Xichen merecia um tapa por perguntar algo assim quando estavam naquele estado. Cheng era uma completa bagunça de suor, gemidos e saliva. Como poderia se concentrar em responder qualquer coisa, quando tudo o que sentia era o próprio pau pulsando contra o do outro e a mão batendo depressa? Era difícil respirar, pior ainda raciocinar.
Tudo o que ele queria era ser devorado, ficar a total e absoluta mercê do sorriso safado e predatório do Lan, que parecia cada vez mais hipnotizado pelas reações que causava em seu corpo.
— Sim... Sim, pode. — Se esforçou ao máximo para dizer, tombando para frente em seguida e apoiando a cabeça no ombro do mais velho, se deixou gemer alto. — Porra, Huan!
O orgasmo veio para ambos com alguns segundos de diferença. Xichen ergueu o rosto do Jiang segurando-lhe o pescoço com carinho. Puxou-o para um beijo mais tranquilo, demorado e até mesmo doce. Cheng tremeu, Lan Huan poderia foder seu corpo, isso era mais do que óbvio, mas ali, naquele instante caótico, ele soube que poderia foder também sua vida. O quão envolvido ficaria por ter cada vez mais contato com ele?
— Posso mesmo? — Sorriu. Ah, definitivamente os sorrisos de Xichen eram seu fraco. Como aquele maldito pedaço de tentação conseguia sorrir tão inocentemente depois de ter sujado aos dois de porra e ter feito-o gemer como se sua vida dependesse disso?
— Se repetir a pergunta, não. — Respondeu, tentando esconder a vergonha, ainda que o rosto corado evidenciasse como estava afetado. Isso causou um novo sorriso no rosto perfeitamente esculpido do Lan.
Xichen passou a distribuir selinhos e beijinhos castos por todo seu rosto, enquanto pegava a própria camisa para limpar ambos os abdomens. As manchas não sairiam, mas quem se importava? Ele com toda a certeza não.
Cheng arfou e tentou reclamar, mas acabou cedendo. Os beijos desceram para o pescoço e ali ficaram por tempo o suficiente para que estivessem limpos, ou quase isso.
Ignorando a relutância do Lan em deixá-lo sair de cima de suas coxas, o mais novo voltou para o acento do motorista. — Coloque o cinto, — Murmurou, depois de passar as mãos nos cabelos jogando-os para trás. — E não me olhe assim!
— Assim como? — Xichen riu, lambendo os lábios e encarando-o com pura malícia. — Como se fosse te agarrar? Não tem como evitar, é o meu desejo.
O motorista revirou os olhos e bufou, Huan era imprevisível e estar perto dele, sendo seu alvo, era uma das maiores provas de autocontrole que já tivera que passar. — Não vamos chegar nunca se ficarmos aqui, além disso; e se algum policial nos pegar? Você nem pode mais colocar a camisa.
— Wanyin, você acha que nossos irmãos foram para a minha casa ou para a sua? — Cheng piscou confuso, e o Lan finalmente colocou o cinto. — Só para saber qual delas devemos evitar. Eles são barulhentos.
— Longe de mim defender o Wuxian, mas acho que nós também somos.
Xichen estava com medo de que o silêncio ensurdecedor depois do orgasmo tomasse conta do veículo, mas depois dessa simples troca de frases, ambos riram. Talvez pelo fato do Jiang ser tido como mal humorado, seu sorriso era meio raro de se ver. E, porra, como o sorriso dele era lindo!
A conversa fluiu tranquila, as músicas continuaram mudando. Na madrugada escura em que ambos seguiam, estar na companhia de outra pessoa nunca havia sido tão confortável.
Xichen tamborilava os dedos na porta do carro seguindo o ritmo das canções e até cantarolava junto. Cheng se recusava a cantar, mas depois de alguns palavrões, acabava cedendo.
Trocaram alguns beijos rápidos quando paravam em algum sinal vermelho, e por várias vezes o Jiang sentiu um carinho e um aperto na parte interna da coxa direta. O Lan fazia isso naturalmente, quase como se fosse um ato comum entre eles. O mais novo amou isso.
Ao chegarem na frente da residência dos Lan, Huan retirou o cinto e o puxou para uma série de beijos de tirar o fôlego. Sua língua invadia sem pedir permissão, tomava posse, mostrava que de certa forma e naquele instante, a boca de Cheng era totalmente sua.
O que de fato, se fosse parar pra pensar, era mesmo.
Beijos roubados eram bons, mas beijos correspondidos eram ainda melhores. Lan Xichen estava maravilhado, para dizer o mínimo, quando finalmente soltou os lábios inchados e vermelhos do outro.
— Não vou dizer "mal feito, feito", me recuso. — Ele suspirou, a ponta do nariz tocando a do outro devagar em um lento carinho. — Foi bom demais para ser um "mal feito". Também não quero apagar nossos rastros até aqui, nunca.
— Besta, não me faça rir agora.
— É? Se eu te fizer rir, corre o risco de aceitar entrar e ficar comigo?
— Ah, não. Hoje não. Quem sabe amanhã. — O Jiang piscou, repreendendo-se mentalmente pela dose de ousadia inesperada.
Com uma nova gargalhada, Xichen saiu do carro. Deu um breve aceno, desejou boa noite e mandou-lhe um beijo. A camisa suja ia na mão, e o peito desnudo tinha marquinhas de beijos e mordidas.
É, estavam definitivamente sem saída, mas quem disse que queriam fugir disso?
//continua...
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Respire
RomanceXichen precisa de um lembrete frequente de como agir normalmente ao redor de seu crush, Jiang Cheng. Cheng lhe tira o fôlego, literalmente. Estar perto dele é ter que se lembrar de respirar. (Xicheng)