Jungkook nunca teve uma vida fácil, mas isso nunca o impediu de tentar vive-la. Desde que perdeu sua mãe aos 12 anos, e conviveu com seu pai abusivo por 17, Jungkook sempre teve a perspectiva de que nunca se apegaria a ninguém, ou pelo menos tinha e...
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Sete anos atrás, Seoul, Coreia do Sul.
Jungkook - Pov
Abri os olhos sentindo minha cabeça pesada. Gritos. Eu ouvia muitos gritos. Minha visão ainda estava turva, meus ouvidos zumbiam. Sangue. Vi muito sangue. Desencostei do vidro quebrado do carro. Coloquei uma das mãos na cabeça. Olhei para meu outro braço. Sangue.
- Tem uma criança aqui atrás! - Ouço alguém gritando de algum lugar e minha cabeça pulsa.
Gemi de dor ao me sentar no banco do carro. Não tinha mais ninguém ali dentro, mas tinha sangue. Muito sangue. A porta do carro foi aberta e então senti uma mão me envolvendo pela cintura. Meu pai me tira do carro e me coloca de pé ao seu lado. Olhei ao redor. Duas ambulâncias e alguns carros de polícia. Olhei um pouco mais a frente e vi minha mãe deitada sobre uma maca. Corri até ela.
- Mamãe... - Chamei baixinho por ela enquanto me ajoelhava ao seu lado. Tinha uma mancha muito grande de sangue embaixo de sua barriga. Minha irmã havia nascido? - Mamãe acorda, cadê a Larinha?
- Fiz um carinho em sua barriga e sacudi seu ombro na tentativa de acordá-la, mas nada aconteceu.
- Garoto. - Um dos policiais me chama. - Eu sinto muito, mas temos que levá-la.
- Sente muito? Levar para onde? - Olhei para minha mãe. Seu rosto pálido. Seus olhos fechados. A mancha de sangue se espalhando pelo chão.
Não. Não. Não
Meu pai me puxa pela cintura e me prende a frente de seu corpo. Os paramédicos colocaram um saco preto por cima do corpo dela. Eu não sabia mais o que estava acontecendo. Meus gritos eram tão altos que nem eu mesmo conseguia me escutar. Meu pai segurava meu corpo com força.
Não. Não. Não. Minha mãe não.
- Ei Jungkook! - Meu pai se ajoelha atrás de mim. - Foi um acidente, o carro perdeu o freio. Foi um acidente, o carro perdeu o freio.
Meus soluços ainda eram altos. Meu pai pede para que eu fique de frente para ele e assim eu faço.
- Repita! - Ele fala em meu ouvido. - Repita a frase.
- Fo..i um aci..dente, o carro per...deu o freio. - Falei soluçando.
- Bom garoto... - Ji-Hoo faz um carinho em meus cabelos e depois se afasta.
Vi minha mãe sendo levada pelos médicos. Não tive tempo de me despedir. Meu peito doía de uma forma que não conseguia explicar. Me despedi dos braços de meu pai e fui correndo até o carro, que estava em partes destruído. Agradeci quando vi o ursinho da minha irmã ainda no banco de trás. Ele estava limpinho, o que me deixou um pouco confuso.
