Prólogo

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Evans Pov:

Era um acordo comercial.
Era uma porra de um acordo comercial.
Talvez se eu repetisse mais cem vezes, aquela informação entrasse na minha cabeça, e eu parasse de ter
a ideia de imbecil de sair correndo como se fosse um covarde. Como uma mocinha de filme clichê de comédia
romântica, e seria bem estranho um cara de smoking, cravo na lapela e tudo, sair correndo pelas ruas de Manhattan como se estivesse fugindo da polícia.

Um ano, Cevans. Um ano ao lado de uma mulher que você pouco conhece e na qual não poderá tocar – afinal,
fora o combinado entre nós dois.
Precisava focar nisso. A mulher do outro lado da porta, aprontando-se para se tornar a nova Sra. Evans,
não seria nada além de uma esposa arranjada. Por mais que parecesse absurdo, era a condição. Para ambos.
Isso sem contar a cláusula de que nenhum dos dois poderia ser infiel.
Ou seja... um ano sem sexo. Eu provavelmente iria enlouquecer nos três primeiros meses.
Mas se esse fosse o único problema, eu... Não. Início errado de frase. Se esse fosse o único problema já seria uma merda de nível astronômico, porque
eu não era exatamente um celibatário, mas em relação a todo o resto, também não conseguia me sentir confortável.
Não era algo simples me unir em matrimônio e morar sob o mesmo teto com uma pessoa que não parecia ir com a minha cara, ao menos nas duas vezes em que nos vimos. Mas nós poderíamos conviver como dois adultos e ter
um bom relacionamento amigável. Não poderíamos? Fosse como fosse, eu queria dar a ela uma segunda
chance. Uma opção, porque se para mim estava sendo difícil, para ela deveria ser muito pior. Eu sabia que tinha
um namorado e, provavelmente, para uma mulher, a situação em que nos encontrávamos era, sem dúvidas,
muito pior. Mesmo que fôssemos seguir em frente com aquele plano louco, precisava lhe assegurar algumas
coisas.
Bati na porta, hesitante.
— Entra — ela respondeu mais hesitante ainda.

Abri a porta e me deparei com a noiva. Em qualquer outra situação eu poderia me considerar um homem de
sorte. Mas a verdade era que isso só tornava tudo pior – Scarlett Johansson, minha futura e intocável esposa, era uma
porra de uma mulher deslumbrante.
Apesar de toda a situação, um dos combinados era que o casamento seria o mais tradicional possível, então, ela
usava um vestido de noiva, mas ele não era exatamente branco, tinha um tom de pêssego muito claro que passava
um recado bem óbvio – ela só seria uma noiva no completo sentido da palavra para um homem que realmente amasse.
Porém aquele negócio era completamente colado ao corpo
dela, num estilo sereia. E o corpo era de tirar o fôlego.
— Sei que eu não deveria te ver antes de subirmos ao altar e...
Ela deu de ombros.
— Já não estamos começando com muita sorte mesmo, não é? — Scarlett falou muito séria, mas com a educação que a princesa que ela era deveria ter recebido. Além disso, mantinha a primeira coisa que reparei nela quando a
conheci: o tom de voz aveludado, gentil e quase sussurrado.
Fosse como fosse, eu precisava ir direto ao ponto.
— Antes de mais nada, eu queria dizer que sinto muito que as coisas tenham acontecido assim. Sei que você
gosta de outra pessoa e...
— Eu concordei. Não vou voltar atrás, Evans — ela me
interrompeu.
— Mas se quiser...
Ela abriu um sorriso quase debochado.
— Nós dois fizemos uma escolha. Aparentemente somos pessoas ambiciosas. Ao menos temos isso em
comum.
Assenti, porque não me restava mais nada. Só que
ainda tinha um recado para dar.
— Não quero que pense que eu vou me aproveitar de qualquer coisa, tudo bem? Nós combinamos que não
aconteceria nada entre nós, que seria apenas um casamento de fachada, e você pode ficar tranquila, porque
não pretendo te desrespeitar em momento algum. Estará
segura comigo.
Scarlett ouviu tudo o que eu disse calada, e assim ficou por
alguns instantes, analisando-me.
— Obrigada. Significa muito para mim. — Bem, ela poderia estar agradecendo, mas ainda parecia prestes a ir para o velório de alguém muito querido e não para um
casamento. Seu próprio casamento.
A quem eu poderia enganar? Não estava muito mais empolgado.
Colocando as mãos nos bolsos, encolhi os ombros,
sabendo que não havia muito mais o que dizer. Ela, provavelmente, queria terminar de se arrumar.
— Você está linda — saiu sem que eu nem percebesse.
Ela seria minha esposa, não seria? Não custava ser, ao menos, gentil.
Ela sorriu. Bem mais simpática daquela vez.
— Obrigada. Você também está muito bonito. — formal, mas poderia ser um início.
Assentindo, ainda envergonhado, comecei a me dirigir
para a porta.
— Estarei te esperando no altar, então — tentei uma brincadeira de péssima qualidade, na intenção de melhorar
o clima, mas tive a total certeza de que pareceria um completo idiota e que ela iria me ignorar completamente.

Mas Scarlett me surpreendeu ao soar quase doce:
— Na dúvida, serei a de... — Baixou o olhar para a própria roupa e deu de ombros. — Quase branco.
Bati continência, me sentindo um pouco mais leve.
— Não vou esquecer.
Saí do quarto, então, com a esperança de que poderíamos fazer aquilo dar certo. De que, ao menos, bons
amigos acabaríamos nos tornando.

Era doloroso pensar que eu fui o culpado por tudo ter mudado...

O Acordo de Casamento | EVANSSON AUOnde histórias criam vida. Descubra agora