Capítulo 3

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Suspirei exaustivamente, minha respiração ofegante ainda não conseguia acompanhar o turbilhão de emoções que se desenrolava. O que acabara de ouvir parecia surreal. Será que eu tinha realmente entendido tudo corretamente?

— Tudo em nome de Rubiolla? — Liam indagou, sua voz cheia de indignação. — Que tipo de brincadeira é essa? — Ele agarrou o testamento com força, sua mão tremendo de raiva enquanto o examinava.

Segui o movimento de seus olhos, observando cada mudança em sua expressão. À medida que ele lia, seu semblante se deteriorava gradualmente. Seus risos sarcásticos e os murmúrios de palavrões eram um contraste notável com a solenidade do momento.

Enquanto isso, a plateia ao nosso redor parecia estar se divertindo com o espetáculo. Eles não tinham envolvimento direto com a empresa e, portanto, pouco se importavam com os detalhes da herança. Muitos deles, parentes de Liam, eram desinteressados, buscando apenas se entreter com o drama que se desenrolava à sua frente.

— Como desfazemos isso? — Tatiana perguntou, sua postura altiva e desdenhosa.

— É impossível. — Liam estava desesperado. — "Apenas receberá sua herança caso Rubiolla e dois outros administradores aprovem." — Ele riu com uma dose amarga de sarcasmo e lançou um olhar intimidante em minha direção. — Preste atenção, Rubiolla. — Pronunciou meu nome com um tom de desprezo calculado. — Terá que passar sobre o meu caixão antes de me dar uma ordem! — Sua afirmação era uma ameaça velada, cheia de convicção.

— Não disse em momento algum que tenciono fazê-lo. — Respondi, meu desconforto crescendo. — Agradeço, mas não aceitarei nada de Pedro. Renuncio ao testamento — Declarei, exausta e frustrada.

— Não é tão simples assim. — O advogado interrompeu, sua voz firme e autoritária. — Por favor, saiam todos, exceto Patterson e Rubi.

A informalidade do advogado me surpreendeu. Sentia que havia algo mais em seu olhar, uma expressão que parecia querer comunicar algo, mas talvez estivesse apenas projetando. O olhar intenso e os traços marcantes do advogado capturaram minha atenção; era um homem notável, com cabelos castanho-escuros e uma presença que não passava despercebida.

— Posso tratá-la assim? — Ele questionou com uma certa urgência, e eu senti meu rosto queimar pela minha própria obviedade.

— Sim, como preferir. Sempre gostei de Rubi. — Respondi, a ansiedade evidente em minha voz.

Liam lançou um olhar furioso para mim e fez um gesto para sua mãe.

— Resolva essa besteira e depois expulse essa mosca morta de casa. — Tatiana ordenou com desdém antes de se retirar com os demais.

Respirei fundo, tentando manter a compostura diante do insulto. Tinha que resistir, mesmo que a situação estivesse se tornando insuportável.

— Não se preocupe, ninguém fará mal a você. — Fioti, o advogado, disse, ainda olhando para Liam. — Tomei as devidas precauções para quaisquer possíveis atentados físicos ou psicológicos que você possa vir a sofrer.

— O que exatamente eu teria que fazer para receber minha herança e meu lugar na empresa? — Liam estava visivelmente irritado.

Fioti, com um olhar sério, expôs a situação com clareza cortante.

— Seu pai e a maioria dos acionistas não acreditam que você merece o cargo. Eles citaram arrogância, imprudência, falta de responsabilidade, entre outros pontos. Você tem dois anos para demonstrar mudança. Pedro acreditava que Rubiolla seria a pessoa mais justa para decidir sua aptidão, junto com uma psicóloga e um advogado da administração. Se dois aprovarem e um não, você receberá tudo. Caso contrário, terá a chance de trabalhar na empresa, mas em um cargo inferior. — Fioti concluiu, nos deixando em choque.

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