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Any Gabrielly.

Ao acordar, a primeira coisa que eu vejo são os fios loiros de Josh bagunçados. Ele está todo esparramado na cama, ao contrário de ontem a noite onde ele fez questão de me segurar pela cintura enquanto fazia um cafuné gostoso até eu pegar no sono. Eu não sei que horas são mas, sinceramente, não me importo com isso agora. O tempo poderia parar nesse exato momento e eu jamais reclamaria.

Eu me levanto com calma para não acordá-lo, e caminho até o banheiro. Abro a segunda gaveta e pego a escova de dentes que eu costumava deixar aqui antes de tudo isso acontecer. Dormir na casa dele não acontecia muito, mas quando acontecia, eu gostava de estar preparada. Bom, eu me lembro que a primeira vez em que eu dormi aqui, eu precisei escutar uma palestra enorme sobre sexo seguro e sobre gravidez na adolescência. Eu nem preciso dizer que Priscila foi a autora de tudo isso, certo? Bem, eu disse á ela que contaria quando a minha primeira vez acontecesse, mas acho que ela não está animada para que isso aconteça logo.

— Achei que tivesse fugido. — Josh diz ainda com os olhos fechados, assim que eu abro a porta do banheiro outra vez. — Bom dia, Any.

— Bom dia, Josh... Eu não quis te acordar, desculpa. — Digo e prendo meu cabelo em um coque desajeitado, já que eu estou sem elástico.

— Só tem um jeito pra eu te perdoar... — Ele diz com um sorriso nos lábios. Josh levanta a coberta e bate no colchão para que eu volte e me deite com ele. — Volta pra cá, vem... É sábado, não temos que nos preocupar com o horário.

Eu caminho para a cama outra vez e me deito em seus braços. Nós estamos de frente um para o outro, mas ele parece estar longe mesmo assim. Eu não sei no que ele está pensando, mas definitivamente tem algo de errado com ele. Eu beijo a pontinha do nariz dele e sorrio como se dissesse que estava tudo bem. Ele me puxa mais pela cintura e eu levo minha mão para o rosto dele.

— O que foi? — Pergunto com a voz calma. — O que aconteceu?

Josh permanece mais alguns minutos em silêncio, enquanto parece se perguntar se deve ou não falar sobre isso.

— Eu tive medo do que poderia acontecer ontem... — Ele foi sincero. — Tive medo do que o Chad poderia fazer com você. Não foi apenas um trote de colégio, foi um crime. Você sabe que se denunciá-lo, ele pode responder por sequestro, não sabe? — Eu assinto de leve, mas continuo em silêncio. E isso faz com que Josh retorne a falar: — Eu sinto essa necessidade de te ter ao meu lado o tempo inteiro. Eu não sei como isso se chama, e nem sei se é normal, mas eu simplesmente preciso garantir que você esteja bem.

— Você está apaixonado, Josh... — Eu murmuro com um certo cuidado, ainda com medo da reação dele. Mas tudo o que ele faz é suspirar fundo e sorrir de lado pra mim.

— Talvez eu esteja mesmo, senhorita Soares. — Ele diz e eu sorrio largo. Eu podia me lembrar perfeitamente de quando ele me contou que estava apaixonado pela primeira vez. — Completamente apaixonado.

Eu não digo nada, porque simplesmente não sei o que dizer. Tudo o que eu faço, é me aproximar um pouco mais dele e selar nossos lábios em um selinho demorado.

— Promete que nunca vai se esquecer de mim? — Ele pergunta e estica o mindinho pra mim. Eu entrelaço os nossos mindinhos e sorrio pra ele.

Não sou eu que preciso prometer isso á ele.

— Nem em um bilhão de anos. — Eu digo e ele sorri me dando mais um selinho.

Josh se levanta para escovar os dentes e trocar de roupa. Nós descemos alguns minutos depois, enquanto conversamos sobre a peça que estávamos estrelando. O grande dia estava prestes a acontecer e nós nem ensaiamos direito.

HeartbrokenOnde histórias criam vida. Descubra agora