Capítulo 2

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Júlia

Pensar que isso nunca aconteceria seria muito inocente da minha parte, Guilherme era um homem incrível e lindo. Mas era difícil processar a informação, ele foi meu marido, e por muito tempo eu jurei que o amava e mesmo que não fosse nada irrevogável, eu ainda tinha algum tipo de sentimento por ele. Naquele momento saber que ele conseguiu seguir com sua vida, me deixava um pouco para baixo, pois eu não conseguia fazer aquilo e só ficava me lamentando de como o meu coração tinha sido destroçado uma segunda vez.

— Fale alguma coisa Júlia, por favor — ele pede ansioso ao meu lado, sua mão cobrindo a minha.

— Eu... eu... — quero me bater por minha voz falhar nesse momento. — Estou feliz por você. — Tento meu melhor sorriso.

Não era mentira, pois eu realmente estava feliz por ele. Só não esperava ser pega de surpresa daquela maneira.

Guilherme respirou fundo, segurou minha mão e nos conduziu novamente para a sala. Sentei no sofá e ele colocou uma das poltronas de frente para mim, segurando minhas mãos ele olhou dentro dos meus olhos.

— Eu nunca faria nada para magoar você.

— Guilherme, realmente não precisamos ter essa conversa — digo com o resto de dignidade que ainda tenho.

Mas ele sempre foi franco comigo, e tenho certeza que ele não pretendia mudar isso entre nós.

— Não se sinta mal por minhas palavras Júlia, mas eu sei que fui eu que estragou tudo, acredito que por você ainda estaríamos juntos. Mesmo que no fundo nós saibamos que o nosso amor, nunca tenha sido o tal do felizes para sempre.

Sorrio sem graça.

— Não seja tão pretensioso. — Tento brincar com a situação, para esconder meu constrangimento.

— Júlia... — Guilherme estava sério.

Mas eu não podia deixar que ele tentasse tomar as rédeas de uma situação que nem era para estar acontecendo.

Por isso, levantei-me do sofá e me afastei dele, enquanto dirigi-me para a janela e encarei a rua que não tinha nenhum movimento naquele momento.

— Olha, Guilherme, vou ser sincera, ok? — Não voltei-me em sua direção para saber se ele estava concordando com algo — Tudo bem, você estar namorando novamente, desejo sua felicidade, do fundo do meu coração. É bom saber que alguém já superou o fim do nosso casamento e que está seguindo a vida. Eu sempre sou mais demorada para dar o ponta pé inicial. Sua única responsabilidade é o nosso filho. — Paro de falar por um segundo, pensando se devo ou não continuar, mas como mãe é meu direito ficar preocupada. Dessa vez, prefiro encará-lo, para que ele entenda o meu ponto de vista. — Não me entenda mal, mas só espero que saiba quem está colocando para conviver com nosso filho. — Espero uma retaliação pela última frase, mas ela não vem.

— Você tem todo direito de estar preocupada, eu entendo. Mas pode ter certeza que ela é uma pessoa muito boa e está ansiosa para conhecer vocês.

— Vocês? — pergunto preocupada.

— Ela quer que você a conheça para não ficar preocupada quando estivermos com o Bernardo.

— Só o fato dela querer isso, é suficiente para mim.

Senti um sorriso abrir em meus lábios e um pouco da preocupação que recaiu sobre mim, desapareceu, pois senti que talvez aquela mulher não fosse nenhuma megera.

— Ainda assim, vou acertar com você depois, um dia melhor. — Assenti sem escapatória. — Mas Júlia. — Guilherme voltou a se aproximar de mim e segurou minha mão com mais força, como se desejasse passar segurança. — Você sempre será minha responsabilidade. — Sua voz fica embargada e isso toca meu coração. Droga! Eu não queria chorar. — Você e o Bernardo são as pessoas mais importantes da minha vida, você me deu o melhor presente que um homem pode receber e sempre vou te amar por isso. — Quando ele se aproxima para me abraçar, meu coração está em pedaços e as lágrimas descem por meu rosto.

O bebê do meu vizinho - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora