Atração Perigosa | wangxian

Capítulo Vinte e Oito.

Olhou para o relógio na parede, o tique-taque contínuo já o havia irritado nos primeiros dois minutos em que estava sentado à frente da mesa de seu capitão. O tique nervoso de sua perna esquerda aumentava como um espasmo descontrolado a cada vez que o homem mais velho, com alguns - vários - quilos a mais e uns centímetros a menos, dava meia volta, ziguezagueando de um lado para o outro no escritório.

O local não era grande, tinha apenas uma janela para circular algum ar fresco dentre o cheiro de cigarro que estava impregnado em seu capitão e de mofo que emanava das paredes infiltradas que mal conseguiam segurar os quadros tortos de diplomas comprados e medalhas de mérito falsificadas. Tinha também uma estante com livros empoeirados que provavelmente nunca foram abertos antes e a mesa era o único móvel realmente utilizado naquela sala, estava suja de gordura e com pequenas formigas andando livremente procurando pelos doces que Gu Xin escondia nas gavetas. Era uma sujeira quase intragável.

Hua Cheng bufou, balançando a cabeça e fitou os pés, a poeira barrenta havia sujado seus sapatos sociais novos, ele controlou a vontade de resmungar, mas não resistiu a de revirar os olhos para o drama que o seu capitão estava fazendo, ele era um velho bunda mole fodido.

Normalmente ele não se importava com o que Hua Cheng fazia, apenas com o que de bom viria de seus atos e a atenção que isso traria para ele. Era por isso que o tenente continuava no mesmo departamento há anos, mesmo podendo seguir Xie Lian para outra delegacia e ter um capitão decente como ele. No entanto, ainda que amasse o outro capitão por motivos extracurriculares, o modo de trabalho de ambos era bem diferente e Hua Cheng gostava de poder fazê-lo da forma que bem entendesse, só que havia esquecido o ponto fraco de seu capitão sempre que tinha envolvimento da máfia em algum caso. Ele se borrava de medo.

E Hua Cheng ter trazido - sem um mandato - um líder mafioso de um clã parcialmente conhecido, estava pilhando seus nervos e por isso o capitão caminhava pela sala há quase dez minutos sem parar, apenas olhando feio e desacreditado algumas vezes para o tenente que o havia enfiado em encrenca novamente. — O senhor já terminou sua caminhada? Não acho que vá emagrecer assim. — debochou impacientemente, pressionando o ponto de tensão entre as suas sobrancelhas. — Eu te mostrei provas suficientes para esta prisão valer, capitão Gu. Foi um ato em flagrante pelo nosso departamento! — enfatizou.

O capitão parou de andar e soltou um suspiro longo, pesado. — Um flagrante orquestrado por você. — apontou para Hua Cheng que ficou em silêncio, essa afirmação não era exatamente falsa. — E baseado em provas circunstanciais que surgiram de repente por uma denúncia anônima! Claro que usariam isso para que ele fosse transferido a outro presídio. Eu sou velho, mas não tão burro quanto você pensa, tenente.

— Circunstanciais? — indagou quase cético. — As provas são muito mais concretas do que este prédio velho, e nelas há mais do que o necessário para prendermos aquele filho da puta. — seu tom de voz de elevou sutilmente, mas manteve-se centrado. — Eu até mesmo trouxe aquele moleque para provar que minhas provas são mais do que circunstanciais, capitão. Como eles conseguiram a transferência?

— Mas é uma criança que até agora não abriu a boca para acusá-lo. Uma testemunha muda não serve, acho que você sabe bem disso. — o capitão se inclinou lentamente, apoiando ambas as mãos na mesa de madeira que havia à frente. — Quem é o seu informante, Hua Cheng? — Gu Xin soltou a pergunta baixa e repentinamente como se contasse um segredo. — Porque duvido muito que alguém tenha ficado com raivinha daquele velho e tentou se vingar, essa pessoa já estaria morta há tempos. — seus olhos fitavam o tenente sem piscar, tentando fisgar com o olhar qualquer coisa que pudesse, como se ele realmente pudesse fazer algo assim com Hua Cheng, mas o problema era que ele não podia. O tenente sabia muito bem esconder seus pensamentos e intenções. — Essa não é a primeira vez que algo assim acontece. Você, impressionantemente, sempre está mais informado do que todos e pessoas jogam provas na sua cara como putas num puteiro. Você-