𝐏𝐎𝐒𝐒𝐄𝐒𝐒𝐀𝐎

734 69 196
                                    

(POSSESSÃO)


Gente, a quanto tempo!? Desculpem a demora, muitas coisas aconteceram essas semanas, estive um tanto off da escrita, mas voltei de boa agora no final de semana.
Mais um capítulo profano pra vocês!
Boa leitura e boa descida, que o tobogã te (nos) ajude!

~(˘▾˘~) ~(˘▾˘)~ (~˘▾˘)~

◁━━━━◈•✠•◈━━━━▷

"E se você soubesse que me causa calafrios e vontades absurdas..."

Ainda podia ouvir o tintilar das gotas d'água da chuva no agueiro, a noite já crescia desbravando lá fora, Yuji ainda sentia os olhos fervilhar pelas lágrimas que ousavam cair displicentes. Antes elas rolavam feito cachoeiras intermináveis, estrondosas e abundantes, agora, elas estavam finas e modestas, mas ainda lhe colocando o peso do marcado existir em seus ombros.

— Yuji, você está aí? — Falou uma voz fraca vindo da porta.

Com um estalo veloz, o garoto levantou e cobriu o corpo com o primeiro tecido que tinha por perto, não precisava que lhe vissem desnudo e marcado pela injúria do mal.

— Estou...— falou, respondendo àquela voz — pode entrar.

Yuji sabia de quem se tratava, não só pela voz, mas pelo tom preocupado que só existia na fala de seu avô, ao lhe dirigir a palavra. O velho entrou no quarto e, sem muito dizer, vasculhou o cômodo.

— Padre Yaga veio lhe ver — olhou de canto de olho o neto encolher os ombros — e eu disse que você estava indisposto.

O olhar do Itadori mais jovem tranquilizou por alguns instantes.

— Me diga, por que andou chorando? — Perguntou o avô.

— Não foi nada... — Respondeu Yuji apertando o tecido que lhe adornava o corpo.

— Tudo bem, se precisar conversar, estarei na sala... — Senhor Itadori disse saindo do quarto do rapaz.

A cabeça de Yuji estava tonta, em uma confusão de sentimentos, era como uma orquestra, martelando em seus ouvidos e sua mente. O garoto sentia o peso do recado do seu avô em seus ombros, mas nada parecia importar, ele só escutava e prestava atenção a pressão do sangue ao circular o corpo e aquela estranha ladainha cantada nas profundezas de sua mente.

Olhou o próprio corpo, as marcas de horas atrás haviam sumido. Teria sido um sonho? Um pesadelo, na verdade. A pele estava sensível nos locais que elas estavam, mas não eram vistas a olho nu, ele sentia, no entanto, a incontrolável vontade de tocá-las, sentia exatamente onde elas estavam. Pareciam mascaradas aos outros e feitas apenas para uma tortura incessante a Yuji.

Sentou-se na ponta da cama, olhou novamente o reflexo da criatura que algumas horas atrás estava em paz consigo mesma e com tudo ao seu redor. Agora, essa estranha criatura que lhe encarava de volta pelo reflexo gélido do vidro espelhado, era tudo, menos o garoto sorridente que costumava ser.

"Mal agradecido!"

Yuji não aguentava aqueles pensamentos que lhe apeteciam a mente e inundavam-lhe os tímpanos, aquilo precisava parar!

Ele levantou decidido, precisava de um banho, quem sabe a límpida e gélida água corrente, livraria aquele peso desmedido. Sentiu as pernas bambearem ao levantar, mas não titubeou, entrou no pequeno banheiro. Mal fechou a porta, teve seus tímpanos agraciados de forma ensurdecedora pela ríspida e rouca voz de um além familiar, porém desconhecido.

𝐏𝐑𝐎𝐅𝐀𝐍𝐎Onde histórias criam vida. Descubra agora