Capítulo 5

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Enquanto cuidava dos procedimentos de liberação de Gulf, Mew estava perdido em seus próprios pensamentos.

Os exames de sangue confirmaram a anemia, porém mais nada de suspeito, nem mesmo os leucócitos aumentados (o que era algo comum para a doença de Crohn). Assim como a tomografia, que não mostrou nenhum bloqueio, abscesso ou fístulas, bem como outras possíveis causas de inflamação abdominal comuns para um paciente com Crohn. 

Somente confirmando a suspeita de Tul e Mew de que Gulf não tinha essa doença.

- P'Mew...

A voz de Gulf o tirou de seus pensamentos, quando o mais novo apareceu ao seu lado acompanhado de uma enfermeira que o trazia em uma cadeira de rodas.

Mew sorriu para ele, tentando tranquilizá-lo. Não queria que Gulf se sentisse mais estressado do que o necessário.

Ele era tão jovem, mas claramente já tinha problemas o suficiente.

Ele assentiu pra enfermeira, que deu a ele a cadeira de rodas para que Mew levasse em direção ao estacionamento.

Gulf analisava as mãos acima do próprio colo.

Ele agora vestia o casaco de Mew, já que a camisa de seu uniforme estava suja demais para que ele continuasse usando-a.

Quando o alfa colocou o casaco sobre ele, Gulf teve que respirar fundo ao sentir-se inundado pelo forte cheiro de seus ferormônios.

Mew ajudou Gulf a ficar confortavelmente no banco ao seu lado, antes de ir para trás do volante.

- Vou te deixar em casa. - disse Mew - Qual seu endereço?

- Espera Phi - Gulf segurou seu braço

E lá estava.

Aquela corrente elétrica ao simples toque que fazia o corpo todo de Suppasit se arrepiar e seus sensores de auto preservação enlouquecerem.

Ele encarou Gulf, que havia desviado o olhar, mas não retirou sua mão.

Mew se perguntou se ele sentia o mesmo, mas na verdade, naquele momento tudo o que Gulf sentia era medo.

Medo de confiar em Mew.

Medo de depender dele mesmo que momentaneamente.

Depender de um alfa.

Porém, seu medo de retornar para a casa de seu pai daquele jeito.

Fraco e sem ter como fugir ou se defender caso algo acontecesse.

Esse medo era ainda maior.

- E-Eu posso ficar com você por mais um tempo? - perguntou hesitante - Sei que é descarado da minha parte pedir isso quando você já me ajudou tanto, mas se quiser eu posso te pagar e ...

- Quanto tempo?

Gulf estava surpreso que ele não havia sido recusado quase imediatamente.

- Só esse fim de semana, phi. - ele explicou - Eu só não quero... que meu pai o veja o meu estado em casa.

- Então você mora com seu pai...

O mais novo não havia percebido o que havia contado até ouvir aquela pergunta, mas também sabia que agora não havia volta e era melhor ser honesto.

- Sim...

Ele esperou para ver a reação de Mew e o que ele faria, culpando a si mesmo por não ter sido cuidadoso com suas palavras.

"E se ele agora fizer questão de me levar pra casa?", pensou Gulf, sentindo a ansiedade preenchê-lo.

Mew, por outro lado, podia ver claramente o quanto Gulf estava nervoso e assustado desde o momento em que ele havia perguntado sobre seu pai. Ele não sabia o que estava acontecendo, mas a última coisa que queria era que o mais novo se sentisse daquela forma.

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