Capítulo 4

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— Eu já estou de saída — disse, pegando a minha bolsinha preta.

O meu coração disparou quando, de repente, Liam pegou num vaso e atirou-o contra a parede. O som do impacto quebrou o silêncio de forma brutal, mas a expressão no seu rosto permanecia séria e estranhamente calma.

— Ficou louco? — perguntei, a voz ainda trémula pelo susto.

— Porquê? Não posso partir um vaso na minha própria casa? — respondeu ele, enquanto desarrumava as coisas sem qualquer consideração.

Liam pegou num quadro e lançou-o contra a parede oposta. Empurrou objetos sem motivo aparente, e eu permaneci ali, paralisada, tentando perceber se o homem à minha frente tinha enlouquecido de vez.

— Liam, eu vou embora. E quero apenas dizer que abdico de tudo. Se isso não for possível, dou-te a minha aprovação. — Falei, observando-o com uma expressão confusa. O que raio está ele a fazer?

— Vais dar-me a tua aprovação? — perguntou, aproximando-se lentamente.

— Só quero evitar mais conflitos desnecessários — murmurei, enquanto girava a maçaneta da porta.

Quando ele estava prestes a responder, o telemóvel dele tocou. Ele atendeu rapidamente e sussurrou-me, com um tom casual:

— Espera um minuto.

— Tudo bem, deixa os convidados da Rubiolla entrarem — disse, sem desviar o olhar de mim.

— Meus convidados? — perguntei, confusa. Ele simplesmente ignorou-me.

— Peço desculpa pela noite de hoje, e estou disposto a ouvir a tua proposta. — Falou com uma sinceridade que parecia improvável.

— Liam, não estás bem. Desarrumaste o escritório todo... O que estás a fazer? — perguntei, atónita, ao vê-lo começar a desabotoar a camisa azul-marinho. — Meu Deus, eu vou embora agora mesmo! — Virei o rosto. — Bebeste, não foi? Só isso explicaria este comportamento.

— Eu não estou bêbado, Lollita. — Ele fixou o olhar em mim. — Se estivesse, não notaria o quão bem te fica esse vestido.

— O que estás a dizer? — A vergonha tingiu o meu rosto.

— Que fiz uma excelente escolha ao comprar esse vestido. Nunca imaginei que te ficasse tão bem. — Aproximou-se ainda mais, as suas palavras quase a tocarem-me.

— Este vestido é um presente da Esme — respondi, cortando a mentira descarada.

— Foi isso que ela te disse? — perguntou, soltando uma risada.

Senti-me minúscula, como se estivesse a ser analisada ao microscópio. Era como se a pessoa de quem menos gostava me oferecesse um bolo envenenado. Seria eu má por pensar assim? Porque, na verdade, parecia que estava.

— Eu não sou o monstro que pensas. Nós crescemos juntos, somos como irmãos — murmurou, com a voz mais baixa.

Ele só podia estar bêbado. O Liam que eu conhecia nunca diria algo assim, muito menos nesta situação.

— Eu sei que não és, mas tens sido terrível comigo sem motivo aparente! — explodi, sem conseguir conter a raiva. — Tento manter a calma porque acredito que há uma razão para isso. — Ele revirou os olhos.

— Continuas com essa tua ideia? As pessoas não precisam de um motivo para serem más, elas simplesmente são — repetiu, como sempre fazia.

— Eu acredito que tu és mais do que esse sarcasmo irritante. As pessoas podem ser muito mais do que aquilo que mostram! — suspirei, esperando que ele me entendesse.

24 HORAS ADULTASOnde histórias criam vida. Descubra agora