As Passageiras - Camren

Capítulo 4 - Hotel El Azul

Camila Cabello's point of view.

Elas começaram a ir em direção à entrada dos fundos, o que eu até estranhei, já que eram da alta classe, porém, ignorei o pensamento para acompanhar Lauren com o olhar. Quando ela alcançou a porta, que Ashley tinha aberto pra ela, e agora fazia um tipo de reverência na brincadeira para que ela passe, a mulher olhou diretamente para mim, abrindo um sorrisinho antes de entrar na brincadeira da amiga, se curvando um pouco enquanto entrava no local, como se estivesse respondendo à sua reverência. Elas riram, e então, adentraram o local.

Bom, eu digo amiga mas nem sei se elas são só amigas mesmo, como Lauren tinha dito. E pra ser sincera, se fossem um casal, eram bonitas mesmo assim.

Acabei soltando uma risada nasal comigo mesma, pensando no quão idiota eu estava sendo por me vidrar tanto em uma passageira, sendo que, quando a manhã chegar e eu as deixar na última parada, provavelmente nunca mais nem nos trombariamos, já que ela, aparentemente, vive em Beverly Hills.

Los Angeles, Califórnia | 40 minutos depois.

Depois que elas entraram, e eu percebi que poderiam demorar como na primeira festa, optei por retirar meu livro da faculdade de economia da mochila e estudar, ao invés de dormir mais uma vez. E novamente, encarando as letras e números, pensei no que estava fazendo da minha vida. Eu queria ser músico, viver da música, mas estava ali, sentada no banco de um carro que estava dirigindo para duas mulheres ricas e jovens curtirem a vida, estudando economia.

Eu estava realmente indo pelo caminho certo? Porque não parecia.

Novamente, tive que bloquear meus pensamentos para focar no enorme livro à minha frente. Retirei o marca-texto da minha boca quando corri o olhar por uma frase importante do parágrafo que estava lendo, e assim que terminei de marcá-lo, o som da vibração do celular de uma delas, que haviam ficado aqui dentro soou mais uma vez. Eu estava tentada a pega-lo a tempo, mas evitava, porém, agora, quando finalmente virei para trás e notei que era o de Ashley pela capinha azul bebê, minha mão coçou para dar só uma olhadinha.

Não era como se eu estivesse invadindo a privacidade dela, já que, quando a mensagem chegava, a tela ligava, revelando o texto e o remetente. E também, ela me irritou muito hoje para eu não poder nem pegar o celular dela por um segundo.

O que poderia acontecer? Isso mesmo, nada.

Joguei meu livro para o lado, assim como o marca-texto, e assim que virei completamente para trás, apanhando o celular repousado naquela mala que ela trouxa da primeira festa, franzi o cenho instantaneamente com as mensagens que subiam.

G-Eazy: Como vai a Normani?
G:Eazy: Mal posso esperar pra ver a cara dela...
G-Eazy: Até logo.

Normani? Ver a cara dela? Quem era G-Eazy? E o que esses três queriam com a minha irmã?

Não tive uma boa impressão com aquelas mensagens, e apostando na minha intuição, joguei o telefone de Ashley para qualquer lado do banco de trás, virando para frente para apanhar meu próprio celular do bolso, onde rapidamente disquei o número de Normani.

"Ei, é a Normani, deixe uma mensagem" surgiu após o quinto toque, e eu esperei até que o barulho indicando que eu poderia começar a falar soasse.

- Ei, Mani, é a Camila – comecei a dizer, olhando desconfiada para a porta onde as mulheres entraram. – Não sei o que você está aprontando, mas acho que tem algo estranho acontecendo. Assim que puder, me liga, ok? É sério.

Sooei o mais séria que consegui, uma vez que não estava brincando, e não queria que ela pensasse que sim. Enviei a mensagem de voz, e então, não me contentando em não saber o que queriam com a minha irmã, voltei a virar meu corpo para trás, porém, para apanhar uma daquelas malas dessa vez. A apoiei no banco do carona, e confesso que meu coração começou a bater frenético sobre o peito quando eu puxei o zíper, oscilando o olhar entre a porta que elas entraram e a bolsa, com um certo medo de uma delas aparecer ali de uma hora pra outra e me pegar mexendo em suas coisas pessoais.