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Eu fiquei com o que Caitlyn me disse na cabeça nos dois dias seguintes

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Eu fiquei com o que Caitlyn me disse na cabeça nos dois dias seguintes. Havia recebido alta ontem à tardinha, minha irmã me trouxe para casa, cozinhou uma sopa horrorosa que tivemos que jogar fora e pedir comida. Não tocamos mais no assunto, embora eu suspeitasse que ela estivesse passando a noite comigo, de novo, para evitar Ed. Eu conseguia ver que minha irmã estava sofrendo, e aquilo me corroía, mas eu não sabia o que poderia dizer para confortá-la, porque ela tinha feito uma coisa horrível que eu não sabia como lidar, então era melhor não falar nada e comprometer nossa relação.

Mesmo que eu tivesse absoluta certeza de que ela era uma boa pessoa e que eu sempre estaria do lado dela, eu não conseguia entender como ela tinha sido capaz de fazer algo assim e, por isso, estava me esforçando muito para entender o seu lado. Ela amava Ed, muito, e ter se atraído por outra pessoa não mudou isso, ela continuava amando e se sentindo atraída por seu marido. No entanto, em um happy hour após o trabalho, as coisas saíram do flerte inocente para algo mais complicado, ela me contou.

Eu me sentia uma hipócrita porque sempre condenei qualquer tipo de traição e, se me perguntasse, eu torcia para que Edward perdoasse a minha irmã e desse uma segunda chance para ela, simplesmente porque eu acredito nela. E sabia que isso era injusto com Ed, que era a verdadeira vítima nessa história, eu já estive na posição que ele em breve estaria e eu nem mesmo cogitei a hipótese do que eu queria que ele fizesse. E isso me trouxe perguntas que eu achei que nunca fosse querer as respostas sobre o meu próprio relacionamento desfeito.

Será que foi assim com Wilmer? Ele achava divertido flertar com outras pessoas sem se comprometer de verdade e as coisas um dia saíram do controle? Ou ele foi tão tentado a ponto de ceder à luxúria e só se dar conta da besteira que havia feito com o raiar do dia? Eu precisava ouvir o lado dele, porém ainda sentia uma tremenda ansiedade e um grande bloqueio contra a ideia, sabia que se ouvisse agora, teria a mesma reação de anos atrás, mas não sabia como me preparar para isso. Talvez fosse isso que eu precisava para ter um encerramento de verdade e conseguir seguir em frente plenamente. 

Percebi que enquanto estava devaneando, enchi a folha na minha frente de rabiscos desconexos. Eu estava no quarto anexo da minha casa, que eu havia ignorado nos primeiros meses que morei ali simplesmente porque o papel de parede me dava a sensação de que aquilo era um quarto de bebê e me doía. Mas eu precisava de um quarto extra, principalmente quando meus irmãos dormiam aqui, então comprei uma cama simples e movi minha mesa de trabalho para lá, pois havia uma grande janela virada para o jardim de trás que entrava muita luz e era perfeito para trabalhar, e, com o tempo, desencanei da história do quarto de bebê. Não era para ser, e, eu precisava me conformar e seguir em frente, como o mundo seguiu.

A melhor forma de me ocupar era com o trabalho, claro. Mesmo estando de licença, eu queria pelo menos começar a ter ideias do grande projeto que seria feito nos próximos meses, mas ainda não haviam definido quem ficaria com ele. Era audacioso e eu o queria, por isso, precisava de alguns rascunhos para mostrar na reunião de brainstorm que teria logo assim que eu voltasse, mas até então não me vinha nada a cabeça. Havia desistido de começar pelos aplicativos usuais que trabalhava no meu iPad e, relembrar, de quando eu achava divertido desenhar prédios nos meus cadernos da escola com lápis de cor, mas até agora nenhuma inspiração havia chegado também. Eu ouvi a campainha tocar, então saí do quartinho escondido ao lado da cozinha para ir atender.

-Só um minuto! - gritei, pois estava andando bem devagar porque estava um pouco dolorida da pequena caminhada no jardim que fiz mais cedo. - Wil, oi!

