Borboletas Podem Magoar

4. Aniversário de término

Faz tempo que não escrevo
precisava de tempo,

na verdade, sinto que ainda
preciso
afinal, feridas da alma
não saram facilmente.

Não digo que elas ainda existem,
mas ainda sinto vestígios
delas dentro de mim.

Ainda dói olhar pra trás,
e ver tudo o que aconteceu.

Não é que eu não tenha superado,
mas superar
não é sinônimo de esquecer,

e do que mais eu queria esquecer,
é o que mais me lembro.

Mas não sinto dor por ter te perdido,
mas sim por ter me perdido no caminho
sinto falta de mim.

Eu era tão diferente antes de você,
e agora?
não me orgulho de quem me tornei.

Não que eu seja horrível,
mas perdi a minha essência
juntamente com o amor que te dei.

Te amei tanto, mas tanto
nem consigo descrever com exatidão
queria-te por perto sempre,
os momentos mais felizes
do meu dia
eram os que passava contigo.

Em teoria, amavas-me,
mas somente você
sabe a veracidade destes argumentos.

Mas isso já não importa,
constatei que só amor
não é suficiente,

tu sabes que de mim
não faltou nada
coloquei todas às peças no tabuleiro
e tu só colocaste uma.

É esse o problema,
eu não sou equilibrada
a intensidade arde em mim.

E quanto a ti?
Já basta o que escrevi anteriormente,
não quero voltar a dizer o quão
parvo foste,
até porque não vai mudar nada.

Chegou ao fim o mês, agora
tão odiado por mim,
e o teu aniversário

tinha tantos planos,
tu bem sabes
queria tornar o teu dia especial
fazer-te textos e mais textos
e ser tão eufórica quanto podia ser

mas, isso foi há tanto tempo,
não tinha noção de que o tempo correra
nunca imaginei que algum dia
as coisas mudariam,
mas mudaram
e tudo desmoronou...

E quando escrevi

"Ama por mim também"
falava sério,

quando disse que as
minhas borboletas estão mortas
realmente estava a falar à sério.

Depois de ti,
apareceram outros
mas não fui capaz
de os deixar entrar,
nem se aproximar.

Eles ficaram a porta
ao sol e ao relento
vendo que eu não abria,
foram-se embora...