Capítulo 9

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- As vezes... eu poderia jurar que você é um ômega, garoto.

As palavras dele surpreenderam Gulf e fizeram um arrepio percorrer sua espinha, conforme seu pai lentamente afastava o rosto de seu pescoço e o encarava com uma expressão indecifrável.

- C-Como assim? - a voz de Gulf vacilou sem que ele pretendesse

- Quando você nasceu, era tão pequeno e delicado, - ele acariciou levemente o rosto de Gulf, que sentiu nojo ao toque - que eu podia jurar que você era um ômega.

Ele desceu sua mão pelo pescoço dele, até que o estava pressionando em suas mãos.

- Sem falar nesse cheiro. - ele se aproximou de seu roto e inalou mais fortemente - Pode ser suave, mas...

Ele aproximou o nariz do pescoço pressionado de Gulf novamente, que instintivamente se afastou, sentindo algo queimar dentro de si. Algo se revirando em nojo e raiva.

"Não...nos...toque!"

- Fique longe de mim! - gritou Gulf, sua voz levemente alterada tentando afasta-lo, mas seu pai pressionou mais o seu pescoço

O mais velho podia jurar que havia visto um brilho azul nos olhos do filho, mas foi tão rápido que ele chegou a conclusão que havia se enganado.

Por algum motivo, a revolta e luta de Gulf o deixavam com ainda mais raiva do que o normal naquele momento.

- Cale a boca seu merda! - ele bateu a cabeça de Gulf de volta contra parede com força, fazendo-o arfar em busca de ar conforme as mãos dele se apertavam mais em volta de seu pescoço- Eu nunca ergui a mão pra você e sua insolência antes porque foi o único pedido da sua mãe idiota, mas não pense que vou manter promessas a uma morta!

Gulf sentiu lágrimas escapando conforme o ar começava a lhe faltar.

- Bem, se você fosse um ômega com certeza já teria tido seu cio e eu poderia ter arrumado uma utilidade pra você há um bom tempo...

De repente, ele liberou a garganta de Gulf, que inalou com força, buscando desesperadamente preencher seus pulmões com o oxigênio que havia lhe faltado.

- Mas você é só um beta inútil.

Gulf se apoiou na parede e deslizou até o chão pela porta, tocando o próprio pescoço e sentindo ainda o calor em sua pele onde os dedos grossos de seu pai quase o asfixiaram.

- Esse dinheiro, - disse o alfa mais velho, revirando sua bolsa e tirando o dinheiro que ali havia, incluindo o que tinha recebido de Hana - é o mínimo por ter aturado a sua merda por tanto tempo garoto. E se quiser continuar aqui a partir de hoje, - ele tacou a caderneta em Gulf - é bom trazer o resto.

Gulf estava tremendo.

Estava com medo.

Não, ele estava completamente apavorado.

Ainda podia sentir sua respiração falha e visão embaçada pela falta de ar pela qual havia passado.

Seus remédios estavam acabando quando ele estava em meio a uma de suas crises.

Estava em seu momento mais vulnerável e prestes a ser expulso de casa sem ter a mínima noção de onde poderia ir.

Mas ainda assim...

- Não.

"Eu não vou me agarrar a você como minha mãe fez", pensava Gulf

O pai de Gulf sorriu diante da coragem de seu único filho.

- O que?

Ele estava tremendo, e as mãos continuavam volta de seu pescoço dolorido, tentando assegurar-se de que ele continuava no lugar. Mas ainda assim...

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