capítulo 5 - a verdade pt. 1

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A entrada do restaurante era sofisticada. Elizabeth entrou, cumprimentando alguns funcionários e todos eles pareciam ter um carinho enorme por ela. Ela é realmente encantadora.

-Eu sempre sento lá em cima. A vista é incrível. -ela disse apontando para o andar acima de nós e indo em direção a escada.

Subimos um lance de escadas e chegamos ao local com algumas mesas. Havia uma família e um casal almoçando ali. Sentei na mesa que Elizabeth estava colocando as chaves do carro e sua carteira, e ela tinha razão... A vista é realmente incrível.

Estavamos em algum ponto mais alto na cidade, nos dando vista das árvores com o tom mais lindo que a primavera poderia proporcionar.

-É lindo, não?- ela diz extasiada com uma felicidade contagiante.

Olho para ela, que está com o rosto apoiado em uma das mãos e com um sorriso lindo analisando a vista. Deus, essa mulher consegue ser cativante em qualquer aspecto. Como isso é possível.

Olho para a mesa a minha frente e pego um sache de açúcar, tentando conter meu nervosismo. Eu realmente quero saber o que aconteceu com ela mas tenho medo do que vou escutar.

-Então...-Elizabeth diz, me tirando dos meus pensamentos.

-Não sei como conversar sobre isso, Elizabeth. -digo sem muita expressão.

Eu realmente não sabia como introduzir esse assunto sem parecer uma curiosa emotiva.

-Pode me chamar de Lizzie, por favor. E você não precisa falar nada se preferir. Eu não sei o que você leu mas vou ir pelo começo. -sua voz era calma e parecia quase triste.

-Fique a vontade, Lizzie. -digo dando ênfase ao apelido dela.

Ela pareceu gostar, pois deu um sorrisinho de poucos segundos antes de virar uma expressão séria.

-Bom, eu era casada há alguns anos atrás. Ele não era a pessoa dos meus sonhos mas eu simplesmente me acomodei. Nos conhecermos na faculdade e nessa época ele era o homem mais educado que eu já havia conhecido. Ele me tratava como uma princesa. Me dava flores todo final de semana e me presenteava em cada feriado do ano, até mesmo no dia da independência. - ela sorriu, aparentemente lembrando do momento.

Então sua expressão ficou fria.

-Ele me pediu em casamento alguns anos depois, e eu aceitei. Mas parece que me casei com duas pessoas completamente diferentes. No nosso segundo mês morando juntos, ele havia comprado uma televisão nova e pediu para ajudar a subir com ela para o nosso quarto. Quando estávamos passando, eu arranhei a parte de trás da televisão no corrimão da escada e a expressão dele mudou na mesma hora.

Um nó começou a se formar na minha garganta. Isso não vai acabar bem.

-Quando terminamos de subir a televisão, nós a colocamos no chão e ele olhou para o arranhão. Eu pedi desculpas, disse "ainda bem que está na parte de trás." ele começou a se aproximar de mim, e antes que eu pudesse dar conta do que estava acontecendo, ele já havia me forçado a ajoelhar enquanto puxava meu cabelo e esfregava meu rosto onde estava arranhado. -lágrimas já corriam o rosto dela.

Segurei sua mão por cima da mesa enquanto a olhava e sentia sua dor em relembrar aquilo.

-E foi disso pra pior... Fui jogada da escada, tapas e socos eram frequentes. Ele me forçava a tirar fotos enquanto estávamos tendo relações e depois me ameaçava com elas, dizendo que vazaria todas elas se eu fizesse denúncias contra ele.- sua expressão de dor foi virando uma expressão de ódio.

-Lizzie, não precisa me contar. Deve ser doloroso demais.

Ela dá um sorriso, sem felicidade nenhuma.

-Dakota, eu tive que mudar de cidade ano passado. Deixei minha família e meus amigos para trás para que ele não pudesse me achar.

Suas mãos apertavam a minha mas eu não me importei, pois a raiva me anestesiou.

-Onde ele está?-digo com receio da resposta.

Elizabeth seca seu rosto com a sua mão desocupada e tenta tomar a postura novamente.

-De acordo com meu advogado, ele continua no mesmo lugar. Trabalhando e vivendo a vida dele como se não me procurasse todos os dias.

-Mas e o boletim de ocorrência? No que deu? Eles não viram que você estava machucada? Como ele não foi preso?-meu tom de desespero é aparente.

-Eu retirei a queixa. Ele iria mandar minhas fotos para meus alunos, e colocar a culpa em mim. O processo é apenas o divórcio agora. Quero minha parte da casa e minhas coisas de volta... Não quero nada dele.- seus olhos vermelhos olhavam pra mim enquanto tentava conter as lágrimas.

Se eu ver esse homem algum dia, eu juro por Deus que não respondo por mim.

-Da última vez que isso aconteceu, ele tentou me esfaquear. Pulei a janela da cozinha tentando fugir.

Estava com medo da resposta, mas eu tinha que perguntar.

-Você conseguiu fugir?-minha voz falhou.

Lizzie me olhou com seus olhos marinados e com a expressão de dor aparente. Ela balançou a cabeça em negação enquanto tentava conter um soluço.

Me levantei e sentei ao lado dela. Sua cabeça estava entre o meu pescoço e eu a abracei enquanto ela não segurava a choro. Olhei para trás e percebi algumas pessoas olhando preocupadas.

Depois de alguns segundos, quando conseguiu conter a respiração, Lizzie continua.

-Eu tentei correr, mas era impossível competir com ele. Ele é atleta e eu não tenho nem coordenação motora para andar direito. -ela soltou uma risadinha.

Ela era realmente mais forte do que eu imaginei. Resolvo abraçar ela mais forte, e fico feliz em ver que agora ela quem me abraçava também. Ficamos assim por alguns minutos até o garçom pigarrear ao nosso lado, fazendo com que a gente se solte.

-Lizzie, seu prato já está pronto, mas reparamos que não fizemos o pedido pra outra senhorita.-o garçom fala apontando seu corpo para mim.

Lizzie se ajeita no banco, tentando melhorar sua aparência.

-Mas eu não fiz o pedido ainda, Depp...- ela fala um pouco confusa.

-A senhorita sempre pede macarrão ao molho pesto com porção de batatinhas salteadas na manteiga de ervas e suco de melancia. Sempre que chega, preparamos o prato imediatamente, senhorita.-Depp fala de uma forma educadamente fofa e atenciosa.

Elizabeth realmente amava esse lugar. Percebo ela rindo sem graça.

-Pode trazer, Depp. Nós dividimos o prato.

Ela me olha com os olhinhos inchados de choro. Acredito que ela tenha perdido a fome tanto quanto eu.

-A senhorita tem certeza? Podemos preparar mais um.

-Tenho sim, não se preocupe.- ela diz tentando consolar o garçom que parecia um pouco aborrecido.

Depp se retira e Elizabeth me olha.

-Me desculpa, eu perdi a fome. Espero que gostem de molho pesto e batatinhas.- ela diz tentando descontrair o clima, mas falha.

Percebo agora que suas pernas ficaram em cima da minha enquanto estavamos nos abraçando. Estavam ai até agora e eu não havia percebido. Começo a acariciar a parte externa da sua coxa com as pontas dos dedos. Ela me olha, ainda triste, com um sorriso sem graça e apoia a cabeça no meu ombro.

-Parece que te conheço há anos.

-Eu também sinto isso.-digo e logo em seguida dou um beijo no topo da sua cabeça.

Eu iria protegê-la de qualquer coisa. Custe o que custar.

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wild eyes - elizabeth olsen Onde histórias criam vida. Descubra agora