Any Gabrielly
Eu suspirei fundo pela vigésima vez, enquanto andava de um lado para o outro. Eu não sabia se deveria tocar a campainha, ainda mais porque eu estou completamente atrasada. Isso se ainda houver jantar. Eu mordi os meus lábios e encarei meus tênis outra vez. Eu precisava tirar coragem de algum lugar, ou eu passaria a noite inteira do lado de fora. Levei meu dedo para a campainha e suspirei mais uma vez, antes de realmente apertá-la.
— Oi. — Sorri meio sem graça.
— Oi... — Ele diz com cautela. — O que está fazendo aqui? Achei que não viria mais.
— Eu disse que vinha. — Mordi meu lábio inferior, porque se ele dissesse pra que eu fosse embora, eu não teria argumentos para continuar aqui parada. — Eu sei que eu me atrasei, mas...
— Acho melhor você não me contar. — Ele me interrompeu. — Eu sei onde estava. Vem, entra.
Max me dá passagem e eu entro. Eu retiro os meus tênis, porque sei que a mãe dele é bem rígida em relação á higiene. Ele passa na minha frente e me leva para a sala de estar, onde toda a família dele, ou grande parte dela, está reunida conversando. Todos parecem desviar a atenção para mim, no instante em que eu coloco os meus pés na sala. Eu me encolho um pouco envergonhada, mas não deixo de sorrir para eles.
— Essa é a Any! — Max me apresenta. Eu quase consigo ver os olhos de toda a sua família brilhando, enquanto espera que ele diga o resto. — A minha melhor amiga.
— Ah Any! — A Senhora Parker sorri e abre os braços para me receber em um abraço confortável. — Quanto tempo!
— É bom te ver novamente, Any! — Ethan, pai de Max, diz enquanto sorri aberto para mim. — Como estão as coisas em casa? Eu soube do acidente. Sinto muito por tudo!
— Está tudo bem, Senhor Parker. Não tem com o que se preocupar! — Eu asseguro.
— Que ótimo, querida! — Kate, a mãe de Max, diz sorridente.
Eu me sento ao lado do Max, enquanto ainda passo os olhos pela sala. Eu desvio meu olhar para ele, e noto que ele está distribuindo cartas para jogar com os primos. Ele me pergunta se eu quero, mas eu nego, e volto a prestar atenção no quão atencioso ele é com os mais novos. Também, não vou negar e dizer que não estou pensando no que aconteceu mais cedo com Josh. Na verdade, eu sinto que no momento em que eu deitar a cabeça para dormir, tudo virá a tona de volta e eu terei que aguentar uma noite cansativa de pensamentos.
— Vamos lá pra fora? — Max me pergunta.
— Eles não vão se incomodar? — Eu me refiro a família dele, em geral.
— Nem vão notar. — Max deu de ombros.
Nós caminhamos para o lado de fora da casa dele, e nos sentamos em um balanço no jardim. Costumávamos ensaiar os nossos textos aqui, mas agora tudo não se passa de meras lembranças. Eu não sei até onde esse amor do Max por mim era bom. Eu sei que se eu precisar ele vai sempre estar aqui, mas eu não quero que ele se sinta na obrigação de sempre me ajudar. Eu não quero usá-lo para nada, e muito menos para esquecer o Josh. Ele merece bem mais do que isso.
— Foi legal? — Ele me pergunta depois de alguns minutos em silêncio. Eu o encaro curiosa, mesmo já sabendo do que ele estava falando. — A festa. Foi legal?
— Não muito... — Dou de ombros. — Quer dizer, eu não sou a melhor pessoa para falar sobre isso, mas vocês não estavam lá. A Nour não pôde ir porque tinha um encontro, e você não foi porque tinha um jantar. A Sabina e o Noah ficaram se paquerando, e o Josh estava estranho. Sem contar que a Maya não largava do pé dele.
— Eu não sei o porquê vocês gostam tanto assim dele. — Max diz com uma certa raiva. — Ele é um garoto comum que costumava ser um babaca. Não é como se ele fosse o homem mais bonito do planeta!
— Max... — Eu começo, mas ele me interrompe.
— Não, sério. A Maya é super gata. Qualquer um namoraria com ela, mas ela prefere insistir no Josh que já tem uma namorada. Ou tinha, eu nem sei mais! — Ele deu de ombros, enquanto mostrava indignação. — Ele tem alguma coisa que eu não sei? É um pau de ouro, ou algo do tipo? Porque se for, eu também quero experimentar!
