Amor & Outras Drogas

10. Tipo Arábia.

P.O.V — Camila Mendonça.

O clima quente de Heartland era amenizado pelo vento sul que chegava de mansinho nos arredores. Morar no litoral europeu pode ser considerado uma benção. Diferente da Inglaterra, que tem um clima nublado e frio, a cidadezinha de Heart era colorida e acolhedora, estando em sua maioria aquecida pelo calor do sol.

Isso sempre me leva a mesma pergunta: como caralhos Anthony é tão branco? Seria ele um vampiro europeu do século dezoito? É uma questão a ser estudada.

Nesse mesmo momento eu me encontrava passeando pelo parque de Los Sueños com Alicia e os bebês. Ela estava chateada após uma discussão com a namorada e eu queria um pouco de ar fresco, então decidimos dar uma volta pelo parque e reclamarmos de coisas aleatorias.

Como o preço da Gucci ou a falta de um quarto de luxo no hospital. Eram coisas superficiais, mas eram gostosas de falar.

— Ela anda muito estranha nessas últimas semanas — Alicia constatou em desgosto. — Está distante e nunca tem tempo pra mim.

— Já parou pra pensar que ela pode estar passando por alguma coisa difícil? Problema no trabalho ou talvez com a família? — comentei pensativa. — talvez ela não esteja tendo dias fácies.

— Mas custa ela me contar o que tá acontecendo? — murmurou revirando os olhos. — Eu sou a droga da namorada dela.

— Eu aconselho a conversar com ela quando estiver mais calma. Com os nervos a flor da pele você vai fazer alguma merda — sorri sem mostrar os dentes.— Vai ficar tudo bem, vocês só precisam colocar os pingos nos "is".

— Cami? — soltou depois de alguns segundos de silêncio. — Você seria uma terapeuta incrível.

Neguei com a cabeça enquanto sorria.

— Não, eu só tento ver todos os lados.

— Igual está fazendo com meu irmão?

— Hum, sim? Eu estou tentando tratar seu irmão como um amigo, ignorando meu lado que odeia o que ele faz — expliquei confusa. — Anthony ainda não demonstrou ser um cara ruim. Ele tem um humor sátiro e esbanja sagacidade...

— Amigo? Sério? —Martínez perguntou descrente. — Vão pra porra os dois. Mas... o que você realmente acha dele?

Respirei fundo e encarei a loira ao meu lado.

— Seu irmão é um homem difícil de entender. Ele tem tudo para ser um idiota arrogante, mas é educado e gentil — início com o cenho franzido.— Mesmo que ele tenha cara de poucos amigos na maioria das vezes, ele nunca faltou com o respeito ou falou de um jeito trasgo para agredir.

— E? — Alicia instigou com um sorriso escancarado.

— Anthony mata pessoas — pontuei vendo o sorriso dela vacilar. — Porém ele não se vangloria sobre isso, tampouco fala sobre o assunto. Quase como se... não gostasse do que faz.

— Ele não gosta — disse firme.

— Sendo tudo o que é, e fazendo tudo o que faz, Anthony nunca fez nada – comigo – sem meu consentimento — revelei com um meio sorriso de canto. — No dia em que a gente transou, eu sabia que se pedisse ele pararia.

— Hum? — a loira voltou a sorrir. — Como?

— Ele parecia analizar minhas reações. Como se esperasse algum sinal de que eu queria parar — revelei desviando o olhar, sentia minhas bochechas queimarem. — Seu irmão é uma incógnita, nem em um século eu entenderia ele.

— Essa foi a coisa mais bonita que você já falou sobre ele — riu ao falar. — Mas eu concordo, Anthony é difícil de entender. Porém depois que você entende como ele funciona, as coisas ficam mais fáceis.