Capítulo 13

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Gulf estava parado em frente ao espelho no banheiro pelo que pareciam horas, encarando o reflexo de seu corpo totalmente nu pela primeira vez desde que havia acordado.

Ele não sabia o que sentir, mas pelo visto seu corpo sabia. Porque antes que percebesse lá estavam suas lágrimas novamente.

A parte superior de seu olho direito estava inchada e roxa, e Gulf se lembrava levemente de Tul ter dito que ele havia até mesmo sido sortudo de não terem atingido diretamente seu olho, se não provavelmente estaria cego. Seu nariz também não estava quebrado, apesar de ter sido atingido e estar inchado.

Gulf sempre foi magro, mas agora estava absurdamente magro, ao ponto de que muitos de seus ossos estavam amostra e não de forma saudável.

Mas ele acreditava que a parte pior era seu abdômen, que estava como uma completa pintura abstrata em tons roxos e azuis, sem falar na parte lateral onde estava sua costela quebrada, onde a tonalidade estava enegrecida e lhe dava até medo de tocar em si mesmo, imagine outra pessoa.

- Gulf?

Ele ouviu a voz de Mew do outro lado da porta e se cobriu imediatamente com a toalha.

Não queria que ele o visse assim.

- Estou indo.

Gulf saiu de dentro do banheiro, que teve que deixar destrancado pois se não Mew jamais o deixaria tomar banho sozinho naquele estado.

Quando saiu, Mew estava esperando por ele do lado de fora com outra toalha pequena.

- Eu sabia que você ia tentar lavar o cabelo. - disse, e deu um suspiro indo em direção a ele e começando a secar seus cabelos

Gulf sorriu e fechou os olhos, permitindo que ele secasse seus cabelos e aproveitando a sensação de segurança e cuidado que não tinha desde que sua mãe faleceu.

Novamente, ele sentiu algo querer ressoar em seu peito, mas achou estranho e engoliu o seco tentando abafar o que quer que fosse aquilo.

- P'Mew, acho que já está bom. - disse Gulf

- Tem certeza? - ele passou a mão nos cabelos de Gulf - Ainda parece bem úmido.

- Ainda é cedo, pode secar naturalmente.

- Tudo bem.

Ele encarou Mew, que parecia olhar para qualquer lugar menos os olhos de Gulf, provavelmente por consciência de que o ômega estava completamente nu logo abaixo daquela simples toalha.

Mas Gulf segurou com firmeza o tecido ao redor de seu corpo, sem querer arriscar que ele pudesse ver o estado deplorável em que estava.

- P'Mew.

- Hum?

- Você já está me ajudando tanto, então sinto muito em lhe pedir outro favor mas... você poderia ir comigo na minha antiga casa?

Mew tocou o lado do rosto de Gulf que não estava inchado, parando seu polegar em sua bochecha macia e acariciando levemente.

- Você quer pegar suas coisas? - perguntou

- Sim, mas eu ...

Gulf engoliu o seco, e Mew pode sentir o arrepio que percorreu seu corpo.

- Está com medo do que o seu pai pode fazer. - completou Mew

O mais novo assentiu.

Gulf provavelmente não tinha noção, mas estava exalando seus feromônios indicando medo.

Algo que fazia o alfa de Mew querer protegê-lo ainda mais.

- Tudo bem, podemos ir lá depois que receber alta. O que acha?

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