Capítulo 31 - O Reencontro

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Sua cabeça não era pesada, mas quando a ergui pelos cabelos, mantive longe do corpo, não queria sujar o vestido. Posso ser a puta de uma assassina, mas não preciso ser uma assassina puta e suja.

-Sua vadia desgraçada, agora pode queimar no lugar onde você estiver. - Falei e soltei a cabeça e controlei meu fogo para queimar aquilo. O fogo azul queimava forte ali e assisti tudo até as cinzas voarem pela janela aberta.

Acabou. Finalmente acabou.

Me permiti respirar calma finalmente. Me virei e encarei as pessoas em volta. Apenas minha família estava ali, os súditos tinham sido liberados enquanto eu olhava o corpo queimar.

Meu pai correu para mim e me abraçou. Chorei em seus braços de saudade. O cheiro dele era tão nostálgico e delicioso, a saudade me abateu mais do que qualquer coisa.

-Oi papai

-Minha princesa, pelos Deuses, como você está? Ferida? - Ele ergueu meu rosto nas mãos, afastando minhas lágrimas. Seu rosto tatuado era tão bom, finalmente ver ao invés de apenas lembrar.

-Estou bem, muito bem. Estava com saudades - Disse, tocando sua testa na minha. Fechei os olhos e me deliciei com esse momento.

-Eu não sabia se ia voltar a vê-la novamente. Não sabia como ficaria sem você com sua mãe desacordada e...

-Sempre tão dramático, não posso descansar de vez em quando? - Uma voz falou atrás de nós. Me virei rapidamente e vi minha mãe em um vestido azul parada ali, sorrindo como se nada tivesse acontecido nesse último mês. - Minha princesa.

Corri para abraçá-la e enterrei meu rosto nos seus cabelos. Permiti-me chorar o quanto podia e meu pai se juntou ao abraço, eu estava morrendo de saudades dos dois, pelos Deuses. Eu precisava daquilo mais que tudo.

Minha família quase completa. Eu os abracei mais forte, não soltaria tão rápido quanto imaginei.

***

No fim da noite, quando todos se despediram para dormir finalmente em paz. Fechei a porta do meu quarto e coloquei a testa na porta, sentindo aquele frio da madeira esfriar meu corpo ansioso. Tirei as roupas e coloquei uma camisola, o sono sem vir, então resolvi tirar os livros de Wyrd da mochila em que Helion me deu e começar a ler.

Alguns tinham contos, outros apenas receitas de tônicos muito úteis e esquecidos no tempo. Comecei a anotar tudo para passar para Yrene e Matthias, meu melhor amigo e filho dela, curandeiros há muito tempo e acho que ficariam felizes de saber sobre. Quando passei para o próximo livro, a lua ainda estava clareando meu quarto com apenas algumas velas acesas que me possibilitavam ler.

Olhei para a mochila e vi um pergaminho com uma fitinha verde. Aquele que Nyx me deu. Levantei-me e me encostei na parede, sentando no chão para abrir. O desenrolar foi com delicadeza, com cuidado para não rasgar nada. Assim que a fitinha saiu, o que estava dentro era um bilhete e um desenho.

Nyx estava com sua mão entrelaçada na minha cintura, meu vestido parecia flutuar em minha volta quando a cena de Corte dos Pesadelos rodava em minha memória. Eu sorria como nunca, ele olhava para mim com um olhar tão delicado... Com amor.

Lágrimas em meus olhos surgiram e caíam com pressa. Abri o bilhete e li aquelas palavras por muito tempo, me permitindo chorar e abraçar os joelhos pensando como que amá-lo fora tão fácil e uma das melhores coisas em minha vida. Amar foi tão fácil, mas deixá-lo foi difícil.

Até o nosso próximo encontro, espero vê-la em breve minha princesinha

Amo você, sempre e para sempre

Do seu eterno Nyx, com muito amor


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Stitches - Shawn Mendes

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