Você, minha droga favorita...

Cap 1 - Alicia

- EU JÁ DISSE QUE NÃO VOU! - grito para minha mãe pela milésima vez, mesmo sabendo que não vai adiantar nada

- Você quem sabe, Alícia, ou você vai e vive novas experiências ou você fica aí sozinha, a escolha é toda sua!

Me jogo em minha cama e fico uns minutos olhando para o teto, pensando em como a minha vida conseguiu ficar uma merda em tão pouco tempo. Estava tudo perfeito demais, eu já devia desconfiar. Na escola eu tinha amigos, tinha até um ficante lá, tudo bem que tinham as meninas que se acham as top das top, mas tinham muitos meninos caindo aos meus pés também, eu era a menina "normal". Nunca imaginei que teria que me mudar para ir morar com o idiota do Daniel, meu primo, só para os sem noção dos meus pais irem morar fora e a filhinha aqui não ir junto. Não sei porque eles não querem que eu vá junto, mudança é tudo mudança. Logo meus pensamentos são interrompidos pela minha mãe, novamente:

- Alícia Miller, se você não descer AGORA você não vai, o motorista do seu primo está te esperando lá fora, e se você não for não vai dar tempo de ir buscar a Sarah! é o último aviso, você quem sabe - gritou do andar de baixo -

- Tá, mãe, tá - grito de volta -

A minha sorte era essa, que a Sarah, a minha melhor amiga, minha twin iria comigo, os pais dela autorizaram, até porque daqui até a cidade do meu primo são só algumas horas de carro. Me levanto da minha cama com um profundo suspiro, sabendo que minha vida nunca será a mesma. Pego a mochila que vai comigo (o resto das minhas roupas e coisas vão no porta-malas) e meu celular e desço as escadas.

- Você sabe que nós te amamos e queremos isso para o seu bem, não é? - Meu pai chegou na porta

Minha vontade era gritar e brigar com meus pais, mas eu amo meu pai, e minha mãe também, a culpa não é 100% deles. Não me aguentei e corri para abraçar meu pai e me permiti chorar. Coloquei tudo para fora, e logo senti o abraço da minha mãe se juntar a nós. Após uns 3 minutos abraçados, me despedi dos dois e entrei no carro, rumo à casa da Sarah. Demorou uns 10 minutos, e depois de pegá-la, saímos em viagem. Segurei firme a mão da minha amiga, que estava ali mais uma vez para me apoiar, ela sabia que não seria fácil e veio mesmo assim. Coloquei meus fones com a minha playlist favorita tocando no spotfy e assim fui, depois de um tempo acabei dormindo.

(...)

Acordo sentindo o toque de Sarah em mim, dizendo que havíamos chegado. Desci do carro e dei de cara com uma casa gigante - não, vamos ser sinceros, era uma mansão - muito bonita por sinal, com dois grandes pilares do lado de fora e a entrada parecia de um hotel chique. Eu já sabia que meu primo era rico, mas não tanto. Olhei para Sarah e ela me deu aquele sorriso que me dá confiança, e o motorista que nos havia trazido indicou o caminho e disse que já levaria as malas.

Entramos pelo caminho que o motorista tinha indicado e me deparei com uma linda e grande sala, com móveis bem sofisticados e aparentemente caros. As pinturas e decorações também eram muito lindos, as cores davam contrastes. Logo entrou um menino na sala, muito lindo por sinal. Não. Não podia ser meu primo. Da última vez que o vi ele era magrelo, feio, não se cuidava. Esse na minha frente era forte, cabeludinho, lindo. Pelo visto era ele.

- Você cresceu, priminha - me deu um abraço -

- Você também mudou bastante - retribuo o abraço

- E essa gata aqui, quem é? - ele disse, indo cumprimentar Sarah

- Daniel, modos, essa é minha melhor amiga, Sarah - aponto para ela - Sarah, não liga não

- Relaxa, amiga - ela disse, olhando para o Daniel

- Pode deixar, priminha, eu não sou mais o babaca que eu era antes, aliás, desculpa por tudo que eu te fiz antes, incluindo isso - mostrou na sua mão a minha boneca favorita quando eu era pequena, que ele pegou e nunca mais me devolveu.

