Atração Perigosa | wangxian

Capítulo Vinte e Seis.

Mansão Ouyang

O ranger do piso de madeira velho era audível de acordo com seus passos lentos e pesados, ele estava sendo acompanhado por dois subordinados com ternos falsificados beirando ao lixo, com rostos nada atraentes e repugnantes, e seus corpos grandes e inflexíveis. Aquela mansão era antiga e barata, a decoração era equivalente a sua primeira, mesmo após anos naquele lugar. O toque chinês antigo misturado com o medieval obsoleto dava ânsias de vômito ou talvez era apenas o cheiro de mofo que chegava às suas narinas que coçaram.

Ele foi levado até uma sala que deveria ser considerada chique, porém era apenas uma grande biblioteca com livros empoeirados e amarelados, com um lustre falso balançando no teto, e o dono daquele lugar horrendo estava sentado em uma poltrona com um charuto nos dedos enrugados, ele sorriu ao ver Jiang FengMian e levantou-se. — Finalmente veio me visitar depois de tanto tempo. — latiu o cachorro interesseiro para FengMian que forçou um sorriso de falsa simpatia. — Sente-se, por favor.

— Soube que você só aceitaria meu pedido caso eu viesse pessoalmente. — mesmo que ele tivesse dito com o mesmo sorriso nos lábios, a postura do velho Ouyang vacilou um pouco e ele pigarreou por instinto. — Não acha um pouco inoportuno na sua posição? — FengMian apenas o fitou por alguns segundos até que seu semblante despreocupado voltasse. — Estou apenas brincando, somos amigos de longa data. Eu te vi conquistar tudo o que tem hoje. — se alguém de fora ouvisse isso, entenderia de forma agradável e acharia algo legal, porém, era um lembrete indireto de que tudo o que Ouyang possuía, havia sido conquistado pelo dinheiro do clã Yunmeng Jiang e que ele não passava de nada além de um cachorro que FengMian alimentou e que usaria para caçar os ratos inconvenientes do seu quintal.

Ouyang riu e arrastou um copo na direção de FengMian, derramando o seu conhaque caro sobre os cubos de gelo. — Não me entenda mal. — ele colocou um pouco para si também e deu uma pequena bebericada. — Eu prefiro fazer acordos pessoalmente. — Ouyang cruzou as pernas e ajeitou a coluna. — A tecnologia e a internet podem ser assustadoras para velhos como nós, então, prefiro continuar a moda antiga e ver um velho amigo. — ele sorriu ao falar sua última frase. — Wei Wuxian nem saberá que veio aqui. Apenas vantagens, não acha? — ele falou como se estivesse orgulhoso de sua arrogância e burrice retrógada.

FengMian pegou o copo que havia sido oferecido e balançou os cubos de gelos misturando com a bebida, e sorriu. — Você é a única vantagem, meu amigo. — ele disse e continuou fitando o copo, sem olhar para Ouyang que sentiu seu ego ser acariciado. — Wei Wuxian apenas não se importa com você. — o pequeno sorriso que havia surgido nos lábios do velho Ouyang desapareceu. — Você é insignificante, por isso ele não saberá que eu estou aqui. — FengMian tomou um gole muitíssimo curto do conhaque, porém logo cuspiu de volta. — É como esse conhaque, parece caro, mas é pior do que água suja. Então... — ele colocou o copo sobre a mesa novamente e encarou Ouyang. — Lembre-se do seu lugar e faça o que eu mandei.

Ouyang apertou o braço da poltrona onde estava sentado com força e apenas assentiu com um sorriso bobo, engolindo todo o ódio que estava sentindo. Ele odiava ser tratado daquela forma, ser menosprezado e diminuído, porém, ele não tinha outra escolha além de obedecer as ordens de Jiang FengMian, mesmo que sua vontade fosse matá-lo com suas próprias mãos. Ele poderia mandar seus subordinados para matá-lo, no entanto, até mesmo eles não eram seus, nada daquilo era dele.

Tudo o que ele tinha e havia se tornado era de Jiang FengMian. A ganância que teve há anos tornou-se sua própria coleira.

— Você recebeu o arquivo que mandei? Já sabe o que fazer ou eu preciso fazer isso por você também? — FengMian indagou, levantando-se.