Nós dois mantemos o silêncio. Eu ainda consigo sentir a respiração compensada dele, enquanto noto que ele encara o outro lado do jardim apenas para não me ver, mesmo que pela visão periférica. Eu sei que ele está com raiva, porque ele e Josh sempre trataram isso como um jogo. Para eles, a disputa era sempre acirrada e o que estivesse sendo disputado, era sempre uma vitória digna de festa. Dessa vez, quem estava sendo apostada era eu. De um lado, Max que sempre deixou claro me amar, que está disposto a me respeitar e esperar pelo meu tempo, e que tem a aprovação dos meus pais. E do outro, Josh que também sempre deixou claro que iria me respeitar e esperar pelo meu momento, mas que agora sequer se lembra de mim. E o pior, ele não tinha o apoio dos meus pais.
— Eu vou indo... — Digo com cautela e me levanto para ir embora.
— O quê? Por quê? — Max pergunta e também se levanta.
— Você está com raiva e, claramente, está de cabeça quente. Eu não quero brigar. Eu não vim aqui para brigar. — Digo simples e dou de ombros. — Eu entendo que você esteja com raiva, mas você precisa entender que eu não escolhi quem eu deveria amar. As coisas certamente seriam mais fáceis se eu pudesse escolher, porque você me ama e você é perfeito para mim. Você parece ser o namorado ideal para mim. Mas eu não pude escolher.
Max me encara com um olhar triste. Ele sabe que eu tenho razão, e ele sabe que depositar essa raiva em mim, não vai adiantar de nada.
— Eu sei do seu passado com o Josh, mas nem tudo é a merda de um jogo! E eu não sou um troféu que vocês exibem por aí! — Digo com raiva. Agora quem vai precisar me ouvir, é ele. — Não se trata de ganhar ou perder pra mim, Max. Se trata de me sentir bem. E eu não me sinto bem sendo tratada como um prêmio.
— Desculpa... — Ele murmura.
— Nos falamos amanhã. — Digo firme.
— Mesmo com ele não se lembrando sobre vocês dois, eu... Eu não tenho nenhuma chance mesmo? — Max pergunta um pouco constrangido.
Era inegável que Josh e Maya estavam tendo alguma coisa, ainda mais pelos olhares de vitória que ela me dava durante a festa. Eu não tenho certeza, porque nenhum de nós disse com todas as palavras, se eu e Josh ainda temos algo. Mas se ele estava seguindo em frente, por que eu não seguiria? Eu sei que dar uma chance ao Max agora, poderia arruinar a nossa amizade mas eu não quero continuar pensando no Josh.
— Você sabe que eu ainda não esqueci o Josh, e eu não quero te usar pra esquecê-lo. — Digo. — Pro seu bem, Max, eu acho melhor você não criar esperanças.
— Eu não me importo, Any! — Ele se aproximou mais de mim, e colocou as duas mãos no meu rosto. — Eu não me importo em ser um step, se isso significar que você será minha.
— Você tem certeza que quer isso, Max? — Eu pergunto outra vez. Ele não pode estar falando sério.
— Absoluta. — Ele afirma outra vez. — Eu esperei tanto pra poder fazer isso, que agora eu mal posso acreditar que é real!
Max aproxima os seus lábios dos meus, e nós iniciamos um beijo lento. Ele parece aproveitar cada momento, enquanto me mantém mais perto do que o comum. Max me envolve em seus braços, como se qualquer momento eu pudesse desistir da ideia de dar a ele uma chance. Eu posso estar cometendo o maior erro da minha vida, mas esse, definitivamente, é o erro mais gostoso que eu já pude cometer.
— Eu amo você. — Ele disse, enquanto eu ainda mantinha os meus olhos fechados. Eu ainda tinha medo de abri-los e perceber que não são os azuis do Josh.
— Tchau, Max... Até amanhã. — Eu digo sem graça, e me viro para ir embora.
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Heartbroken
FanfictionSorvetes de morango em uma tarde linda de verão. Você consegue pensar em um casal clichê de ensino médio? Josh Beauchamp e Any Gabrielly eram dessa forma. Um típico casal adolescente de filmes românticos, os quais Any adorava dividir com Josh. Tudo...