-Oi, como você está? - ele perguntou, em sua mão havia alguma coisa quadrada coberta por um pano de prato.

-Estou bem, você não precisa ficar vindo aqui.

-Sabe que eu não vou ficar em paz sem saber se você está bem, ainda mais ficando aqui sozinha esse tempo todo.

-Eu sei me cuidar, sempre soube.

-Eu sei disso, mas você foi operada há dois dias, nesse momento tudo que não precisa fazer é se cuidar sozinha. Vamos lá, me deixe fazer pelo menos isso, eu trouxe até comida caseira, na verdade a senhora Clark do 402 quem mandou, mas ainda sim.

-A senhora Clark? Ela está amigável agora? - perguntei me lembrando da minha ex vizinha rabugenta que sempre começava discussões no grupo do prédio pelas coisas mais absurdas.

-Mais ou menos. Ela sempre manda comida quando eu e Emmy estamos no hospital, mas suspeito que seja porque ela quer que eu namore a filha dela, na verdade, ela já deixou isso bem claro, e mesmo eu insistindo que não ia rolar, ela continua mandando então agora eu só aproveito.

-A filha dela não tem tipo uns cinquenta anos?

-48, segundo ela. - o celular dele começou a tocar, ele fez uma careta ao retirar o celular do bolso e olhar o visor, então me disse: - Só um minuto, preciso atender.

Fui até a cozinha onde ele havia deixado uma topware no balcão para ver o que era que cheirava tão bem, e com a intenção de não ficar ouvindo a conversa alheia. Mas, como a casa era pequena, com cozinha e sala integradas, foi impossível não ouvir uma parte da conversa que não fez sentido para mim, mas pareceu perturbar muito James. Quando estava terminando, disfarcei abrindo os armários pegando pratos e talheres para comermos o que parecia ser algum tipo de escondidinho.

-Posso perguntar o que aconteceu? - perguntei, ele parecia transtornado com o que quer que ouvira e, pelo que entendi, tinha algo a ver com Emmy e que demoraria.

-Tem novos vizinhos no 804, parece que o filho deles estava tendo alergias e descobriram que tinha mofo por todo lugar embaixo dos forros do teto. Bill mandou investigar todos os outros apartamentos e no nosso está pela sala, cozinha e quase chegando nos outros cômodos. 

-Que horror, e o que vai acontecer?

-Vão interditar tudo para trocar o forro.

-E o que você vai fazer com a Emmy? Ela tem alta amanhã, não é?

-Eu não sei, um hotel provavelmente. 

-E a Heather? Ou aquele apartamento que você disse que comprou para Emmy?

-Heather tem muitos gatos, eles ficam pela casa toda e Emmy é alérgica. O outro apartamento Charlotte se apropriou e tudo que eu não preciso agora é ter que lidar com ela.

-Você não pode ficar com uma criança operada num quarto de hotel.

-Não tem muitas opções, Sunshine. Minha família mora longe e ela não pode viajar.

-Então fica aqui. Tenho um quarto extra.

-Não sei se é uma boa ideia. Na verdade, eu adoraria poder ficar de olho em você e Emmy ao mesmo tempo, mas eu sei que no fundo você ainda não me perdoou, não quero que seja forçado. 

-Wilmer, eu quero saber o que aconteceu entre você e Charlotte quando a gente estava juntos, eu quero ouvir o seu lado e conversar sobre, como dois adultos. Mas, sinceramente, eu ainda me sinto magoada e achei que o tempo fosse melhorar, mas não melhorou. Pode ser uma completa idiotice, mas talvez me reaproximar de você ajude e então todo mundo sai ganhando.

-Tudo bem, Sunshine, se é isso que você quer, a gente vem para cá. E sobre a conversa, vamos fazer no seu tempo, eu já esperei dois anos, posso esperar um pouco mais.

 E sobre a conversa, vamos fazer no seu tempo, eu já esperei dois anos, posso esperar um pouco mais

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