Capítulo 2 - Jogos.

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Camila Cabello's point of view.

A mulher me olhou por longos segundos, como se quisesse penetrar minha alma, e posso dizer que ela estava conseguindo. Precisava me esforçar para ficar de pé, a olhando, e não parecer a pessoa mais idiota do mundo por rir de puro nervosismo.

- Você é a motorista? - Ela me perguntou, desconfiada, e sua voz soou como música nos meus ouvidos. Era rouca, mas não áspera, e portava uma leveza que não consegui explicar.

- Oh, sim, sou eu. - Me obriguei a responder quando percebi que estava a olhando demais, tomando um tom de voz mais firme, afim de parecer profissional.

A mulher abriu apenas um sorrisinho, quase que imperceptível, mas que eu captei muito bem.

- A Srta. Moreau está atrasada - apontou. - Sou a amiga dela, Lauren.

Abri um sorriso maior do que eu deveria quando ouvi seu nome. Por que eu estou parecendo uma boba?

- Legal! - Exclamei, me lembrando de que ali, naquela situação, eu era Normani, não Camila. - Sou Normani.

Lauren me penetrou com o olhar novamente, começando a dar alguns passos curtos para a direta.

- Oi, Normani! - Ela disse, e então, não muito disfarçamente, desceu o olhar até um pouco abaixo da minha cintura. Não sei exatamente o que ela viu, mas a vez ter de contrair os lábios um nos outros para não rir, desviando o olhar para o chafariz.

- Algo errado? - Perguntei, já um pouco envergonhada.

- Não. - Lauren mordeu o lábio enferior, voltando a andar, porém, para a esquerda agora. Fez um som nasal em negação, porém, me olhou como se tivesse, sim, alguma coisa, e isso fez um ponto de interrogação enorme crescer na minha cabeça.

- O que foi?

Ela encerrou os movimentos, mexeu nas finas correntes pratas em seu pescoço, e depois afundou as mãos no casaco.

- Seu zíper está aberto.

Por um segundo, pensei que ela estava brincando comigo, porém, quando abaixei o olhar para o meio das minhas pernas, notando que era verdade, minha vergonha foi instantânea.

- Porra! - Xinguei, subindo a porcaria o zíper no mesmo segundo, sob o olhar de Lauren.

- Uau! - Ela comentou, provavelmente pelo meu palavreado, aumentando meu nível de vergonha e o rubor na minha bochecha.

Droga, Camila.

- Desculpe, não queria ser pouco profissional. - Pedi, quase que gaguejando de novo. - Não fazia ideia de que estava aberto.

- Certo. - Ela soltou uma risadinha contida, começando a caminhar em direção ao carro.

- Sim, e eu acho melhor parar de falar, porque parece que estou piorando as coisas. - As palavras saiam rápido da minha boca, sem que eu tivesse controle delas enquanto via Lauren parar em frente a porta do passageiro.

- Bom, que tal abrir a porta pra mim, e ficamos quites? - Ela perguntou, porém, não com simpática, mas também sem usar arrogância.

Não consegui entendê-la, desvenda-la, nem que seja um pouco, e olha que tinha bastante facilidade nisso.

Logo assenti, ouvindo um obrigada da parte dela. Pigarreei antes de tentar abrir a porta, porém, como se tudo estivesse ao meu favor, ela travou. E eu cometi o vexame de repetir o ato mais três vezes antes de lembrar que, para abrir a porta do passageiro, eu precisava destravar pela a do motorista. Essa vai ser a pior noite da minha vida, céus.

As Passageiras - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora