Esqueça me, Noah

Sina

ASSUNTO:  URGENTE.   Reunião  necessária  o  mais rápido possível.
 
Ei Sina,

Espero  que  seu  primeiro  semestre  em  terra  esteja  indo bem. (Ainda falta alguma coisa sobre o Semestre no Mar?) Algo  importante  chamou  à  minha  atenção,  então  há alguma  maneira  de  me  encontrar  durante  o  horário  de trabalho quando voltar de férias no próximo mês?

PS  -  Parabéns  pelas  duas  peças  vencedoras  no   Rose Awards.

Arnold Hinton,
Supervisor acadêmico

* * *

ASSUNTO: RE: URGENTE.  Reunião necessária o mais rápido possível.

SR. HINTON,

Meu  primeiro  semestre  em  terra  está  indo  muito  bem.

(Não falta nada)

Podemos fazer na primeira sexta-feira do próximo mês às 15:00?

PS - Muito obrigada.

* * *

ATUALIZO MEU E-MAIL, esperando por sua resposta, e uma mensagem de texto de Noah aparece na minha tela.

Noah:  Acho  que  mereço  ser  pago  pelos  meus  serviços desde que finalmente conseguiu sua carteira de motorista...

Eu: Estou com pouco dinheiro, vai aceitar minha boca e um boquete?

Noah:  Depende  se  você  vai  me  dar  enquanto  estou dirigindo meu carro ou não...

* * *

“VAI  PASSAR  este  jantar  inteiro  olhando  para  o  seu telefone, Sina?” A voz do meu pai me faz olhar para cima.
“Não disse uma única palavra nos últimos vinte minutos.”

“Desculpa.” Desligo meu telefone e suspiro.

Consegui evitar passar mais do que alguns minutos com ele desde o início do semestre, e antes que pudesse ligar para reiniciar o contato em meus próprios termos, ele apareceu em casa hoje e insistiu em me levar para um “jantar em família.”

O  único  problema  é  que  a  mulher  sentada  entre  nós  nunca será considerada familiar para mim.

Nunca. 

“Amo  a  sua  casa, Sina,”  diz  sua  esposa.  “E  acho realmente  fofo  que  você  e Noah sejam  cordiais  o  suficiente agora que possam viver sob o mesmo teto. Nunca pensei que vocês dois estariam em boas condições.”

“Pai, você pode passar o sal, por favor?”
Ele passa para mim.

“Então, hum...” Sua esposa sorri. “Vocês dois mantiveram contato enquanto estava no  mar, ou acabou  por encontrá-lo quando voltou?”

Salgo  meu  purê  de  batatas  e  coloco  uma  colherada  na minha boca.

“Sina.” Meu pai me repreende suavemente. “Stella está tentando falar com você.”

“Está? O que ela perguntou?”

“Ela  perguntou  se  você  e Noah Urrea mantiveram contato  enquanto  estava  no  mar,  ou  você  topou  com  ele quando voltou?”

“Mantivemos contato enquanto estava no mar.” Bebo meu vinho, evitando o sorriso falso de Stella.

“Então,  ele  manteve  sua  agenda  de  portos  e  enviou cartas?” Stella pergunta.

Pego uma faca e espalho manteiga em um pão.

“Sina Maria Deinert...” Meu pai coloca o guardanapo na  mesa.  “Não  tenho  certeza  porque  insiste  em  ser desrespeitosa com a minha esposa, mas...”

“Porque ela é desrespeitosa  comigo!” Ataco. “Vocês dois me trazerem aqui de todos os lugares também é desrespeitoso comigo. Por que você fez isso?”

Seu rosto empalidece enquanto olha para o cardápio do Blue  Lake  Café.  Então  ele  aperta  a  mão  da  esposa. 

“Sinto Muito. Nem percebi... Ainda não muda o quão rude foi com ela ao longo dos anos, e agradeceria se pelo menos tentasse aceitar isso.”

“Vamos em frente e falar sobre o porquê isso nunca vai acontecer, não é?” Sinto meu sangue ferver. “Acredito que ela aceitou o título de 'esposa' cerca de dezesseis meses depois que sua primeira esposa, minha mãe, morreu certo?”

“Sina...” Há mágoa em seus olhos. “Sina, por favor, não faça isso agora.”

“Por favor, não faça o que?” Dou de ombros. “Perguntar como diabos você pode se casar com a melhor amiga da minha mãe menos de dois anos depois que ela se foi? Tenho certeza de que não é algo que sua filha se atreva a perguntar.” Olho Stella diretamente em seus olhos. “Você era minha madrinha.
Como diabos você dorme à noite?”
Ela parece como se à beira das lágrimas.
“Se está esperando que aceite os dois juntos,” digo. “Está perdendo o seu maldito tempo.”

“Sina,  olha.”  Stella  engole  em  seco.  “Sei  que  pareceu que foi rápido na época, mas se apenas me ouvir por alguns segundos...”

“Nunca vou estar interessada em uma única palavra que você  tem  a  dizer.”  Fico  de  pé  e  olho  para  o  meu  pai.  “Da próxima  vez  que  você  quiser  'recuperar  o  atraso'  comigo durante o jantar, não me traga aqui, nem traga ela também.”

Vou  embora  antes  que  ele  possa  responder,  passando pelo  estacionamento  e  descendo  a  rua.

Chego  ao  café  na esquina e respiro fundo algumas vezes, tentando me acalmar.

Não  adianta.  Herdei  parte  da  personalidade  de  'cabeça quente' da minha mãe, e sei que levará muito tempo até me sentir bem de novo.

Começo a ir para um ponto de ônibus e sinto meu celular vibrar no bolso. Uma mensagem de texto de Noah.

Noah: Como vai o jantar?

Eu: Ótimo ☺

Noah:  Você  costuma  enviar  emoticons  apenas  quando está chateada... Como isso realmente está indo?

Não respondo.

Continuo  andando  até  o  ponto  de  ônibus,  sentindo  as lágrimas picarem meus olhos a cada passo. Quando chego ao ponto,  olho  para  o  cronograma  e  percebo  que  o  próximo ônibus não chegará por trinta minutos.

Enquanto caio no banco, o conversível azul de Noah para ao lado da parada.

“Algo me disse para jantar aqui para que pudesse estar por perto,” ele diz, sorrindo. “Quer entrar?”

Levanto e entro em seu carro.

Seus  lábios  encontram  os  meus  antes  que  eu  possa apertar  meu  cinto  de  segurança,  ele  olha  nos  meus  olhos.
“Quanto tempo você durou?”

“Vinte minutos.”

“Isso  é  cinco  minutos  a  mais  do  que  pensava inicialmente,” diz. “Quer falar sobre isso?”

“Na verdade não.”

“Gostaria de se debruçar sobre meu colo e generosamente acariciar  meu  pau  com  sua  boca  para  a  carona  para  casa, então?”

“Sério?” Olho para ele e sorrio. “Essa é a verdadeira razão pela  qual  está  por  perto,  não  é?  Porque  queria  um  boquete enquanto dirigia?”

“Claro que não.” Ele sorri. “Estava por perto porque me preocupo com suas necessidades emocionais.”

“Certo.” Reviro os olhos e abro o zíper da calça dele. “Essa é a primeira vez.”

“Não  é.”  Ele  me  beija  antes  que  posso  soltar  o  cinto. “Sempre tive.”