- DANIEEEELL - pego minha boneca - você tem noção do que isso era pra mim, seu idiota? Obrigada - o abraço -

- Tá, tá, de nada, mas agora o quarto de vocês é lá em cima, um do lado do outro. Podem subir, o Rafael - apontou para o motorista - vai levar as coisas de vocês logo depois. Virem a primeira direita, terceira e quarta porta.

- Ok, obrigada de novo Dani - digo, puxando a mão da Sarah para irmos.

Fui o caminho todo admirando as decorações, os papéis de parede, os móveis, tudo. Era tudo realmente muito lindo, talvez não fosse tão ruim assim morar aqui por um ano. Assim que eu e a Sarah encontramos os quartos, resolvemos entrar cada uma no seu primeiro, sendo que cada um estava com um nome de nós duas, ou seja, ele já havia escolhido qual ia ficar com qual. Assim que adentrei o quarto, vi um ambiente muito bem decorado, uma cama gigante de casal, as paredes cor de creme, sendo que uma delas tinha um papel de parede com detalhes dourados em alto relevo, uma escrivaninha cheia de cadernos e canetas lindas, bem delicados, do jeito que eu gosto. Tinha também um banheiro, enorme. Uma linda banheira, um chuveiro e uma pia com bastante espaço já com algumas maquiagens e sabonetes faciais ocupavam ali. Já havia também shampoo, condicionador, absorventes, etc. Parecia que ele já sabia do que eu gostava, até que encontrei um bilhete em um dos cadernos abertos na escrivaninha:

"querida priminha, sei que nunca gostou de mim, mas espero que goste pelo trabalho que tive para decorar seu quarto. Seus pais me deram alguns conselhos, mas eu escolhi algumas coisas também. A cama de casal não é para besteiras, tá? Não quero minha pequena dormindo com ninguém! Beijos, Daniel🙂

Comecei a rir sozinha, de como ele havia mudado desde quando éramos mais novos. Não demorou muito para Sarah vir ver meu quarto, então logo ouvi batidas na porta.

- Pode entrar - falei, já sabendo quem era -

- AMIGAAAAAAAAAAAA - correu e me abraçou com tudo, fazendo com que caíssemos no chão juntas

- SUA DOIDA! - gritei, me levantando e ajudando ela

- VOCÊ VIU ISSO? É MUITO LINDOOOO - gritou, sendo que já estávamos pulando de mãos dadas, de tanta animação

- SIMMMMMMMM - gritamos que nem duas loucas

- Estou vendo que gostaram - Daniel disse, observando a gente encostado no batente da porta - Mas não precisa fazer esse escândalo, não acham? - adentrou o quarto, se aproximando de nós

- Ai, Daniel, larga a mão de ser chato - eu disse, já calma - Mas muito obrigada, não precisava disso tudo

- Claro que precisava, você vai ficar um ano aqui esqueceu? O mínimo que eu podia fazer é você se sentir em casa, com o que você gosta - olhou ao redor - E você, Sarah, gostou? - a olhou nos olhos -

- Sim, e muito, acho que nunca vi nada mais bonito... Quer dizer... - ficou toda corada -

- Bom, fico feliz que as duas tenham gostado, mas agora eu tenho que sair para resolver umas coisas, fiquem à vontade, se precisarem de algo podem pedir para o Rafael, que trouxe vocês, para a Maria, nossa funcionária, um amor, ou ainda para o Cristóvão, mas geralmente ele fica no meu escritório, resolvendo minhas coisas.

- Espera, Daniel, quantos anos você tem mesmo? - pergunto, já que ele estava falando tanto de "resolver coisas"

- Alícia, como você é burra, se eu sou um ano mais velho que você eu tenho 18, ué -diz, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo -

- E eu ia lá saber?

- Ia -reviro os olhos - Enfim, preciso ir agora, tchau meninas

- Tchau - dissemos, em uníssono