Atração Perigosa | wangxian

Capítulo Vinte e Sete.

Alguns minutos depois.

Hua Cheng sentiu que havia algo estranhamente errado, mas ao mesmo tempo, aparentemente, estava dando tudo muito certo.

Parecia certo, se ele decidisse ignorar o ponto de tensão que havia aparecido entre as sobrancelhas franzidas de Wei Wuxian quando ele se levantou com pressa, deixando um Ouyang com um sorriso vitorioso nos lábios para trás, e foi exatamente o que ele fez. Ignorou qualquer instinto seu que pulsava violentamente em sua têmpora, mesmo que sentisse que algo além do controle de Wuxian havia acontecido, apenas porque suas ordens eram muito claras.

Não se meta.

Seu objetivo naquele lugar era unicamente o maldito velho pedófilo e Wuxian havia dito que se qualquer coisa acontecesse naquele prédio, seu foco deveria permanecer no mesmo alvo, ou ele poderia se considerar um homem morto. E obviamente, Hua Cheng não havia passado por tanta coisa apenas para morrer porque se preocupou com alguém que claramente consegue cuidar de si mesmo, até melhor do que ele próprio conseguiria. Ele, então, levou a mão a orelha e apertou um botão, ao fingir coçar seu lóbulo. — Ele está saindo. — notificou os sargentos. — O garoto foi retirado da caixa e levado aos fundos. — disse sem muita emoção na voz.

He Xuan apenas assentiu em seu ouvido.

O tenente não era do tipo que tomava as dores dos outros, muito menos era tão empático como conseguia ser Xie Lian que ao dar apenas um sorriso suave as pessoas simplesmente desabavam em seus braços, tremendo e vomitando suas histórias em meio a lágrimas, soluços e narizes escorrendo. Hua Cheng definitivamente não era assim e nem queria ser, podia deixar a gentileza e bondade que tanto o conquistou e o impressionou para o capitão que chamou sua atenção desde o primeiro momento. Xie Lian era genuíno, ele - Hua Cheng - era qualquer coisa, mas não podia dizer que era totalmente apático. Senão, não teria se tornado policial para início de conversa, e fora isso que Xie Lian havia dito para ele na primeira vez em que haviam se falado fora da delegacia costumeira de ambos.

E foi isso que ele sentiu se confirmar quando viu o menino preso em uma caixa de vidro, tremendo até os ossos, como se fosse um animal abatido, um bichinho de estimação tirado das ruas e posto à venda. Não era exatamente compaixão, mas existia um pouco disso sim. Talvez, esse sentimento tivesse um pouco mais de repulsa e ódio por aqueles homens nojentos e também um pouco de satisfação ao saber que poderia ferrar pelo menos com um deles naquela noite, mas tinha que assumir que havia um pouco de compaixão.

Hua Cheng não era mau, mas também não considerava-se naturalmente bom.

Ele sabia medir o certo e o errado, o que lhe seria proveitoso ou o que lhe causaria danos. O que era bom e ruim, não só para ele, mas para todos os envolvidos naquilo.

Ele era corrupto pela visão fraca e falha da lei e justiça, mas na sua, ele apenas não era estúpido de recusar algo que faria bem, não só para ele, mas também para aqueles que o ditariam como lixo caso o descobrissem um dia. Hua Cheng chegou onde estava por causa das artimanhas de Wei Wuxian - o que era óbvio - mas isso também foi o que fez subir rápido e ser respeitado, não só ele, mas também para quem ele trabalhava - além de Wuxian - e onde trabalhava. Sua delegacia corriqueira, havia se tornado uma de renome. Quase de elite.

Sim, ele foi o escolhido de um mafioso, mas era muito bem recompensado. Então, não tinha muito do que reclamar. Era divertido até.

O leilão havia finalizado há uns cinco minutos aproximadamente e Hua Cheng havia perdido Wei Ying de vista quase no mesmo momento em que ele havia se levantado, o mafioso parecia em busca de alguma coisa e pela primeira vez o tenente pensou ter visto algo nos olhos vazios de Wuxian, além daquele tom cinzento frio e morto - como a cor sendo sugada junto com a alma, quando alguém morria. Foi por um segundo, mas Hua Cheng enxergou... medo, talvez? Não, parecia algo mais direcionado a alguma coisa exterior do que pessoal como medo.