Lua de mel (Rindou Haitani)

O casamento

Boa leitura ♡

Melhor dia de todos, ou aquele mais esperado. O casamento, desejo de muitas mulheres e homens também (algumas exceções pelo menos). Sendo uma festa tão sonhada, eu acreditei ser uma realização da vida, parte dela, vendo meu próprio reflexo no espelho, os cabelos muito bem arrumado enfeitados por pedrinhas brilhosas, a tiara segurava o véu transparente, aquele vestido me caía  tão bem, contornando cada curva de forma esplêndida, dando um ar puro e sensual, a renda branca delicada parecia ter sido feita no céu, tecida por mãos de anjos, maquiagem perfeita do meu próprio gosto. Estava tão linda.

Meu estômago revirava, tamanha ansiedade consumindo meu interior, as mãos geladas, era o momento, deixaria muitas coisas para trás, faria votos de amor eterno e fidelidade, tinha tudo pronto até mesmo um texto decorado. Peguei o buquê com minhas flores favoritas presas numa bela fita de seda, aproximei meu nariz sentindo o aroma exalado por elas, lembrei de ter recebido algumas do mesmo tipo há alguns dias atrás, não do meu noivo, mas sim dele, um outro homem o qual eu nem deveria ter tido qualquer contato antes. Sequer deveria estar pensando agora.

Foi aqui, na frente desse espelho, nesse mesmo quarto, foi aqui o nosso último encontro.

- Gostou? - perguntei lhe olhando através do reflexo. Ele arrumou o blase do terno cinza, chegou mais perto tocando minha cintura apertando levemente, sabendo qual tipo de reações  conseguia desencadear naquele simples gesto.

- Está muito bonita, - disse depositando um beijo no meu ombro - seu noivo tem sorte! Terá a minha melhor garota todos os dias. - afirmou bem perto do meu ouvido, o timbre grave trouxe um frio gostoso no estômago. 

- Concordo com você  - sussurrei tombando a cabeça  para o lado, permitindo acessar livremente meu pescoço. - Mas poderia ser você.. - sugeri para provocar alguma reação específica.

- Oh, não meu anjo.. infelizmente, casamento  não é minha praia.. - puxou mais meu corpo para si, meus olhos antes brilhantes ficaram nublados - Por acaso a senhorita quer uma despedida de solteira? - pergunta alisando o busto protegido pelo vestido.

- Sinto muito... Mas não, irei me casar. E será ser o fim da nossa  divertida aventura. - os olhos azuis me fitaram intensos, o sorriso que antes tinha se desfez. 

-  Tem certeza? - depositou outro selar na curva do pescoço dando uma leve corrente  elétrica por toda a derme, arrepiando-me instantaneamente. - Pode ser inesquecível já que será a última vez.

- Tenho certeza. Foi para isso que te chamei, pra encerrar tudo. - me desvenciliei dos seus toques, com toda certeza, se ficasse mais um pouco me perderia nele como sempre acontecia. - Foi bom enquanto durou.. Não vou te esquecer. - beijei carinhosamente seus lábios, sentindo a suavidade dos mesmos.

- Nem eu! Te desejo toda a felicidade do mundo. - falou pegando minha mão depositando um selar em cima do tecido fino da luva, respirei pesado tendo um coração descompassado  dentro do peito. - Adeus..

Meus olhos molharam, limpei rápido antes de alguém aparecer e ver, essas lembranças ficarão sempre guardadas dentro da minha memória. Senti o perfume das flores mais uma vez, esperando apenas o momento de ser chamada para subir no altar. 

Me perdi em pensamentos longínquos, lembrando de tantas coisas, os minutos se passaram lentos.

- Que noiva mais bonita! - meu paidrasto chegou me admirando emocionado, ele me tem como filha, assim me criando com todo seu amor - Esta na hora filha - disse dando o braço. Foram para o carro preto todo enfeitado. Abrindo a porta ajudando a entrar arrumando a calda do vestido para não amarrotar. - Pronta? - pergunta ao volante.

- Sim.. Pode toca pra igreja.. - falei sorrindo. Bem até aqui estava feliz.

- É pra já! 

(...)

O lugar foi adornado de acordo com nossos gostos, a porta da grande igreja enfeitada com fitas e flores, meu paidrasto havia chamado a orquestra de um amigo para tocar a macha nupcial, todos os convidados levantaram quando entrei, andando lentamente, vi minhas amigas vestidas de madrinhas e os padrinhos,  cada qual de um lado, oito pessoas ao total, fora meus sogros, cunhado, cunhada e minha mãe aos prantos. Fiquei tão eufórica, apesar de sentir algo pesar dentro de mim, ainda é um momento especial. Tenho uma história com esse homem, nos conhecemos desde a adolescência, passamos bons anos como amigos e mais uns como namorados. 

Chegando nos degraus do altar, fui entregue ao meu noivo, mamãe pegou o buquê, seus olhos marejados. Eu e meu noivo, Zayn, nos encaramos, ambos sorrindo com olhos brilhantes, mas... Seu sorriso, tinha algo errado ali, não chegava aos olhos e não parecia verdadeiro. Logo o padre pediu que todos se sentassem, a música tinha se encerrado. O homem de meia idade deu início aquele falatório, Deus criou o homem e a mulher, o quão importante é o casamento, a união de duas carnes em uma só.. Durante todo instante, ele vinha nos meus pensamentos, sem ser convidado, seu olhar me devorando.. Quando o conheci em uma balada.. Nossas noites juntos.. Seu jeito de me ter.. suspirei pesado, meu noivo está aqui do meu lado, é ele quem vai viver comigo, vamos construir uma vida juntos, então por que estou insegura  a seu respeito? Pensando em outro.. E se na verdade esse casamento for um erro? Estou feliz agora, e depois? Podemos estar errados e não sermos a cara metade um do outro. 

Presa em pensamentos perdi aquela parte 'Se alguém tem algo contra esse casamento, fale agora ou se cale para sempre!, ele poderia ter aparecido agora, invadindo a igreja me roubando na frente de todos, seria igual um filme, acho que iria com ele sem relutar. 

- S/N S/Sobrenome, - o padre despertou-me dos devaneios - Você aceita Zayn Hotaru, como seu legítimo esposo? Para amá-lo e respeitá-lo, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe? - olhei fixamente o homem de bata, mesmo conhecendo aquela pergunta, sabendo a resposta que deveria dar desde quando entrei na igreja, senti necessidade de olhar para Zayn, ele não sorria, devia estar nervoso com o momento, é isso! Nervosismo, nós dois estamos nervosos, por isso ficamos assim. Respirando fundo tomei coragem para abrir a boca e dizer no microfone:

- Sim, eu aceito! - sorri amável, a mesma ladainha foi feita a ele, com o microfone perto dos lábios ele ficou alguns minutos abrindo e fechando a boca feito um lerdo, olhou na direção das madrinhas, meu coração disparou. Algo se conectou na minha cabeça, rezei para todos os santos, para não ser o estava pensando. Ele só está nervoso. Pegando o objeto, se enchendo de coragem, pedi para vir alguma coisa romântica, um poema, um texto, canção..  improviso que fosse, só um 'Eu te amo' estaria bom. Contudo, nem todas as orações se realizam de um instante pro outro. 

- Não aceito! - gritou em plenos pulmões, a igreja começou um burburinho, enquanto eu estava no chão. 

Mas que porra.. Esse caralho só pode ser doido. 

Obrigada por lerem ♡♡♡
Me perdoem se houver algum erro gramatical.