capítulo 3 - no alvo

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A missão de achar um arco está sendo mais difícil do que deveria.

-Você precisa entrar lá- digo cochichando para a minha professora.

-O que? Você tá maluca?- ela disse incrédula e um pouco apavorada.

Estavamos ajoelhadas ao lado dos chuveiros masculinos, onde alguns meninos tomavam banho.

-Você conhece eles.- digo me divertindo.

-Exatamente por isso, Dakota.- ela vira pra mim de olhos arregalados.

-Eles não vão te ver, estão com as cortinas fechadas.

Olhamos juntas em direção aos chuveiros, onde a fumaça tomava conta do local. Os arcos estavam no banco em frente a eles.

-Você não está pensando. Tem noção do que aconteceria se soubessem que tem uma professora dentro do vestiário masculino?- Sua voz saiu um pouco mais alta do que deveria, então faço um sinal de silêncio com meu dedo.

Olho pra ela, olho para o arco. Ela tem razão. Eu preciso fazer isso. Passo na frente dela e me ajoelho. Tenho que ir engatinhando até o banco.

-Dakota.- ela diz desesperada, mas ainda sim cochichando.

Eu consigo fazer isso. Vou engatinhando pelo chão sentindo o mesmo úmido. Olhei em direção aos garotos, e conseguia ver seus pés em possas de água. Eu contei cinco deles. Precisava ser rápida pois sabia que eles iriam sair do banho a qualquer momento.

-Será que alguém sabia sobre os pais da menina?- um dos garotos fala enquanto eu estou esticando meu braço para pegar o arco.

Ah, não. Agora não.

Olho para Elizabeth, que tinha a expressão horrorizada. Volto meus olhos ao arco e o pego em silêncio. Coloco o arco atravessado em meu corpo, e levo o compartimento com as flechas na mão.

-Acredito que não. -outra voz toma o ambiente, me deixando ainda mais nervosa.- Acho que ninguém deixaria chegar a esse ponto.

Quando estou perto de Elizabeth, a mesma me ajuda com as flechas e abre um sorriso como uma criança ganhando doces. Fico extremamente derretida com a situação.

-Meus pais são rígidos, mas acho que jamais me pressionariam dessa forma.- foi a última coisa que ouvi antes de sair correndo junto com Elizabeth.

Percebi agora que ela havia tirado os sapatos, e os carregava na mão.

Não seguramos as risadas quando chegamos ao final do corredor. Pareciamos duas crianças batendo na porta dos vizinhos e correndo logo em seguida. Elizabeth tinha o sorriso mais encantador do mundo, e eu faria qualquer coisa para vê-la feliz dessa forma.

-É por aqui. -ela segura minha mão, e antes que eu pudesse ficar feliz com aquilo, ela me puxa com uma força absurda que nos faz correr.

Chegamos a um campo onde há pista de corrida, traves de futebol e alguns alvos para arco. Olhei mais ao redor e vi um estacionamento pequeno, que acredito ser o estacionamento dos professores e dos atletas.

-Vamos. Temos que ser rápidas. -digo olhando para ela, que se encontrava abraçada com as flechas como se sua vida dependesse delas.

Ela está com medo?

Peguei o arco das minhas costas e percebi que não tinha a proteção de segurança nos dedos. Vai ser um pouco mais difícil dessa forma. Andamos em direção aos alvos e ficamos a alguns metros de distância.

-Pronta?- diga puxando uma flecha para fora da bolsa que ela segurava. Observei a ponta da flecha e era mais afiado do que eu imaginei. Estiquei a flecha no arco.

wild eyes - elizabeth olsen Onde histórias criam vida. Descubra agora