - Disse com um sorriso malicioso no rosto, enquanto caminhava à frente. Sua boca implorava por mais um beijo, mas ela não demonstraria tamanho desespero.
- Eu daria tudo por mais um beijo seu. - Boruto soltou já sem medo de qualquer reação da morena. Naquele ponto já não havia mais nada a perder.
O coração de Sarada parecia querer sacar do peito. Se dependesse dela ela já estaria em seus braços há muito tempo, mas estavam cansados, com fome e confusos. Aquela não era a melhor hora.
Finalmente chegaram à rua que levava à casa de Boruto e, antes que ele pudesse se despedir, Sarada se aproximou e depositou um beijo em seus lábios. Foi um beijo calmo, sem o calor de outrora, mas cheio de significado. Quando se separaram, Sarada se despediu apenas dizendo:
- Tchau, idiota, a gente se vê amanhã. Talvez possamos ir comer um lámen, não sei. Me chama! - e virou as costas para o amigo.
Boruto ficou atônito, ainda hipnotizado por aquele beijo. Sarada com certeza ainda o deixaria louco.
E ele com certeza a levaria para um encontro, onde quer que ela quisesse ir.[...]
*********meses depois*********
Sarada estava em frente ao espelho, checando os últimos detalhes da sua roupa. A yukata vermelha com flores de cerejeira foi um presente que herdou de sua mãe. Seu cabelo estava arrumado em um coque alto, preso por uma presilha também florida. Ela terminava de se pentear quando a campainha tocou, e então correu para a porta.
Boruto a aguardava com uma camisa social branca, uma calça preta e botas. A capa preta que costumava usar continuava em seus ombros, mas só o deixava mais sexy.Uau. - foi a única palavra que o loiro pôde expressar quando viu o quanto sua namorada estava bonita. Bonita era pouco, ela estava linda, mais do que já era.
Gostou? Foi um presente da minha mãe. - Sarada rodopiava com a roupa para mostrar todos os detalhes. - você também está incrível.
Boruto ajeitou a postura, feliz com o elogio.
Então vamos, senhorita Uchiha? O festival do ano novo já começou, e eu quero lhe levar em t-o-d-a-s as barracas de jogos antes dos fogos acontecerem.
Vamos, você vai saber o que é perder feio.
Ambos deram as mãos e seguiram para o festival, onde trocaram muitos beijos, carícias e risadas. Era o fim de uma era de brigas e mágoas, e só poderiam agradecer àquela noite estranha e aquela fruta suspeita, por terem revelado seus verdadeiros sentimentos.
----------------
É isso, espero que tenham gostado da fic! É minha segunda fanfic Borusara, e eu gostei de escrever uma história mais madura. Comentem O que acharam! E obrigada por lerem até aqui ❤️
VOCÊ ESTÁ LENDO
AMARULAS - BoruSara
FanfictionBoruto e Sarada, já Jounins, saem em uma missão complicada e precisam acampar na floresta de volta para casa. Ambos não se falam há vários dias, e a tensão entre eles só piora com o tempo. Cansados e com fome, acabam comendo frutas suspeitas que nu...