Capítulo 5

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Júlia

Theo começou a dar alguns passos em minha direção e com isso acabei saindo do meu transe. Respirei fundo buscando coragem para olhá-lo novamente, era uma mulher madura e não deveria demonstrar fraqueza naquele momento. Podia muito bem lidar com a situação.

E quando percebo que ainda o encaro, recrimino-me, mas é impossível não notar como ele se transformou em um homem ainda mais lindo. Seus olhos azuis me fitavam com uma intensidade aterrorizante, capaz de me fazer com que eu perdesse o ar.

Tento balançar a cabeça, para me desvencilhar daqueles pensamentos conflitantes, mas não consigo, eu não estava preparada para ficar no mesmo lugar que ele.

— Maya, atenda esse senhor, por favor.

Tirei meu avental, colocando-o em cima da mesa e saí da minha própria cafeteria, para não ter que olhar para Theo.

Só que não seria fácil, como eu queria, para desvencilhar dele, afinal eu não tinha conseguido dar nem mesmo três passos na calçada antes que ele me alcançasse. Seu pequeno toque em meu braço causou arrepios em minha pele, um frio enorme tomou conta da minha barriga e eu até senti vontade de chorar, mas não deixei que uma lágrima sequer descesse por meu rosto.

Evitei ao máximo não pensar nele nos últimos anos e com tantos problemas que passei, até tinha conseguido, afinal em minha mente Theo ficaria para sempre no passado.

— Me solte — pedi com a voz embargada.

— Júlia. — Seu tom era quase um sussurro angustiado.

— Me solte — pedi com mais convicção.

— Eu só queria conversar.

Reuni toda coragem que tinha e virei para encará-lo. E caramba como ele estava lindo. Theo sempre teve um jeito misterioso, e ao mesmo tempo uma expressão inocente, quente e sexy até o inferno e os anos só intensificaram isso. Seu cabelo estava mais escuro, em um corte moderno, que o deixava ainda mais desejável. Suas sobrancelhas grossas sempre lhe deram um olhar misterioso e agora com essa barba espessa ele estava completamente irresistível.

Por favor, porque raios estava tão obcecada pela aparência dele?

— Acredito que não temos o que conversar Theo, tudo já foi dito — Disse firme, a raiva transbordando por cada célula do meu corpo.

Ele suspirou, e eu acreditei que iria dizer mais alguma coisa, mas ele simplesmente saiu deixando-me sozinha.

Sua especialidade.

Voltei para a cafeteria sob o olhar preocupado de Maya, mas infelizmente hoje não se tornou um bom dia e decidi ignorar sua preocupação. Também não iria me permitir pensar em Theo. Ele se foi e acabou. Assunto encerrado.

Trabalhei o restante do dia no automático, como Guilherme estava com Bernardo, decidi ficar até um pouco mais tarde na cafeteria, limpando e organizando.

E era naquilo que eu queria acreditar, já que eu não podia dizer que não queria ir para casa, pensar naquele infeliz que apareceu a minha frente.

Enfim, assim que dei meu expediente por encerrado, fechei o café e fui para minha casa. Tudo o que queria era um banho na minha banheira e dormir. Mas com minha rotina, sabia bem que isso não seria possível. Porém fui surpreendida ao chegar em casa e encontrar meu filho de banho tomado e tomando sua mamadeira.

— Espero que não se importe — Guilherme murmura.

— Me importar? Eu beijaria você agora! — brinco e me arrependo imediatamente. — É.. eu.. eu não quis dizer literalmente, você sabe...

O bebê do meu vizinho - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora