P.O.V — Anthony Martínez
Se eu pudesse dar um conselho para o Anthony de 23 anos seria: não se meta com a Interpol.
Quando tive a oportunidade de entrar nesse mundo não pensei duas vezes antes de me jogar de cabeça, afinal, tudo o que aquele Anthony queria era um pouco de ação e onde seria o melhor lugar se não na Interpol?
Mas o que eu não esperava era começar a gostar de missões suicidas e ficar fissurado em adrenalina. Assim que fiz 25 anos meus superiores me enviaram da França — onde morava com minha família, mesmo que todos fôssemos de fato britânicos nacionalizados como espanhóis — para o interior espanhol, lugar onde eu tinha passado boa parte da minha vida, para me infiltrar numa organização e acabar com o esquema criminoso.
Os últimos quatro anos foram dedicados unicamente para missão, eu estava cego pelo trabalho. Quando entrei para máfia a minha tarefa era simples: Matar quem eles mandassem.
Passei o primeiro ano inteiro sonhando com aqueles rostos implorando por uma segunda chance, mas não tinha escolha; o meu trabalho vinha acima de tudo.
Até Benício nascer, assim que o vi pela primeira vez foi como se eu pudesse enxergar o mundo de uma forma nova: Eu estava virando um robô e vivendo em modo automático.
Com o nascimento de Ben eu passei a me cobrar ainda mais nessa missão, não queria deixar o meu filho correndo riscos por minha culpa, afinal, ele é a coisa mais valiosa que eu tenho.
Mas por enquanto ainda sou um agente duplo que as vezes precisava fazer o trabalho sujo da Interpol fingindo ser pela máfia.
— E sua última chance de falar, bastardo. Você trabalha pra quem? — perguntei sem expressão enquanto encarava o infeliz.
— Vai pro inferno — mandou com a voz falha
— Eu vou, pode ter certeza — sorri friamente. — Mas você vai primeiro.
Antes de puxar o gatilho pude ouvir a sirene dos policiais, olhei pra Sebastián com tédio e ele sorriu com má intenção.
— Eu falei pra levarmos ele pra tormenta, brô — Sebas fala enquanto vai em direção ao carro.
— Estou com pressa hoje, irmão — E no segundo seguinte disparei no meio da testa de Jonas, o bastardo.
Sebastián Moretti é meu amigo desde a época da pré-escola, sempre estivemos juntos em todas as coisas e não podia ser diferente quanto a Interpol. Se um se fodesse, o outro se foderia também, era uma lei.
Assim que chegamos a parte calma da cidade ficamos observando algumas coisas e tudo parecia estar bem, o que era comum nessa área. Vi o momento em que Camila chegou em casa com Júlia, a doutora sorria alegre pra menininha que gesticulava algo risonha.
Júlia tem sorte.
— Que cara de besta é essa, brô? — Sebas olhou pra direção que eu encarava. — Entendi, tinha que ser. Olhando daqui ela é bonita, será que é casada?
— Não. Ela não é casada — olhei pra ele sério. — E você vai se manter longe.
— Você nunca se importou em dividir, irmão — dei um tapa na cabeça dele, que riu. — Hum, então essa é especial? O poderoso Anthony tem sentimentos pela garota?!
Fiquei calado pensando no que ele disse, Camila é sim especial, diferente das outras mulheres ela não fingiu apoiar o meu trabalho ou se calou diante as minhas provocações e não pareceu ligar pro fato de que eu sou filho da puta. Mas o que me chama mais atenção nela é a forma que ela cuida de Juli, parecendo estar disposta a mover céus e terras para garantir a felicidade da criança.
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Amor & Outras Drogas
RomantikCamila Mendonça estava radiante com a mudança que estava acontecendo em sua vida. A médica havia sido contratada por um hospital no interior espanhol, a ideia de poder trabalhar e cuidar da sua filha pequena em uma cidade calma era incrível. A únic...