fairies' house

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Estava atrás do balcão cortando legumes estrategicamente de frente para a janela que tinha vista para o quintal

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Estava atrás do balcão cortando legumes estrategicamente de frente para a janela que tinha vista para o quintal. Ainda era cedo para começar a preparar o almoço, mas estava ansiosa, a qualquer momento agora Wilmer e Emmy chegariam e eu não tinha nada para fazer para me ocupar. A casa estava perfeitamente limpa, ontem ele mesmo me ajudou a preparar o quarto para recebê-los e até mesmo o jardim já havia sido cuidado pelo jardineiro que vinha duas vezes por semana, já que eu normalmente não tinha tempo nem habilidade para cuidar de todas aquelas flores e ervas que cobriam tanto a entrada quanto os fundos da casa, era lindo, mas bem difícil de manter.

Reconheci o carro vermelho cuja a marca eu não fazia ideia, ele não usava mais o mesmo sedã da época que estávamos juntos, bom, o meu carro também não era o mesmo. Enfim, fui pra porta, e assim que abri, vi o carro estacionado em frente ao jardim e Wilmer atravessando-o, ele sorriu e acenou para mim e, não gostava de admitir que meu coração errou uma batida com esse gesto. Ele abriu a porta traseira e deduzi que estava tirando Emmy da cadeirinha, e fiquei feliz em ver que ela parecia pouco com a criança doente que conheci no hospital há poucos dias. Sua pele agora estava num lindo tom melânico, pouco mais escura que seu pai, seus cabelos crespos estavam presos em pequenos coques por toda sua cabeça. Ela desceu correndo em minha direção, pude ver que ela usava um macacão azul bebê e segurava  uma dúzia de flores amarelas, mas não pude observar bem, já abraçou minhas pernas e fiquei sem reação por um momento.

-Oi, Dem! Lemba de mim? - eu senti uma sensação estranha quando olhei em seus olhos que, agora livres da icterícia, eram idênticos aos de Wil, mas de alguma forma ainda mais doces e inocentes. Um pensamento intrometido tentou interferir, mas rapidamente o afastei e foquei no presente e na garotinha a minha frente que me olhava com expectativa. Dei o melhor sorriso que consegui enquanto respondia:

-Claro que lembro, Emmy, como poderia esquecer?

-Aqui, complamos para você. Eu escolhi e o papai pago - ela disse estendendo as flores, eram lindos girassóis médios embrulhados em papel pardo com uma fita vermelha de laço.

-Obrigada, eu amo girassóis. 

-Viu, papai? Eu disse que ela ia gostar mais do meu plesente.

-A senhorita é muito convencida, ela ainda nem viu o meu - ele brincou vindo em nossa direção com uma enorme mochila rosa em um braço e uma embalagem familiar em mãos. - bom dia, Sunshine, espero que ainda sejam seus favoritos.

As palavras ficaram presas na minha boca e só assenti como uma idiota pegando a caixa de bombons da Kopenhagen que ele me comprava em todo dia de São Valentim, no meu e no nosso aniversário. Aquilo era mais do que só chocolate para mim, para nós. A primeira vez que ele me deu foi no nosso primeiro aniversário de namoro. Estávamos na sacada de seu antigo apartamento bebendo vinho quando ele trouxe a caixa, e, embaixo de cada bombom havia um bilhetinho dizendo algo que ele amava em mim ou sobre mim. Eu passei a madrugada inteira comendo chocolate e tive dor de barriga no dia seguinte, mas valeu a pena, eu ainda guardava cada papelzinho em uma caixa que, caso ele não tenha jogado fora, ainda estava no seu apartamento. 

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