24 HORAS ADULTAS

Capítulo 5

- Rubi! – Ouvi a voz de Tatiana Ocleni e apertei os meus dedos na hora. Não estou preparada para lidar com a mãe de Liam, mas acho que não tenho escolha.

- Tatiana! – Abri um grande sorriso para ela. Custa-me chamá-la pelo primeiro nome, mas é desse jeito que ela quer ser chamada por todos, ela é igualzinha á Pedro em certos aspetos.

- Pense bem no que dirá aí dentro – ela rosnou e olhou para mim de cima a baixo com desgosto, é algo que realmente estava a espera. – Devia ter vergonha, interesseira – ela sussurrou a última parte mas eu ouvi.

Não posso julga-la, eu realmente a compreendo. Acabarei com toda essa confusão hoje mesmo!

Atualidade

Voltando ao presente, enquanto caminhava por aquele corredor em direção à sala onde me esperava Liam, não consegui deixar de pensar em tudo o que aconteceu. Ele estava lá dentro, o homem que vive hoje porque eu dei uma parte de mim. Como é que alguém pode simplesmente ignorar um ato assim? Para mim, esse é o verdadeiro mistério. Tatiana, a mãe dele e ex-mulher de Pedro, também não me via com bons olhos. Achava que eu era uma oportunista, mas a verdade é que o que eu tinha dado era muito mais do que ela poderia imaginar.

Andei pelo corredor estreito com muito medo. Hoje, arriscar-me-ei como nunca fiz antes. Farei algo sem pensar em como os outros irão reagir. Pela primeira vez, farei algo por mim!

"Não esquecerei a forma como me expulsaram de casa, como me impediram de entrar na empresa e muito mais. Se pensam que podem brincar com o futuro de alguém, estão muito enganados. Eu repetirei isso em voz alta todos os dias para não esquecer. Eles vão conhecer o pior lado de..."

– Rubiolla! – Levantei a cabeça e vi o advogado. Parecia diferente da última vez que o encontrei, mais leve, quase informal.

– Bom dia, Sr. Fiote, tudo bem? – perguntei com um pequeno sorriso.

– Estou bem, sim, obrigada. Mas parece que você não está – respondeu, segurando o meu pulso.

– O que o faz pensar isso? – Fiquei confusa. Pareço cansada? Espero que não.

– Estava a falar sozinha no corredor, a apertar o punho sem parar. Só parou agora que peguei no seu pulso – disse calmamente.

– Deus do Céu, nem percebi que estava a fazer isso. – Ri, um pouco sem graça. – A reunião é aqui em cima mesmo? – mudei de assunto rapidamente.

– Sim, mas só daqui a uns minutos – largou o meu pulso para olhar o relógio.

– Eu jurava que estava atrasada – disse, ainda confusa.

– Mudaram de última hora porque o juiz teve que resolver uns assuntos – respondeu enquanto coçava a lateral da calça social. – Então... já sabe o que vai fazer? – perguntou, evitando o meu olhar, como se a pergunta fosse mais pesada do que o tom leve sugeria.

– Sim, eu decidi que...

– Espere, conheço um local mais tranquilo – interrompeu e começou a caminhar na direção oposta.

Fiquei parada, sem saber se devia segui-lo ou esperar que voltasse.

– Por que está aí parada? – perguntou, rindo.

– Eu nunca sei quando devo seguir as pessoas. Devias simplesmente pegar na minha mão e levar-me onde quer – as palavras escaparam antes que eu pudesse medir as consequências.

Thiago parou, arqueando uma sobrancelha e deixando um sorriso enviesado brincar no rosto. – Se eu fizer isso, acabamos no meu apartamento.

A resposta, seca e direta, pegou-me de surpresa. – E faríamos o quê exatamente? – perguntei, tentando manter o tom casual, embora sentisse a tensão aumentar.