8. Ireland

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Oiii! Chegamos ao último capítulo de Agente Duplo, depois desse só tem o epílogo e espero que tenham gostado até aqui!

Boa leitura❤️

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Louis não aguentava mais jogar baralho com seu companheiro de cela. O homem em questão tinha uns cinquenta anos, era de outro país e foi preso ali porque ajudava um traficante mexicano. Como sempre, o manda-chuva se safou e deixou o capanga para apodrecer na cadeia, ele estava lá há onze anos e Louis não sabia como o cara ainda não tinha surtado, porque ele mesmo estava subindo pelas paredes no único mês que passara ali.

Era janeiro e as temperaturas estavam baixas, o que desencorajava os detentos a tomar banho de sol, preferiam ficar em lugares reclusos lendo alguma coisa ou jogando sinuca, que era uma das poucas opções de recreação ali. Depois de semanas, ele finalmente podia ficar com os outros presos e socializar com eles, passava um tempo conversando, às vezes se interessava por uma história de vida e também já chegou a comprar briga com um porque o homem lhe roubou um bolinho no jantar de Natal.

Claro que a prisão de segurança máxima não permitia que os presos saíssem em datas comemorativas, o máximo que conseguiam naqueles dias era um telefonema com maior duração ou recebiam presentes de seus familiares, que eram muito bem revistados antes de chegar a eles. Aquele Natal foi o mais triste da vida de Louis, nunca se sentiu tão sozinho e vulnerável, via os outros detentos ganharem suéteres, comidinhas que chegavam de casa feitos por suas esposas ou mães, uma foto dos filhos, algo significativo para que se lembrassem que havia alguém esperando por eles lá fora, lutando por eles. E Louis não tinha absolutamente ninguém.

Em todo o tempo que estivera ali, não recebeu visitas ou qualquer telefonema, nem um cartão de Natal. Sabia que Andrew não daria bandeira, era menor de idade e certamente se os federais o vissem sem um responsável, ele seria levado para um abrigo. E Harry também não podia aparecer ali jamais, tinha certeza que ele mantinha seu emprego na CIA e ir até ali conversar com um traidor o deixaria em maus lençóis com o secretário, poderia ser visto como suspeito e ainda havia Hailey e todo o processo de divórcio e a guarda da garotinha. Louis não fazia ideia do que estava acontecendo lá fora, então só torcia para que as pessoas que mais amava estivessem bem.

— Cara, o que está acontecendo? — seu companheiro de cela perguntou e Louis sorriu contido antes de largar as cartas que tinha em mãos na cama. Os dois compartilhavam uma beliche; Louis ficava com a cama de cima por ter chegado há pouco tempo e o outro com a de baixo. — É a quinta vez que você perde hoje.

Estavam jogando há horas, tiveram pelo menos dez partidas de jogo de baralho e nenhum dos dois aguentava mais, estavam entediados e sua hora livre no centro de recreação ainda estava longe de chegar. Louis suspirou e passou as mãos pelos cabelos, não ter notícias de quem amava o tirava do sério, só queria saber se Andrew estava bem, se comia direitinho e se não tinha feito nenhuma besteira. Ansiava por notícias de Harry, queria saber se ele finalmente tinha se livrado de Jason, se estava seguindo sua vida com a filhinha longe do marido.

— Estou cansado, só isso. — suspirou. — Sinto falta de quem amo. — seus olhos marejaram. — Isso está me matando, tenho certeza que podem desistir de me dar a injeção, porque até lá estarei morto. — balançou a cabeça. — Eu não aguento isso.

O outro assentiu, entendia Louis perfeitamente. Em todos aqueles anos também não recebeu notícias ou visitas de sua família, era estrangeiro e era muito caro para sua esposa e filhos viajarem para vê-lo. Sabia como aquilo matava um homem lentamente, definhando-o aos poucos e começando pela mente, para depois atingir o corpo. Ele havia sido condenado à perpétua, não à execução, como era o caso de Louis, mas sinceramente não sabia o que era pior.

Agente Duplo | Larry Stylinson Onde histórias criam vida. Descubra agora