Lobisomens não beijam

Capítulo 1 - Como tudo começou

Sirius

- Proooogs, me deixa copiar a sua redação de herbologia?

James o encarou por cima dos óculos, parecendo entediado demais para uma repreensão.

- Pede pro Moony, a minha só deu cinco linhas. Acho que vou usar o último parágrafo dele também.

Sirius se virou para Remus, sentado a seu lado, que no momento parecia estar concentrado demais no livro sobre "animais fantásticos e onde habitam" para escutar a conversa dos dois.

- Mooooony... – começou, mas foi interrompido por um suspiro de exasperação.

- Vocês realmente não conseguem calar a boca por mais de cinco minutos! E olha que eu cronometrei. – suspirou de novo – Eu deixei o trabalho sobre bulbos saltadores na última mesa do Salão Comunal.

- Beleza, estou indo buscar. – respondeu James, prestativo como sempre, mas Remus negou.

- Sirius vai com você. Merlim sabe como ele fica três vezes mais inquieto quando espera alguma coisa.

Black lhe lançou um olhar de falsa ofensa, mas como Remus não pareceu propenso a mudar de ideia, cedeu – não sem antes rolar os olhos, é claro.

- Pobre de mim, Moony não quer mais minha companhia. – reclamou quando estava quase na porta, alto o suficiente para que ele escutasse.

- Sirius nós estamos em uma biblioteca.

Estava formulando alguma coisa para responde-lo, mas Potter foi mais rápido, puxando-o para o corredor.

- Não vá estressar o Remus agora, você sabe que ele fica ansioso com a semana de testes se aproximando. Além disso, dependemos totalmente dos resumos dele em transfiguração.

Sirius rolou os olhos. Como ele gostava de fazer isso.

- Tudo bem, tudo bem. Eu só estou tentando trazer algum ânimo pra sua vida. Ele passa dia e noites no meio daqueles pergaminhos mofados, e quando não está com eles se ocupa lendo um negócio que chama de "fantasia". Como o míope é você e não ele?

- Genética, meu caro, genética. Mas você está certo, falta diversão. Precisamos fazer alguma coisa para ele ter, sabe, uma vida social...?

- E como vamos fazer isso se ele não sai do quarto nem nas festas extraoficiais da grifinória?

- Bom, ele não vai nelas desde aquela vez em que você abusou do uísque de fogo e vomitou em cima dele...

- Ai, nem me lembra daquele dia, James! – murmurou Sirius, recebendo uma dose de vergonha alheia só pela menção.

- Espere! – disse James, parando e fazendo com que o Black trombasse com ele.

- Ãhn?

- Eu tive uma ideia!

- Ah não... Não é "uma ideia" do tipo trocar o sal da cozinha por açúcar e comer só mingau no café da manhã por um mês e meio, é?

- Não. E eu já disse que essa ideia foi meio minha, meio do Peter. – disse James, fazendo um movimento de descarte com as mãos. – Essa é mesmo genial! Escuta, você já viu o Moony beijar alguém?

- O quê? – perguntou Sirius, de repente ficando constrangido como se a pergunta fosse para ele.

- Eu também nunca vi. Pois bem, nós devíamos arrumar uma namorada para ele!

- O quê?

­- Veja bem, é justo. Depois de 5 anos de luta, a Lily finalmente começou a me dar bola...

- Você quer dizer que ela jogou suas flores no lixo sem ter amassado e dito "sem chances, Potter" antes?

- Exato! Prosseguindo, Peter parece estar tendo um casinho sério com aquela menina da lufa-lufa e você... bom, você nem tem o que falar, anda ficando com uma média de três pessoas por mês ultimamente...

- Mês passado foram só duas. Se você não contar Angelina Parkinson.

- Resumindo, Lupin é o único de nós que está sem por cento solteiro. Como bons amigos, precisamos fazer alguma coisa quanto a isso.

- Teve àquela vez que ele beijou a Steward.

- Quem?

A essa altura já estavam dentro do Salão Comunal, mas nenhum dos dois pareceu particularmente interessado em interromper a conversa para fazer anotações sobre folhas.

- Aquela menina da corvinal, com o cabelo preto esquisito.

- Nossa, é verdade. – James fez uma pausa - Tinha me esquecido disso, mas enfim, foi há dois anos. Precisamos encontrar alguém para ele agora.

- Não foi você quem disse para não o distrairmos com a semana de provas chegando?

- Tudo bem, podemos esperar os testes acabarem.

- Aí vai vir a lua cheia.

James franziu as sobrancelhas, concordando.

- Sendo assim, a partir do dia primeiro do mês que vem, os últimos 15 dias antes das férias. Temos esse tempo para encontrar alguém para ele ficar.

Sirius não sabia se gostava muito da ideia, mas estava começando a soar divertida. E, bom, talvez James estivesse certo. Não era justo Remus ser o único maroto sem uma namorada.

Muito menos justo ele não colaborar só por conta da sua questãozinha com o amigo.

- Tenho você como cúmplice, caro Black? – disse James, lançando a Sirius o mesmo olhar de quando tramava uma pegadinha que os resultaria em, no mínimo, uma semana lavando os caldeirões.

E como tudo o que Sirius fazia era devido a sua personalidade impulsiva, com isso não foi diferente:

- É claro, meu caro Potter. Temos até o últimosegundo antes de Moony pisar naquele trem. E eu te garanto, ele não vai fazerisso sem antes ter beijado alguém.

Os dois riram, porque eram bobos, e porque rimava.